Administração Pública

O que Grana fará da Secretaria
de Desenvolvimento Econômico?

DANIEL LIMA - 08/11/2012

Na curta trajetória de implantação de secretarias de Desenvolvimento Econômico nos municípios que integram a Província da Grande ABC, com Celso Daniel inovando ao nomear o então executivo privado Nelson Tadeu Pereira em Santo André, em 1997, não existe um só exemplo de eficiência. Muito pelo contrário. Entretanto, mais que uma generalizada pancadaria de restrições técnicas aos ocupantes dos cargos, muitos dos quais habilitadíssimos, o que se registrou foi completa ausência de vontade política. Por isso, seguimos passivamente uma contabilidade devastadora: perdemos a cada temporada mais e mais importância no contexto econômico paulista e nacional, como cansamos de escrever e provar.


 


Daí, o que se pergunta é simples: já que o prefeito eleito Carlos Grana diz que vem quente para dar novo tom a Santo André, o que faria então da Secretaria de Desenvolvimento Econômico que, durante quatro anos de Aidan Ravin, dedicou-se intensamente a produzir invencionices estatísticas? Invencionices é um termo brando para quem, por exemplo, propagou impunemente à Imprensa que a economia de Santo André cresceu 17% no ano passado.  Pior que a mentira foi a veiculação acrítica da mentira nesse adocicadíssimo mercado de ilusões impressas e digitais.


 


Sem meter a colher de pau no doce de coco alheio, mas já metendo, um bom teste à seriedade e à maturidade da Administração Carlos Grana pode ser formulado a partir de duas respostas: quem vai ocupar a secretaria em questão e quais as condições estruturais, físicas, técnicas e funcionais para que esse quadradinho do organograma oficial não seja apenas um penduricalho desgrudado do núcleo pensante no Paço Municipal?


 


Sugestão de nome


 


Quem poderia ser secretário da pasta de maneira que Carlos Grana pudesse colocar em prática não só o desejo de mexer com essa pobre realidade econômica do Município que mais perdeu riquezas no País nas últimas quatro décadas como também sair da retórica de pastel de vento para medidas mensuráveis de pluripartidarismo cidadão na condução da Administração de Santo André?


 


Se fosse ouvido pelo prefeito e pudesse expor um nome, um nome apenas para o cargo, não teria dúvidas em indicar o ainda vereador Gilberto Wachtler, comerciante do setor mercadista que, apesar de aumentar em 60% o contingente de eleitores nesta temporada, será apeado da próxima legislatura por conta do chamado quociente eleitoral. É dispensável estender-se sobre as qualificações de Gilberto Primavera, como é mais conhecido, mas, em todo caso, logo abaixo, exponho alguns links de textos que constam desta revista digital para eventuais consultas. Gilberto Wachtler é intenso, prático, contundente mas, paradoxalmente, flexível, reflexivo e harmonioso. 


 


Gilberto Wachtler tem, portanto, apetrechamento que dispensa comentários, mas escalá-lo para reforçar o quadro de secretários não pode ser uma medida de boa vizinhança com o ainda petebista que o prefeito Aidan Ravin praticamente ignorou ao longo de quatro anos entre outros motivos porque ciúme entre políticos é uma doença incurável. Seria Grana diferente?


 


Equipe fortalecida


 


Tão importante quanto escalar um quadro de primeira linha como Gilberto Wachtler é dar-lhe flexibilidade funcional para que monte uma equipe de profissionais que sigam à risca um projeto minimamente factível. E que se tenha também a perspectiva de que iniciar a recuperação econômica de Santo André é uma tarefa delicadíssima, que não comporta otimismo exagerado que beire fanfarronice e triunfalismo; nem tampouco um ceticismo mais que justo quando se trata de análises jornalísticas, mas jamais de plano de ação de executivos públicos. O equilíbrio de tratamento a determinadas enfermidades distingue médicos sensíveis de médicos desastrados. A radicalidade no sentido literal de análises críticas, sem o tempero da hipocrisia e do oportunismo, é o que separa jornalista respeitado de jornalista bajulador.


 


Gilberto Wachtler é suficientemente dotado de conhecimentos específicos da economia regional em combinação com uma vocação intensa ao trabalho para projetar uma pasta que ganharia embalo rumo a novas incursões, superando a fase de desinteresse da Administração Pública desde a morte de Celso Daniel.


 


Aliás, e a bem da verdade, nem Celso Daniel capturou a necessidade de potencializar a secretaria dentro de um escopo de relevância interna, de gestão intestina, saltando-se dali para o campo externo, junto a instituições diversas e, principalmente, aos empreendedores.  Assim como Celso Daniel, nenhum prefeito olhou para o futuro dos respectivos municípios e da região como um todo com objetividade prática de que não há outro caminho senão inovar nas políticas de implementação de medidas que eliminem a mesmice improdutiva. No campo econômico, para que não fique dúvidas, Celso Daniel foi mais um animador do que um executor inquieto. A estrutura burocrática do Poder Público é o anticlímax da praticidade.


 


Há muito tempo soou o alarme do esvaziamento econômico de Santo André, assim como da maioria dos municípios da Província. O fluxo de veículos em direção a outras cidades no período da manhã, e de retorno ao final das tardes, denuncia os estragos, como ensinou faz tempo o professor Joaquim Andrietta. O mesmo Joaquim Andrietta que, levado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Santo André, perdeu completamente o senso crítico. Acabou institucionalizado pelo discurso ufanista. Tornou-se um dos músicos do Titanic.


 


Resta saber até que ponto Carlos Grana vai provar-se liberto de determinadas escolhas, porque a composição multipartidária para derrotar Aidan Ravin embutiu contrapartidas que podem sim tolher a simplificação do conhecimento pelo embaralhamento das conveniências. O temor é que em nome de suposta governabilidade Carlos Grana opte por medidas que se rivalizem com a mediocridade dos antecessores.


 


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