O Diário do Grande ABC tem dois pesos e duas medidas nas matérias que publica ou deixa de publicar sobre mobilidade urbana. De um lado protege o petista Carlos Grana, amigo da casa. De outro esculhamba com o petista Luiz Marinho, inimigo da casa.
A notícia publicada na edição de hoje, que dá conta de que a faixa de ônibus implantada na Avenida Doutor Rudge Ramos,
A mesma rigidez da política editorial do Diário do Grande ABC dedicada a São Bernardo deveria ser ativada nas observações sobre as faixas de ônibus
Estou decidido a tomar uma decisão para a qual me preparo: os pontos positivos relativos à instalação de faixas de ônibus
Cenário armado
A faixa de ônibus que Paulinho Serra meteu goela abaixo dos proprietários de veículos que circulam diariamente pela Rua Siqueira Campos, no Centro de Santo André, é um convite à desqualificação da gestão do secretário, boi de piranha do prefeito Carlos Grana que, na tentativa de cair nos braços das classes populares, enfiou o ambicioso secretário na enrascada de atacar a classe média motorizada.
O endereço citado só tem faixa de ônibus nas placas de sinalização. No dia a dia tudo não passa de cenarização. Não há o menor respeito às exigências porque as exigências aos motoristas de veículos particulares são exigências descabidas. Há escassez de espaço físico para simples manobras de conversão à direita. A saída é permanecer o tempo todo à direita, reservada aos coletivos. Sorte do secretário, representante eleitoral de parte da classe média mais conservadora de Santo André, que o Centro é o retrato acabado da decadência econômica do outrora “viveiro industrial” cantado no Hino Oficial do Município.
Não tive a oportunidade de acompanhar in loco o que ocorre
A ordem petista, lançada pelo prefeito Fernando Haddad, na Capital, é favorecer as classes mais sofridas tanto na ida quanto na volta do trabalho. Nada mais oportuno politicamente, mas desastroso à economia como um todo. Os custos são pagos pelos mais frágeis porque a produtividade do trabalho tende a cair de forma generalizada nas áreas geográficas mais dinâmicas lideradas por trabalhadores de maior nível técnico que não encontram alternativas de transporte público de qualidade. Mesmo numa Capital que, sob inspiração do prefeito Faria Lima, conta com legado viário muito mais apetrechado que o da Província do Grande ABC.
Incompatibilidade genética
O ponto mais importante à mobilidade urbana decente nas metrópoles continua a ser ignorado pelos gestores públicos: a compatibilidade de uso e ocupação do solo livre das amarrações deletérias e delituosas com os mercadores imobiliários, frondosos financiadores de campanhas eleitorais. Faz-se muito jogo de cena para engambelar o distinto público.
A proteção do Diário do Grande ABC ao secretário Paulinho Serra faz parte do jogo combinado de apoio à candidatura de Carlos Grana, vitoriosa em outro de 2012. Paulinho Serra abandonou as hostilidades ao PT em troca de uma secretaria de razoável visibilidade, embora também de potencial explosivo que passa ao largo da influência do jornal.
A faixa de ônibus da Rua Siqueira Campos é a confirmação de uma tragédia viária anunciada. Outros endereços escolhidos logo após as manifestações de junho do ano passado, centralizadas no transporte público, também não estariam obedecendo a quesitos tão alardeados. Haveria, segundo fontes confiáveis, um faz-de-conta que sugeriria a eficiência do sistema de faixas de ônibus.
Desconfiem, desconfiem
Sugiro aos leitores desconfiança total ao lerem informações sobre eventuais melhorias na logística da mobilidade urbana na Província do Grande ABC, sobretudo
Ainda outro dia o Diário do Grande ABC apresentou balanço do secretário de Mobilidade Urbana. Versão única, por sinal. Sem nenhum aparato de aferição. A gestão de Carlos Grana é uma caixa-preta. Como as demais. Não existe sociedade engajada para colocar um mínimo de ordem no galinheiro de manipulações. A mídia compra tudo como verdade absoluta. Desconfiem.
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ