Administração Pública

Secretário Paulinho Serra quer muito
mais que imagem de tapa-buracos

DANIEL LIMA - 18/10/2013

O secretário de Obras e Serviços Públicos de Santo André, Paulinho Serra, ex-tucano que se converteu à gestão petista de Carlos Grana, não quer construir biografia que o caracterize literalmente como tapa-buracos. Ser executivo de uma pasta que se limitaria a reconstruir pontes e a restaurar a iluminação pública em farrapos deixada pelo prefeito Aidan Ravin seria um tiro no próprio pé. Não compensaria, jamais, a conversão ao petismo que tantos estragos lhe provocou na classe média que o tinha como referência à retomada de uma administração pública supostamente mais apropriada aos interesses históricos de Santo André.



 


Paulinho Serra fala com extremo cuidado sobre a gestão petista. Foge dos assuntos mais abrasivos, mas é implícita a necessidade de ganhar espaço. Ainda mais o espaço que se abre, da mobilidade urbana, após as manifestações de junho, principalmente nas regiões metropolitanas. Paulinho Serra evita falar sobre o futuro, mas é indissociável a construção de uma linha que o ligaria a eventual sucessão, em 2020, provavelmente, ou o soterramento de um projeto que o levou a ser vereador da cidade até o ano passado.



 


Paulinho Serra tem a favor de propostas que supostamente seriam compartilhadas pelo Partido dos Trabalhadores os preciosos 42 anos de idade. A maioria dos concorrentes é formada por gente com menos expectativa de vida útil e sem a potencialidade de traduzir trabalho e marketing em votos prováveis. Quando afirma que “supostamente seriam compartilhados pelo Partido dos Trabalhadores”, quero dizer que há possibilidades de Paulinho Serra desvencilhar-se da agremiação que até outro dia combatia. Seria uma ruptura previsível, considerando-se o histórico de escaramuças entre petistas e não petistas na região. Duvida-se que após o cumprimento do acordo com levou tanto Paulinho Serra quando Raimundo Salles aos camarins petistas, ou seja, a duas possíveis gestões de Carlos Grana, os dois antigos oposicionistas tenham suporte da máquina pública para se lançarem à vitória.



 


O relacionamento com o PT é assunto sobre o qual Paulinho Serra prefere desconversar. Nada mais óbvio. O incômodo é evidente. Sempre que se coloca em pauta a perspectiva dos próximos anos as urnas eletrônicas aparecem em forma de interrogação. Tanto ele quanto Raimundo Salles estão juntos com os petistas porque entenderam ser importante somar forças para uma travessia que desalojasse Aidan Ravin do sonho de reeleição.



 


Faltam grandes corredores



 


Pactos com prazo de validade foram firmados. O que virá depois só Deus sabe. A candidatura à Prefeitura de Paulinho Serra ganhará viabilidade eleitoral na medida em que deixar de ser um operador de tapa-buracos e acrescentar à biografia pública lustros de planejador e executor de obras importantes.



 


Por isso Paulinho Serra corre contra o tempo para dar formato a corredores e microcorredores de transporte público. Diferentemente de São Paulo de grandes avenidas e marginais herdadas de Faria Lima, um prefeito visionário, Santo André e a região com um todo são suburbanos até na geografia de ruas e avenidas.



 


Intervenções públicas como os corredores viários que o prefeito paulistano Fernando Haddad retirou da cartola da sobrevivência e quem sabe da consagração após as manifestações de junho são impossíveis na Província do Grande ABC, quando se dá a “impossível” conotação de investimentos factíveis com o orçamento disponível. Sem socorro federal e estadual, os corredores imaginados por Carlos Grana e também Luiz Marinho, de São Bernardo, não passam de promessas próximas a lorotas.



 


O ex-tucano Paulinho Serra sabe que corredor nas imediações da Avenida D. Pedro II e microcorredores em alguns bairros, cujos recursos financeiros casariam com a esqualidez orçamentária de Santo André, podem alavancar a imagem de que tanto prescinde. Que imagem?  De um secretário municipal que não se contenta em cristalizar presença como um fiscal de obras de luxo. Paulinho Serra sabe que precisa reconquistar os votos perdidos na classe média de Santo André, avessa ao petista e que se decepcionou com sua conversão ao granismo.


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