O prefeito petista de Santo André, Carlos Grana, vai ter nestas quinta e sexta um novo encontro com todo o secretariado. Serão dois dias de intensos debates sobre o melhor caminho para o Município. Grana já promoveu reunião semelhante no começo do ano. Acredita-se que os resultados não tenham sido nada interessantes entre outros motivos porque o prefeito ainda corre atrás de uma consultoria que possa dar organicidade ao conjunto disperso da Administração. Ou seja: o time foi montado sem especialistas na arte de juntar as peças num projeto estratégico viável. O prefeito é um agente político, não administrativo. Não é fácil conciliar características tão distintas. Celso Daniel morreu e poucos entenderam o legado que ficou.
Se posso colaborar com o prefeito Carlos Grana, vai uma sugestão: mande seus assessores sempre solícitos ficarem atentos ao que publicarei amanhã sobre a economia de Santo André. Não será um texto longo demais, porque o produzirei ainda nesta terça-feira a toque de caixa. Nem será um projeto de governo na área econômica, o que despenderia muito mais tempo. É apenas um texto que repete o alerta que venho acionando há muito tempo: Santo André exige a emergencialidade dos socorristas de plantão médico, com a diferença de que uma junta de especialistas também deve estar atenta para tratamentos múltiplos porque o paciente pode não estar em estado terminal, mas anda ruim da cabeça, do tronco e dos membros.
Possivelmente Carlos Grana tenha sido violado na essência do entusiasmo regenerador do tecido produtivo de Santo André ao dar ouvidos a gente que não entende patavina de economia. Como na Província do Grande ABC, Santo André também conta com arautos da negação de desindustrialização. Há muito os enfrento e, por mais que pareçam mortos e enterrados, não é descabido supor que trabalhem nos bastidores para negar o inegável, entre outras razões porque têm culpa no cartório.
Santo André é o caso mais contundente de desindustrialização no Estado de São Paulo e provavelmente no Brasil. Vamos mostrar isso e muito mais no texto que publicaremos amanhã. Bem que Carlos Grana poderia solicitar uma cópia e iniciar o encontro com o secretariado tendo como pressuposto sobreviver à batalha da ponte, ou seja, dar a Santo André um novo formato institucional na área econômica. Cada Município da região tem feito isso isoladamente sem ciência, infraestrutura e brilho. O Clube dos Prefeitos é uma balela de integração.
Tive a ideia de preparar o material jornalístico justamente após ler o noticiário sobre as duas jornadas dedicadas à organização do governo que prometeu colocar Santo André nos trilhos. Na mesma matéria, aliás, Carlos Grana transmitiu a certeza de que dirige um selecionado de primeira linha, porque não admite a troca de qualquer um dos craques do secretariado até o fim do mandato, em 2016. Como se observa, o prefeito de Santo André é um otimista. Como se o teto petista até outro dia inabalável não estivesse em chamas a partir de Brasília de uma presidente apeada da certeza da reeleição e metida numa enrascada de Constituinte contestada pelos oposicionistas que, acreditem, estão vivos.
Não quero adiantar nada sobre a economia de Santo André com a qual o prefeito Carlos Grana parece manter relação de distanciamento absoluto. A começar porque, seguindo rigorosamente os passos de tantos outros paços negligentes, entregou a titularidade da secretaria a uma educadora sem a menor intimidade com os movimentos de uma embarcação que há muito faz água.
Oswana Fameli não deve ser responsabilizada individualmente pela indicação descabida. Reserva-se à Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), da qual é vice-presidente, a maior parcela pela aberração. A Acisa não tem cabedal algum para indicar secretário de Desenvolvimento Econômico. A Acisa jamais produziu sequer um paper sobre a economia de Santo André que pudesse ser levado a sério, entre outras razões porque é uma entidade prestadora de serviços e não uma instituição cerebral.
O que quero dizer ao prefeito de Santo André é que, exatamente porque despreza a economia local, deverá tomar todos os cuidados do mundo para não prometer demais, como já o fez. Orçamento municipal não é orçamento sindical, sempre elástico, ou orçamento federal, sempre pronto a esticamentos. Por mais que se apurem instrumentos arrecadatórios dentro dos limites constitucionais – e isso os antecessores de Carlos Grana fizeram à exaustão – o repasse de valores financeiros não é significativo a ponto de fazer frente às despesas vegetativas e incrementais.
Ficaria mal para o prefeito Carlos Grana anunciar troca de vários titulares. Seria a admissão de erro de avaliação, mas o pior mesmo para o conjunto da sociedade é segurar as pontas de vários deles por conta disso e de tantos acordos. Mudanças nominais, estruturais e estratégicas são indispensáveis. Por isso o momento da Administração de Santo André a ser exaustivamente enfrentado nos dois dias de reuniões exige reflexão prospectiva: o que se está realizando e a perspectiva de realizações serão suficientes à reeleição, que, afinal, é o mantra desses encontros?
Total de 813 matérias | Página 1
15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ