Política

O que se passa no quadro
eleitoral em Santo André?

DANIEL LIMA - 25/03/2004

Há interpretações diversas para o quadro eleitoral em Santo André, especificamente sobre as possibilidades de o prefeito João Avamileno festejar ou lamentar a tentativa de deixar a condição de substituto e consagrar-se titular incontestável do Paço Municipal. O cenário apresentado deriva entre suposta arrogância dos petistas, que não veriam adversários no horizonte, até o extremo oposto, de paralisia contundente, decorrente agora mais de razões externas do que domésticas, ou seja, de rescaldos dos golpes sofridos pelo partido no âmbito federal do que propriamente dos ônus das denúncias de supostas propinas que dominaram o noticiário desde o assassinato do prefeito Celso Daniel.


 


Cometerão um grande equívoco os adversários do PT em Santo André se considerarem a versão de inércia do Paço como realidade que se expandiria por mais tempo e inviabilizaria a densificação eleitoral de João Avamileno. Correrão grande risco de estatelarem-se na subestimação os agentes do Paço que desdenharem a força de mobilização dos conservadores, principalmente dos candidatos Newton Brandão e Duílio Pisaneschi. Provavelmente estarão mais perto da verdade das urnas os comandos eleitorais dessas três candidaturas que conseguirem sintonizar a frequência de racionalidade acima da passionalidade e não se deixarem engravidar pelas unanimidades sempre ilusórias dos grupos mais íntimos.


 


Há quem considere que o maior adversário do PT em Santo André é o próprio PT com suas divisões internas. Argumenta-se que os deputados Vanderley Siraque e Luizinho Carlos da Silva, do alto de 150 mil votos amealhados em 2000, estariam menos engajados na campanha de João Avamileno do que se recomendaria em termos de fidelidade partidária. Eles estariam com o breque de mão puxado para valorizar seus respectivos passes e a composição de forças aliadas que passariam a ocupar postos estratégicos na próxima administração que eles esperam petistas. Seus olhos estariam postos nas eleições de 2008. Traduzindo em linguagem mais direta: os dois deputados manteriam militâncias em posição de observação até que o calendário eleitoral se aproxime da reta final e as negociações internas se estabeleçam em bases mais vantajosas.


 


Temporada árida


 


Por isso, considerando-se essa vertente de análise, os próximos meses seriam de dureza para João Avamileno. Torceriam os exércitos eleitorais dos dois petistas pelo recrudescimento da disputa, provavelmente extratificado em pesquisas para todos os gostos. Seguindo nessa linha, quando tudo levasse a crer que o jogo estaria embolado, os dois agrupamentos mais representativos do eleitorado petista em Santo André entrariam em cena.


 


Aí, a grande massa de eleitores que ainda não se teriam decidido a escolher um candidato, e que hoje ultrapassa 80%, seria sensibilizada a apear do muro de desinteresse. A medida coincidiria com uma força-tarefa igualmente poderosa que teria o Paço Municipal como ponto de convergência.


 


Há consciência entre os adversários do PT de que não existe espaço para dois oposicionistas do Paço ao eventual segundo turno. Ao Partido dos Trabalhadores estaria reservada uma cadeira cativa. Se falta a Newton Brandão o caudal multipartidário que o advogado Raimundo Salles colocou à disposição de Duílio Pisaneschi, sobra ao triprefeito uma herança administrativa interpretada com saudosismo por extensas camadas populares.


 


A Prefeitura de Santo André dirigida em larga escala por Newton Brandão viveu os melhores momentos da trajetória histórica do Município, porque o crescente bolo de receitas tributárias permitia capacidade de investimentos em infra-estrutura material e social. Como se sabe, a desindustrialização e o gigantismo de custos vegetativos da máquina pública, entre outros pontos de metástase econômico-financeira, tornaram o gerenciamento público de Santo André uma tormenta.


 


O fator José Dilson, candidato que poderia ocupar o espaço eleitoral deixado por Celso Russomanno e já analisado aqui, só poderá ser efetivamente entrecruzado após a definição de eventual candidatura.


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