A pergunta do título tem uma razão que todos vão entender: como são muitos os agentes públicos e privados envolvidos com a quadrilha que comandava receitas paralelas nos interiores do Semasa durante o período de maior febre do mercado imobiliário regional, os tiros que perpassarem alguns corpos e imagens podem atingir também quem se faz de vítima ou não sai da moita.
Por isso mesmo a perspectiva de que o prefeito Aidan Ravin venha a ser bombardeado num eventual segundo turno das eleições de outubro não seria mais o núcleo que culminaria na derrubada eleitoral. Aidan Ravin estaria tão certo de que também tem nas mãos uma metralhadora giratória que se dá o direito de duvidar da existência de oposicionistas camicases.
Raimundo Salles e os nanicos Alexandre Flaquer e Marcelo Reina seriam as únicas candidaturas fora do eixo e dos estilhaços que uma nova rodada de denúncias do escândalo do Semasa provocaria em Santo André, antecedente a eventual segundo turno. Daí o candidato pedetista estar inquieto e ter se lançado a ataques viscerais tanto a Aidan Ravin quanto a Carlos Grana. Ou seja, Raimundo Salles tem bala para atingir alvos vulneráveis sem se colocar na linha de tiro, mas para isso só resta a saída de chegar entre os dois primeiros.
Fica a critério e também à imaginação dos leitores quem formaria a rede de malfeitores que transformaram ou intensificaram o Semasa como endereço de sadomasoquismo gerencial e administrativo com amplos tentáculos no mercado imobiliário.
Uma casa de Irene
O advogado Calixto Antônio Júnior não saiu atirando da função de assessor informal do prefeito Aidan Ravin porque tem viés suicida. E também não disse o que disse principalmente sobre as delinquências autorizativas de liberação de obras imobiliárias porque tem horror ao setor. O Semasa se tornara mesmo uma casa de Irene, na qual a freguesia encontrava não a exceção de mais que a satisfação material de multiplicar muito além das restrições legais os pães de metros quadrados a construir, mas a própria regra de contrapartidas permanentes.
Portanto, os leitores e os eleitores que estiverem esperando por novidades num segundo turno possível em Santo André, tendo como campo de batalha conceitual uma importante abertura de informações e provas que envolvam o Semasa, podem tirar o cavalo da chuva de esperança. Exceto em situação muito especial mesmo, nada haverá de novo no cenário porque as maiores forças concorrenciais – exceto as três candidaturas às quais me referi – praticamente se anulam em eventual investida denunciatória.
O que resta como perspectiva eleitoral tendo em vista os desvios no Semasa é uma faca de dois gumes. O primeiro favorece a Aidan Ravin, que seria premiado pelos votos porque poderia arguir como defesa o suposto oportunismo das denúncias sem fundamentação. E o segundo embalaria os oposicionistas que procurariam, de alguma forma, colar no prefeito o selo de imprevidente na gestão da autarquia.
Quem obterá maior credibilidade junto ao eleitorado? Aidan Ravin que seguiria a posar de vítima de assessores diretos ou os adversários mais competitivos que martelariam a tecla das irregularidades sem se preocuparem com provas contundentes?
Como se observa, seja qual for a opção, o impacto no eleitorado não se comparará à potencialidade explosiva dos delitos que abrangem uma gama ampla de agentes públicos e privados. A matança seria generalizada.
A possibilidade de Raimundo Salles passar para o segundo turno também não significaria riscar fósforo próximo ao barril de pólvora. A perspectiva de Salles enfrentar Aidan Ravin ou Carlos Grana o colocaria em situação de vitória iminente sem o uso do arsenal do Semasa. As deficiências da atual gestão municipal e os rescaldos petistas com o mensalão, entre tantos outros aspectos, dariam certa folga de preferência do eleitorado ao pedetista. Nesse caso, o escândalo do Semasa poderia esperar pela boa vontade ou pela segurança investigativa dos agentes públicos (Polícia Civil e Ministério Público) envolvidos na apuração.
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17/09/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (9)