Política

Prefeito dorme em quarto separado
do PT e do PMDB em São Caetano

DANIEL LIMA - 25/10/2013

O casamento de conveniências entre o  prefeito Paulo Pinheiro, historicamente petebista, o PT de Luiz Fernando Teixeira (braço financeiro e político de Luiz Marinho) e o tradicional  PMDB (ligado ao vice-presidente da República, Michel Temer), já foi para o espaço. Desde a confirmação da saída do secretário de Planejamento, o peemedebista Jarbas Zuri, prevista aqui no mês passado, o relacionamento está estremecido. Petistas e aliados peemedebistas dormem no mesmo quarto, mas separadamente do prefeito ex-petebista, influenciado por familiares consanguíneos. Mais precisamente pela  filha,  que dá as cartas e joga de mão. A versão atualizada deste artigo, com algumas mudanças no texto revisado, substitui o inicialmente redigido e que atribuía  ao presente o passado petebista de Pinheiro quando, de fato, o neopeemedebismo é que está valendo. Nada que altere, entretanto, o núcleo crítico proposto.


 


O rompimento total não é interessante às três partes envolvidas e aos respectivos entornos nas esferas estadual e federal. Há muita herança bendita que poderia se tornar maldita. Acertos pré-eleitorais valem para articulações pós-eleitorais e articulações pós-eleitorais são mais prolongadas ou potencialmente mais prolongadas do que se imagina.


 


No caso de São Caetano, a candidatura do petista Luiz Fernando Teixeira à Assembleia Legislativa está em pauta. Ter o suporte logístico de representantes políticos de São Caetano em busca de votação que se some a tantas outras geografias é crucial aos planos do homem-chave da Administração Luiz Marinho. Luiz Fernando Teixeira também é presidente do São Bernardo Futebol Clube, braço esportivo mais proeminente do projeto de sustentabilidade eleitoral do PT em São Bernardo. Um projeto que o tem como possível beneficiário. O Paço Municipal ocupado pelo amigo-filho de Lula da Silva é o objeto de desejo de Luiz Fernando.


 


Discrição absoluta


 


Apeado do cargo de secretário de Planejamento de São Caetano, Jarbas Zuri é considerado uma pedra preciosa de alta confiabilidade. Ele seria a condensação de habilidade pública e lealdade privada. Foi assim na Administração Aidan Ravin, em Santo André. Tanto que, lançado aos escombros dos escândalos imobiliários do Semasa, saiu ileso. Ou quase ileso. A ponto de organizar a própria reocupação espacial em São Caetano. Participou ativamente da guerra de guerrilhas que transformou a candidata do então prefeito José Auricchio Júnior, a médica Regina Maura Zetone, em algo como uma peste a ser exterminada. Sempre com o apoio logístico do PT de São Bernardo. Por apoio logístico pode-se entender tudo, de jogo limpo a jogo sujíssimo. É assim que se pratica política.


 


É claro que a retirada de Jarbas Zuri da Administração Paulo Pinheiro, juntamente com colaboradores que incomodavam o centro do poder neopeemedebista mesclado de petebistas dissidentes do prefeito José Auricchio, indica que botaram fogo no paiol do relacionamento tripartite que retirou do Paço Municipal o grupo de José Auricchio Júnior. Mas os bombeiros chegaram a tempo de minimizar os estragos e manter o cronograma de construção de algumas pontes. Preservar interesses eleitorais de Luiz Fernando Teixeira é cláusula pétrea dos grupos em conflito. Recados não faltaram nesse sentido.


 


O que se pergunta é sobre o futuro. Os desentendimentos pós-posse de Paulo Pinheiro clarificaram os encaminhamentos eleitorais que determinaram a surpreendente derrota do sempre petebista José Auricchio Júnior. Agora, tudo aquilo é de conhecimento público cada vez mais denso em São Caetano. Só quem desconhece a hostilidade ao PT em São Caetano não entende o que pode acontecer no futuro. Passadas as emoções eleitorais e confirmadas todas as versões que jogaram Paulo Pinheiro no colo do PT que São Caetano tanto detesta, ramificam-se sentimentos de hostilidade à gestão atual. Há cada vez mais eleitores que se sentem traídos, porque somente agora entenderam que Paulo Pinheiro foi o Cavalo de Tróia que mencionei nesta revista digital no período eleitoral.


 


O povo de São Caetano tem algumas características hegemônicas que outros municípios da região só registram em determinadas áreas geográficas. O municipalismo que valoriza vetores culturais próprios de quem se sente membro de uma grande família pesa sobremaneira no conjunto da obra de interpretação de fatos e versões do mundo político. Quando a desconfiança se instala no seio do chamado são-caetanense da gema, haja fórmulas de marketing para atenuar os estragos. Isso, quando é possível fazer do marketing ferramenta terapêutico-sociológica.


 


Auricchio na muda


 


O grupo de José Auricchio Júnior nem está trabalhando com as repercussões nefastas que atingem o centro do poder político de São Caetano pós-desmascaramento da tríade peemedebista, ex-petebista e petista. Estrategistas ligados ao ex-prefeito e hoje secretário de Estado do governo Geraldo Alckmin prefeririam deixar a bola rolar livremente. Entendem que há uma sapiência voluntária a caracterizar a reação popular, sobre a qual não se deve interferir diretamente. Até que seja necessário, é claro.


 


Toda São Caetano já saberia que, embora durma em quarto separado dos parceiros, Paulo Pinheiro, Jarbas Zuri e Luiz Fernando Teixeira não perdem oportunidades para confraternizar. Ou seja: a avaliação geral sobre o relacionamento dos três representantes partidários é que há uma suruba administrativa subsequente ao quebra-pau que determinou o afastamento do peemedebista Jarbas Zuri. A dificuldade é dimensionar a extensão e a profundidade dos movimentos entre as partes fora dos aposentados oficiais do Palácio do Cerâmica.


 


Talvez a emenda de buscar abrigo num quarto de motel pós-eleitoral não tenha sido suficientemente discreta para evitar que a medida ficasse a salvo da maledicência popular. O que São Caetano mais comenta é que há mais reticências do que ponto final nesse relacionamento considerado abusivo, porque se dá sob os lençóis de um Município que preserva valores próprios. O PT é visto como um estranho no ninho do ex-petebista, cujo débito poderá ser cobrado de quem o acobertou. 


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