Administração Pública

Grana tira secretário supérfluo:
mídia regional já faz as funções

DANIEL LIMA - 27/06/2014

O prefeito Carlos Grana cansou de mimetizar o mestre Lula da Silva, amigo de todas as horas, principalmente das horas eleitorais, ao dizer que o secretariado municipal que montou em parceria com Deus e o Diabo era um time que só ganhava, por isso não mudaria uma peça sequer. “Em time que ganha não se mexe”, disse e repetiu Grana, adepto de uma das bobagens mais macunaímicas do futebol.


 


É sim uma das bobagens mais atávicas do futebol porque nega que cada jogo tem características distintas e, portanto, pode sugerir e recomendar alterações. Está aí o Felipão a trocar Paulinho por Fernandinho para o jogo com o Chile, embora pelo menos outros dois devessem perder a condição de titulares. A Seleção Brasileira joga mais na tela da Globo do que nos gramados.


 


Ao anunciar a troca do secretário de Comunicação, jornalista Leandro Laranjeira, antigo parceiro de jornadas sindicais, pelo advogado Ronaldo Feitosa, Carlos Grana não só desistiu daquele axioma como ensaia possibilidade de retirar a Secretaria do organograma oficial. Seria transformada em núcleo, ou seja, um apêndice qualquer.


 


Carlos Grana vem errando sistematicamente. A Secretária de Comunicação (e o que advir da supressão) é dispensável nos padrões com que foi concebida e no contexto em que atua. Deveria, portanto, ser extinta. O certo é que desapareça porque, para fazer o que faz mal e porcamente o mais indicado é que se poupem recursos públicos.


 


Carlos Grana não precisa de secretário ou algo assemelhado na área de comunicação. A quase totalidade da mídia regional já faz esse papel.


 


Também mal e porcamente. Não existe prefeito mais blindado e mais festejado na mídia regional. Grana é a encarnação de virtudes artificiais que, mesmo o terço de eleitores que foram as urnas em outubro de 2012 e o consagrou, não está nada satisfeito.


 


Disfarçando o jogo


 


Quando algum apontamento crítico à gestão do petista aparece nos jornais impressos ou virtuais os leitores não devem desprezar a possibilidade mais que certa de que é um jogo de cena. Algo como árbitros mal-intencionados que dão faltas acessórias favoráveis ao time a ser derrotado e, em contrapartida, marcam pênalti ou falta na entrada da área a favor do time marcado para vencer. Sem contar outras tranqueiras que a mídia ingênua ou pusilânime não registra. Chegamos ao ponto de, em Copa do Mundo, consagrar centroavante que meteu a mão na bola duas vezes para fazer um gol. Houve narrador que considerou golaço. Há truques assemelhados na mídia.


 


Ainda outro dia, só para dar um exemplo, Grana botou 500 comissionados para distribuir material eleitoral disfarçado de atividade funcional convocando contribuintes às assembleias do Orçamento Participativo. Um escândalo que, cometido por Luiz Marinho, teria virado manchetíssima de primeira página.


 


Sei lá os motivos que levaram o então secretário Leandro Laranjeira a descer do detalhado ou a ser despachado do telhado, mas é certo que ele se arrumará bem. Os companheiros sempre se ajeitam. Dizem que ocupará um cargo no governo federal. Uma queda para cima, como se vê. Mas isso não tem a menor importância. O que espanta é que ninguém tenha se dado conta de que, repito, o prefeito de Santo André dispensa assessoria de comunicação. O dinheiro gasto até agora é um desperdício. 


 


Seria bem diferente se, assim como os demais Executivos da região, um profissional de comunicação não fosse visto apenas como uma pecinha a mais da engrenagem burocrática da administração pública. Um plano de comunicação com a sociedade, que desconheço existir em qualquer instância pública da região, é muito mais que nomear um amigo do peito ou por indicação partidária para ocupar a pasta. Gerenciador público gabaritado deveria pensar mais alto. Um profissional de comunicação pode fazer a diferença entre um governo medíocre e um governo menos medíocre. Caso da Administração Carlos Grana.


 


É claro que não vou destrinchar um resumo do resumo do que seria a operacionalidade técnica de um profissional de comunicação no seio de agentes públicos geralmente burocráticos, partidários, ideológicos e incapazes de enxergar uma oportunidade de ouro na esquina de um projeto. O que posso dizer sem repassar consultoria gratuita é que a estrutura de relações com a sociedade que os gestores públicos municipais mantêm está congelada no século passado e passa ao largo das novas plataformas de comunicação. Mas não é só isso. É muito mais, mas mais não vou escrever.


 


Secretários preferidos


 


O que sei é que o prefeito Carlos Grana administra uma massa de inconformidades que tem por objetivo e finalidade honrar compromissos de campanha eleitoral. Tanto que alguns secretários foram eleitos preferenciais para a cobertura da mídia. Paulinho Serra, Oswana Fameli, Thiago Nogueira e Raimundo Salles são privilegiados. A maioria dos demais faz parte da Segunda Divisão. Até entre os citados há diferenciações. Oswana Fameli, indicada pela Acisa, parece ter assinado um contrato pré-eleitoral que obriga Carlos Grana a carregá-la como papagaio de pirata a todos os eventos. Raramente os flagrantes de Grana excluem Oswana. Grana e Oswana dariam uma boa dupla caipira. 


 


Como o prefeito Carlos Grana não costuma cometer deslizes simples, à inutilidade da Secretaria de Comunicação integrada por um jornalista ele opõe provavelmente um núcleo de comunicação dirigido por advogado. É claro que nesse caso não há nenhum acerto com a presidência da OAB de Santo André, como o do pobre ouvidor que enfiaram no organograma para fazer o jogo que interessa aos poderosos de plantão.


 


O advogado substituto do jornalista também é um companheiro de lutas. O PT insiste em desprezar os especialistas e em enxergar uma gestão pública como algo que vá além de interesses partidários. Nada diferente de outros partidos, é verdade, exceto a sistematicidade doutrinária. Ou seja: o PT erra ao associar convicção ideológica e despreparo conceitual, enquanto os outros partidos tropeçam apenas por despreparo conceitual ou, em situações onde a rivalidade é maior, por simples oposição simplificadora e pontual ao PT.  


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