Política

Caixa-forte de Marinho faz festa
milionária de olho na Assembleia

DANIEL LIMA - 13/09/2013

Luiz Fernando Teixeira é um aprendiz de político que não pode ser subestimado, embora não se contenha em subestimar situações e pessoas. Ontem à noite ele reuniu três mil pessoas, muitas das quais morro abaixo, para comemorar 51 anos de idade. LFT é o caixa-forte da Administração Luiz Marinho e também do PT na Província do Grande ABC.


 


Prefeitos petistas e até não petistas, como Paulo Pinheiro, de São Caetano, comem em sua mão. Ele é poderoso mas está longe da unanimidade burra ou conivente. O Restaurante São Judas Tadeu, na Rota do Frango com Polenta, ficou congestionado ontem. LFT deu à festa ares hollywoodianos, mesmo que decadentes. Calouros do programa de Raul Gil cuidaram de entreter os convidados com música mais ou menos brega. Nada que não se alinhasse ao festejo. Se é que me entendem.


 


Um dos indícios de que a atuação política de Luiz Fernando Teixeira deveria ser investigada com mais cuidado para que os leitores não comprem gato por tigre é a insistência dos jornais em identificá-lo unicamente como presidente do São Bernardo Futebol Clube. Tudo não passa de despiste enfarrapado para quem conhece as entranhas do poder petista na região. Luiz Fernando Teixeira, trocando em miúdos, é o homem do dinheiro. De muito dinheiro. Sem ele, Luiz Fernando, muitos candidatos vitoriosos do PT na região teriam naufragado. Luiz Fernando Teixeira tem capacidade especial para sensibilizar empresários. Notadamente empresários próximos do poder.


 


Espaços a cotoveladas


 


Ao abrir espaços a cotoveladas no PT de São Bernardo, ao qual se filiou oficialmente há pouco tempo, Luiz Fernando Teixeira coleciona desafetos partidários ou não. Tanto quanto aliados.  Natural a qualquer novo cristão político com ambições fluviais. A deputada Ana do Carmo está decididíssima a não abrir mão da candidatura à reeleição e muito menos a ser canibalizada na campanha eleitoral pelo companheiro de partido. Ana do Carmo tem a seu favor muito trabalho e uma simpatia natural que Luiz Fernando Teixeira jamais terá porque parece sempre programado para agradar. A arrogância é uma das características de LFT.  A ponto de dizer como disse ao Diário do Grande ABC de hoje que a festança de ontem foi apenas o começo. Quando lançar-se oficialmente a deputado, o local, disse ele, terá de ser mais amplo porque mais convidados virão.


 


Quem conhece o Restaurante São Judas Tadeu sabe que é o maior templo da gastronomia regional. Talvez Luiz Fernando Teixeira decida fazer a festa no aeroportozão prometido por Luiz Marinho. A lorota em forma de promessa também tem digitais de LFT. Ele é o interlocutor preferido dos empreendedores que trabalham nos bastidores para tentar viabilizar o aeroportozão transformado em terminal de pequeno porte. Resta saber se o terminal teria maiores dimensões que o São Judas Tadeu.


 


Há versões conflitantes sobre o controle interpartidário de Luiz Fernando Teixeira em São Bernardo e na região. Alguns garantem que é visto com desconfiança pelo grupo do ex-presidente Lula da Silva. Outros procuram retirar o véu de dúvida quanto à movimentação de LFT, atribuindo-se uma banda larga que lhe permite deitar e rolar. Talvez o mais indicado ao bom senso seja acreditar nas duas versões. Afinal, o PT é contraditório por natureza. Excluir Luiz Fernando Teixeira de qualquer latifúndio de poder político seria estultice. Canonizá-lo, exagero. Não se minimiza quem sabe o caminho das pedras do dinheiro de financiamentos eleitorais. Tampouco quem tem fortes aliados em nível estadual e também federal.


 


Luiz Fernando Teixeira é tão poderoso na arte de manipulação de dinheiro que o Diário do Grande ABC exercita um quadro de esquizofrenia editorial provavelmente pouco captado pelos leitores, a maioria de uma ingenuidade cavalar em interpretar linhas nem sempre claras do noticiário. Enquanto bate permanentemente na Administração Luiz Marinho, o Diário do Grande ABC incensa Luiz Fernando Teixeira. Tanto que se nega terminantemente a identificar o novo concorrente a deputado estadual com o devido respeito aos consumidores de informação. Qualificá-lo apenas como dirigente esportivo é um escárnio. A decisão editorial só aumenta a desconfiança de que Luiz Fernando Teixeira não é flor que se cheire, entendendo-se flor que se cheire alguém acima de qualquer suspeita.


 


Data complicada


 


Enquanto Luiz Fernando Teixeira comemorava mais um aniversário e desfilava frases feitas de sempre, com baixo conteúdo intelectual, uma de suas características, aliás, o mundo político debatia o empate de 5 a 5 no julgamento dos chamados embargos infringentes do julgamento do mensalão petista. Escapou Luiz Fernando Teixeira, por conta de uma manobra regimental, de jamais esquecer a coincidência de data. Qualquer que fosse o resultado definitivo, LFT carregaria na memória a contradição de gastar os tubos numa festa enquanto o País demarcava para valer o futuro do Supremo ante à sociedade.


 


De qualquer modo, com resultado final ou não, o julgamento do mensalão deveria ser pedagógico a Luiz Fernando Teixeira. A ostensiva ação política que patrocinou ontem à noite é de atrevimento abusivo. A origem dos recursos que bancaram o evento deveria ser exposta aos contribuintes, sabendo-se como se sabe que é o caixa-forte do prefeito mais poderoso da região.


 


Que confiança Luiz Fernando Teixeira desperta nos contribuintes se sonega as despesas e as fontes de pagamentos dos fornecedores daquela festiva? Um homem informalmente de Estado, como é, e um homem que se pretende oficialmente de Estado, como se candidata, só resistirão à curiosidade dos críticos se jogar o jogo da transparência. Quem financiou a festa de ontem à noite? -- eis uma pergunta para Luiz Fernando Teixeira responder ao eleitorado que pretende conquistar.


 


Aliás, por falar em eleitorado que pretende conquistar, a impressão é que, mesmo com todo o dinheiro capaz de milagres, Luiz Fernando Teixeira terá muitas dificuldades para conquistar parte dos votos da classe média tradicional de São Bernardo, como pretende. Mesmo que a classe média de São Bernardo não tenha muito a ver com a classe média de Santo André e de São Caetano.


 


Nesse extrato social, o dirigente do São Bernardo é desconhecido e quem o conhece desconfia. O esporte não lhe deu a visibilidade desejada porque transformou o São Bernardo Futebol Clube em ostensivo ramal do PT, a ponto de reservar a camisa 13 a Lula da Silva, que jamais jogou um jogo sequer pela equipe.


 


A classe média que Luiz Fernando Teixeira pretende somar aos votos que vem da periferia, numa disputa que pode se tornar fratricida com Ana do Carmo, merece que o candidato seja algo que não se confunda em imagem com os réus do mensalão petista.


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