Política

Já temos favoritos
à disputa de 2004

DANIEL LIMA - 03/10/2000

Vicentinho Paulo da Silva, Gilson Menezes, Celso Russomanno e Jair Meneguelli. Salvo acidentes de percurso, esses grandes derrotados das eleições no Grande ABC em 1º de outubro último são sérios concorrentes em outubro de 2004. As derrotas de Vicentinho para Maurício Soares, de Celso Russomanno para Celso Daniel e de Jair Meneguelli para Luiz Tortorello já eram esperadas porque enfrentaram prefeitos em campanha pela reeleição. Já Gilson Menezes, titular de Diadema também em busca de recondução ao posto, naufragou diante de dois opositores igualmente de esquerda, o petista José de Filippi Júnior e o pepessista José Augusto da Silva Ramos, que disputam o segundo turno neste 29 de outubro.


 


O que se pode dizer sobre esse quarteto de desconsolados é que devem ter papéis de protagonistas dentro de quatro anos, não de figurantes na disputa pelas quatro mais importantes prefeituras do Grande ABC. Sim, porque até as garças que sobraram na poluída Represa Billings sabiam que no ABC do Grande ABC as eleições estavam liquidadas. Diadema é caso à parte, com o vermelho oposicionista tingindo três concorrentes que chegaram às urnas sem saber quem sobraria no segundo turno.


 


As eleições no Grande ABC só não foram decididas em Diadema e em Mauá, onde Oswaldo Dias ficou a menos de 4% dos votos para liquidar a fatura em primeiro turno e vai ter de enfrentar o ex-prefeito Leonel Damo. Maria Inês Soares bateu Valdírio Prisco em Ribeirão Pires, enquanto o petista Ramon Velasquez, que assumiu mandato-tampão em Rio Grande da Serra, dominou facilmente Valmir Copina (PPS) e outros candidatos.


 


O campeão de votos válidos no Grande ABC foi Luiz Tortorello, que massacrou o sindicalista Jair Meneguelli. Foram 78,21% de votos para o petebista, contra 15,8% do petista. A diferença é abissal, mas não pode servir de referência para as eleições de 2004 em São Caetano.


 


Meneguelli levou uma surra programada, porque espera ter plantado para colher em quatro anos, quando o carisma de Luiz Tortorello dificilmente será repassado ao seu indicado.


 


Apostando no futuro  


 


Se as possibilidades de Meneguelli podem aflorar numa São Caetano tão conservadora quanto o centralismo de Luiz Tortorello, em Santo André tudo indica que Celso Russomanno perdeu de Celso Daniel certo de que ganhará no futuro. Celso Daniel reelegeu-se com 70,13% dos votos, mas os 22,44% de Russomanno são expressivos para quem caiu de pára-quedas com candidatura de última hora. Se resolver fixar residência para valer em Santo André, o deputado federal vai criar sérios embaraços para o indicado de Celso Daniel. Klinger de Oliveira, Luiz Carlos da Silva e Vanderlei Siraque são os mais cotados.


 


Maurício Soares alcançou 60,41% dos votos válidos em São Bernardo, mas o crescimento na reta de chegada de Vicentinho, que atingiu 35,51%, é sintomático do fôlego eleitoral do sindicalista. Vicentinho garante que não lhe interessa deixar a realidade do dia-a-dia de São Bernardo por qualquer cargo na eventual administração de Marta Suplicy em São Paulo. Se não mudar de idéia, a candidatura da William Dib como sucessor de Maurício Soares dificilmente reeditará o sucesso do primeiro turno do PPS neste ano.


 


Em Diadema, a má notícia para Gilson Menezes, já candidato a 2004, é que vai sobrar um indigesto José Augusto ou José de Fillippi Júnior como concorrente no futuro. Em Mauá, a possibilidade de zerar o jogo do segundo turno entre Leonel Damo e Oswaldo Dias é tão viável quanto a perspectiva de que o derrotado de agora poderá ser o favorito de 2004.


 


Já a renovação de 38% nos Legislativos municipais, índice semelhante ao de eleições anteriores no Grande ABC, não oferece a garantia de que o baixo nível dos vereadores será minimamente alterado.


 


O problema maior da democracia, o melhor entre os piores regimes de representação de que se tem notícia, é que renovação geralmente não tem significado de recuperação, de melhoria. Muitas vezes se dá exatamente o contrário: renovam-se o clientelismo, o corporativismo, o assistencialismo. Assim tem sido o histórico político brasileiro. Convém colocar as barbas de molho antes de festejar a troca de seis por meia dúzia.


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