Administração Pública

O que esperar de um prefeito que
faz do vice-prefeito um fantasmão?

DANIEL LIMA - 19/05/2015

O Diário do Grande ABC de domingo denunciou com todas as provas requisitáveis pelos mais céticos que o prefeito Luiz Marinho e o vice-prefeito Frank Aguiar mantêm sistematicamente milhares de quilômetros de distância. Enquanto o prefeito prefeita, com perdão do trocadilho, Frank Aguiar comanda um programa de auditório numa televisão do Piaui.


 


Marinho prefeitar é força de expressão, porque está tão envolvido com as novas projeções do amigo Lula da Silva, aquele que o carrega no colo desde que virou sindicalista, que entregou a direção da Prefeitura à primeira-ministra Nilza de Oliveira, chamada nos bastidores menos temerosos de primeira dama.


 


Pensem comigo os leitores: um prefeito, qualquer prefeito, mais ainda sendo prefeito de São Bernardo, uma das maiores cidades do País e politicamente emblemática de construções e desgraças políticas, um prefeito de São Bernardo, repetindo, pode abusar do direito de enganar os contribuintes e eleitores ao permitir que o vice-prefeito, um cantor em fase de decadência, dite o rumo do próprio destino público, fugindo do espaço territorial ao qual se lançou?


 


Desdém aos contribuintes


 


Fosse minimamente transparente e republicano Luiz Marinho jamais trataria os contribuintes em geral com o desdém típico de chefe de sindicato que conta como apoio incondicional da manada de chão de fábrica. Mas como não é um prefeito comum, porque se sente mais poderoso do que qualquer outro por conta da afinidade com o ex-presidente da República, não se deve esperar esclarecimento algum sobre as férias prolongadíssimas do vice-prefeito. Marinho é muito grato a Frank Aguiar.


 


Os marqueteiros de Marinho lhe arranjaram Frank Aguiar na primeira e certeira tentativa de virar titular do Paço Municipal porque o forrozeiro entrava com facilidade na casa dos mais humildes, resistentes ao já então ex-sindicalista. Havia uma cultura de sequelas pós-greves em São Bernardo que tornava a identidade funcional de Luiz Marinho um empecilho ao crescimento nas áreas mais carentes.


 


O mesmo forrozeiro foi mantido na chapa como companheiro de Marinho na disputa pela reeleição porque acordos interpartidários falam mais alto e não convinha, também, dar sopa para a falta de sorte ao afastar a companhia de um músico de uma antiga liderança sindical que deixou ônus e bônus para a sociedade em geral.


 


Tudo bem que Luiz Marinho e sua entourage escolham quem bem entender para o cargo que quiserem, desde que, é claro, os contribuintes, mais que os eleitores, sejam respeitados. Quanto custa aos cofres de São Bernardo as mordomias do vice-prefeito ausente e do séquito de colaboradores que enfiou nas negociações para permanecer na chapa do prefeito?  


 


Quantos são os fantasmas do fantasmão Frank Aguiar? Por que o prefeito de São Bernardo foge de explicações?


 


Rigores seletivos?


 


Faço outra pergunta, a qual os comandantes da greve dos servidores públicos de São Bernardo deveriam fazer também quando se sentarem para finalmente discutir os reajustes salariais: por que a Administração petista não adota com o cantor fantasmão os mesmos rigores econômicos que supostamente quer ver aplicado nas negociações salariais com os servidores públicos?


 


Afirmou o jurista Tito Costa, ouvido que foi pelo Diário do Grande ABC, que não há irregularidade no desaparecimento de Frank Aguiar de São Bernardo. O que existe é imoralidade. O especialista em direito público não pretendeu amenizar a delinquência administrativa de Luiz Marinho, mas sim situar o caso numa esfera fora do esquadro de punibilidade legal. Muito esclarecedor, sem dúvida. Tanto quanto constrangedor ao prefeito.


 


O que se pergunta é até quando Luiz Marinho acredita que manteria em segredo o desaparecimento remunerado de Frank Aguiar? Seria algo tão secretamente longe de olhares curiosos de jornalistas como algumas aventuras do ex-prefeito que não ganharam as manchetes porque são de foro íntimo, embora homem público algum tenha o direito de arguir indevassabilidade aos escorregões extracampo?


 


Não me venham com a conversa fiada de que cada um é responsável por seus atos e que o prefeito Luiz Marinho não tem nada a ver com o andar da carruagem de Frank Aguiar? Tem tudo a ver, sim. Um prefeito que esconde do público que está sem sucessor imediato porque o sucessor imediato decidiu virar um Chacrinha do Norte é um prefeito no mínimo desastrado. Ou, mais que isso, é um prefeito refém de um vice-prefeito que deita e rola no direito e no abuso de esquecer que São Bernardo o elegeu para um cargo de expectativa, é verdade, mas um cargo de responsabilidade compartilhada.


 


Basta verificar o quanto a notícia de que Frank Aguiar está a milhares de quilômetros da cidade que o elegeu causou estupefação aos leitores para entender o tamanho da encrenca moral em que Luiz Marinho se meteu. 


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