Política

Grana e Aidan já disputam novo
turno à Prefeitura de Santo André

DANIEL LIMA - 24/01/2013

O bate-boca virtual entre o prefeito Carlos Grana e o ex-prefeito Aidan Ravin sobre o tamanho do buraco financeiro que teria sido deixado pelo petebista que acabou de ser apeado do poder no Paço Municipal é muito mais que um terceiro turno daquela disputa eleitoral. Já é o primeiro turno de 2016, quando o petista bom de marketing tentará a reeleição, enquanto o ex-prefeito bom de carisma buscará a retomada do espaço político oficial.


 


Está nos jornais da região – impressos e eletrônicas – a bateria de questões que Carlos Grana e Aidan Ravin colocam aos apreciadores de um bom combate político.


 


Discípulo de Lula da Silva, padrinho que o nomeou candidato em Santo André, Carlos Grana está decidido a colar em Aidan Ravin o rótulo de incompetência, por supostamente ter deixado um rombo orçamentário que o impediria de dar velocidade às intervenções públicas prometidas.


 


Já Aidan Ravin, que iniciou a Administração petebista quatro anos atrás com uma série de denúncias de corrupção patrocinada pelo prefeito João Avamileno, sucessor de Celso Daniel por acidente e depois por conta da vontade popular, está à espreita da movimentação do indigesto sucessor. O que teremos ao final, afinal?


 


O que mais diferencia a gestão de Aidan Ravin e a gestão de Carlos Grana é algo que independerá da cronologia do mandato petista para uma sentença definitiva já detectada: enquanto Aidan Ravin preferiu o caminho da Administração com amigos, com os mais chegados, com a inclusão de poucos incluídos, Carlos Grana patrocina uma festival de inclusão de incluídos que lhe dariam respaldo social, político e econômico. Aidan Ravin serviu à sociedade um prato feito insosso de restaurante popular. Carlos Grana é adepto de uma combinação de sabores ordinários com ares de sofisticação.


 


Equívocos mútuos


 


Tanto Aidan Ravin quanto Carlos Grana erraram feio nas estratégicas de relacionamentos que definiram os respectivos mandatos. Aidan Ravin errou porque se aliou a medíocres a quem jurou fidelidade. Carlos Grana errou porque se aliou a um conjunto ainda maior de medíocres. A linha de frente de gestão pública tanto de um quanto de outro não tem, na maioria das secretarias, qualquer direcionamento ao grau de emergências de um Município que requer intervenções de especialistas sintonizados com o mundo, sobretudo no encaminhamento de políticas de desenvolvimento econômico. Ou seja, Santo André precisa de um cardápio à la carte.


 


Para os eleitores e os leitores em geral o bate-boca que coloca em dúvida o tamanho do montante orçamentário que não guarda parentesco com a efetividade de recursos financeiros disponíveis tem menos importância do que se lhe dão. Não lhes interessa se o então prefeito Aidan Ravin teria patrocinado equívocos, ou, por outro lado, o que levou o petebista a apresentar os números que ele mesmo expõe em entrevistas e artigo assinado foram os rombos com as digitais de administrações que o antecederam, a partir de Celso Daniel.


 


O que mais a população de Santo André quer ouvir de seus políticos são anúncios de medidas para a retomada econômica do Município, bem como a erradicação dos focos de corrupção a partir do Poder Público, principalmente por conta da intimidade com os mercadores imobiliários.


 


Grana em vantagem


 


Ainda é muito cedo para construir um placar que resultaria do confronto entre Aidan e Grana, porque o primeiro atuou durante quatro anos e o segundo mal chegou ao Paço Municipal. Entretanto, se me der na telha, qualquer dia desses resolvo desenhar espécie de planilha para aferir com a subjetividade natural dessas aferições quem ganharia esse jogo administrativo e pré-eleitoral. Pesariam nas definições temáticas não só as realizações, mas, principalmente, a métrica entre as promessas de campanhas e as execuções práticas.


 


Por enquanto, ousaria afirmar que Carlos Grana está ganhando em dois aspectos. O primeiro porque é bem melhor de marketing do que seu antecessor. O segundo porque deu ao futebol do Esporte Clube Santo André uma resposta bem mais concreta e comprometida do que o descaso do antecessor. Prova disso são os mais de dois mil torcedores que foram ontem à tarde, dia útil, ao ainda quase destruído Estádio Bruno Daniel. Tudo indica que no futebol e no esporte em geral Aidan Ravin vai ser goleado por Carlos Grana. Resta saber se a teórica vantagem do marketing bem ao estilo sindicalista não será uma espécie de bumerangue, ou seja, que voltaria como um bólido contra seu próprio autor.


 


Grana talvez esteja falando demais. Algo contraproducente para quem montou um secretariado de ocasião, sustentado por acordos político-partidários sem revestimento técnico mais bem acabado. Bem diferente do legado de Celso Daniel, a quem Grana remete sempre inspiração administrativa.  Essa disputa entre Aidan e Grana vai ser bastante interessante.


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