Política

Estabilidade da disputa paulista
melhora resultados do DataDiário

DANIEL LIMA - 08/10/2014

O DataDiário (como denomino o DGABC Pesquisas de gosto duvidoso) recuperou-se parcialmente do passivo de registros de intenção de votos na disputa pela presidência da República com os resultados obtidos na mais que previsível corrida eleitoral ao governo do Estado de São Paulo. O índice de erros que atingiu dois terços na eleição em que Dilma Rousseff tenta reeleger-se foi reduzido a um terço na reeleição de Geraldo Alckmin.


 


No conjunto da obra de intenções de votos que o DataDiário realizou, a taxa de acertos e erros se dividiu igualmente em 50%. Encurtar o tempo entre o trabalho de campo e a divulgação dos dados nas páginas do Diário do Grande ABC seria uma medida de intensa salubridade à produção de um nível maior de confiança e credibilidade dos leitores. Nem toda eleição tem a característica quase monótona da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina Silva que o digam.


 


Dos 24 resultados possíveis da eleição ao governo do Estado de São Paulo aferidos pelo DataDiário, a taxa de sucesso foi bastante razoável: 16 apontamentos se enquadraram no critério de margem de erro de dois pontos percentuais para cima e para baixo. Os demais, oito, fugiram da raia da eleição paulista mais previsível de todos os tempos quando se leva em conta o distanciamento médio entre os três principais concorrentes ao longo da competição. Todo mundo estava careca de saber que Geraldo Alckmin superaria facilmente Paulo Skaff que, por sua vez, chegaria em segundo lugar com certa dose de sofrimento ante o assédio do petista Alexandre Padilha.


 


Tríplice sucesso


 


Em três dos sete municípios da Província do Grande ABC os resultados individuais dos candidatos ao governo do Estado de São Paulo estacionaram rigorosamente na margem de erro. Nove pontos positivos para o DataDiário, portanto. Nos demais, houve rachaduras razoavelmente suportáveis, menos em dois casos entre os oito de imprecisões registradas.


 


Em São Caetano, na pesquisa publicada pelo Diário do Grande ABC em 3 de outubro, antevéspera da eleição paulista, Geraldo Alckmin contava com 58,44% das intenções de votos válidos. Quando as urnas se fecharam, o governador registrou 60,33%. Com Paulo Skaff se deu algo semelhante: dos 26,24% aferidos pelo DataDiário, 25,55% se consumaram nas urnas eletrônicas. O petista Alexandre Padilha não passava de 8,99% dos votos válidos na pesquisa, e chegou a 10,35% nas urnas. Acertar pesquisa eleitoral em São Caetano é uma das grandes mamatas dos institutos especializados. A sociologia, mais que a política, explica.


 


Em Mauá, o triplo acerto do DataDiário se confirmou também sem maiores dificuldades. Geraldo Alckmin saiu de 49,41% das pesquisas do Diário do Grande ABC e alcançou 47,38% nas urnas. Paulo Skaff saiu dos 25,61% das planilhas do DataDiário para 24,39% no Tribunal Eleitoral. E o petista Alexandre Padilha passou dos virtuais 25,42% para 21,80%. O resultado de Alexandre Padilha pode ser considerado uma surpresa, atenuada pelo fato de não ter escapulido da margem de erro. Os petistas costumam elevar os índices na reta de chegada.


 


A outra tríplice vitória do DataDiário se consolidou em Rio Grande da Serra. Os números registrados pelos concorrentes também foram expressivamente semelhantes aos dados virtuais. Geraldo Alckmin constava das pesquisas com 56,15% dos votos válidos e caiu levemente para 54,15% nas urnas. Também o peemedebista Paulo Skaff escorregou na margem de erro, de 19,23% no DataDiário para 17,73% nas urnas. O petista Alexandre Padilha subiu como geralmente sobem os petistas em reta de chegada: de 21,92% para 25,93%.


 


Buracos estatísticos


 


São Bernardo foi o único município da Província do Grande ABC onde se deu um tropeço em três dos resultados previstos pelo DataDiário. Os 22,35% dos votos válidos de Alexandre Padilha registrados pelo DataDiário subiram para 28,15% nas urnas. Uma diferença além da margem de erro, mas nada escandaloso. Os outros dois concorrentes flutuaram sem grandes solavancos: Geraldo Alckmin obteve 45,23% dos votos válidos nas urnas, ante 47,84% do DataDiário. E Paulo Skaff caiu dos 26,66% previstos na pesquisa para 23,51% nas urnas.


 


Os maiores tropeços estatísticos do DataDiário se localizaram em Santo André, Diadema e Ribeirão Pires: das três situações de resultados em cada endereço, em duas se mostraram frustrantes.


 


Em Santo André, o único acerto se registrou nos 22,32% esperados por Paulo Skaff e que se tornaram 23,30% nas urnas. O petista Alexandre Padilha ultrapassou o limite da margem de erro do DataDiário, que previu 16,64% dos votos válidos e as urnas avançaram a 24,27%. Também o governador Geraldo Alckmin foi atingido: de projetados 57,05% dos votos válidos, caiu nas urnas para 49,18%.


 


Em Diadema, o erro mais grave do DataDiário, minimizado relativamente por conta da tradição petista mais fortemente influente no Município, envolveu o candidato Alexandre Padilha. O Diário do Grande ABC projetou 19,20% dos votos válidos, enquanto as urnas levaram o candidato petista ao segundo lugar na preferência do eleitorado com 35,10%. Alexandre Padilha ficou um pouco abaixo de Geraldo Alckmin, que obteve 38,44% dos votos válidos. Um resultado muito abaixo dos projetados 46,51% pelo DataDiário. Paulo Skaff caiu de 26,03% para 22,48%. Na margem de erro.


 


Em Ribeirão Pires, o acerto do DataDiário se consumou na votação de Paulo Skaff: de 23,12% projetados, o peemedebista somou 24,73%. A candidatura petista contrariou o DataDiário ao saltar de virtuais 13,60% para 19,82%. O governador Geraldo Alckmin, repetindo Diadema, teve projeção de votos superestimada pelo DataDiário: dos previstos 60,76% caiu para 52,70%.


 


Ainda mais vermelha


 


Na contagem geral dos principais concorrentes ao Palácio dos Bandeirantes, a completar o universo de 24 resultados individuais na Província do Grande ABC, houve apenas um equívoco de monta razoavelmente corrosiva: Alexandre Padilha saiu das planilhas do DataDiário anunciadas em 3 de outubro com 18,9% dos votos válidos e saltou a 27,07% nas urnas eletrônicas. O governador Geraldo Alckmin oscilou para baixo entre a virtualidade e a realidade, mas dentro da margem de erro: o DataDiário lhe reservou 52% dos votos, contra 48,67% das urnas. Paulo Skaff variou quase nada: de 25% do DataDiário para 24,24% das urnas regionais.


 


Os resultados gerais na Província do Grande ABC mostraram que, mesmo com o desgaste acentuado do governo federal, o petismo regional é mais vermelho que a média do petismo estadual, o que no fundo não deixa de ser uma obviedade. Entre os paulistas o PT obteve 18,22% dos votos válidos. Nove pontos percentuais abaixo dos 27,07% do PT na Província. Geraldo Alckmin obteve proporcionalmente menos votos na região do que no Estado de São Paulo: 48,67% ante 57,31%. Paulo Skaff variou muito pouco: de 21,53% entre os paulistas para 24,24% na Província. 


 


Provavelmente o DataDiário teria obtido margem maior de sucesso nas urnas virtuais se produzisse uma terceira etapa de pesquisas na mesma sexta-feira, 3 de outubro, em que divulgou os resultados da coleta encerrada três dias antes. A subida de Alexandre Padilha numa região que conta com concentrada mobilização petista teria sido detectada.


 


Independentemente de juízo de valor sobre a robustez dos trabalhos do DataDiário, como de outros institutos de pesquisas que atuam nacionalmente, a missão de medir o tamanho dos votos que separariam Geraldo Alckmin de Paulo Skaff e Paulo Skaff de Alexandre Padilha era tão confortável quanto antecipar as primeiras declarações de políticos envolvidos em esquemas de corrupção. Eles nada sabem, nada viram, nada comentam.


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