Os jornalistas políticos da região ainda não fizeram a pesca mais óbvia do mundo nestes tempos em que já se debatem as eleições municipais do ano que vem. Não existe uma dúvida cruel a atormentar o prefeito Luiz Marinho sobre o nome que será indicado a concorrer com o dístico do PT à sucessão do ano que vem em São Bernardo. Antes do nome, porque não faltam nomes, o que mais provoca inquietação ao petista e ao entorno que lhe diz amém é o corredor polonês das investigações da Operação Lava Jato. Sendo mais reto e direto: há muita insegurança sobre a extensão territorial, politica, policial e judicial dos envolvidos fortemente ou não nas lambanças do PT e coligados na maior empresa estatal do País, a Petrobras.
Quando diz como está dizendo hoje à versão digital do jornal Diário Regional que “respeito todas as opiniões, mas vamos aguardar meu feeling”, referindo-se ao indicado à sucessão, o prefeito Luiz Marinho usa de um artificio esperto. Ele procura descaracterizar mobilizações de bastidores que pretendem, com altos coturnos petistas, evitar que as esparrelas das empreiteiras e fornecedores metidos nos lençóis da Petrobras atinjam redutos da Província do Grande ABC. Perspectiva que parece impossível, embora não se deva descartar que poderes paralelos possam contornar situações dramáticas. Haja vista que a OAS, uma das maiores empreiteiras do País e destinatária de uma imensidão de obras em São Bernardo, está à deriva depois de apanhada pela força-tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
Triplo desafio
Posto de forma simples e objetiva, o horizonte que se apresenta ao PT à disputa eleitoral do ano que vem em São Bernardo comporta desafio triplo: primeiro, escapar da zona de investigação e de punições da Operação Lava Jato; segundo escolher um concorrente que seja minimamente competitivo num ambiente de deterioração da imagem e do prestígio do partido; terceiro, torcer para que os oposicionistas sejam cada vez mais individualmente ambiciosos e beligerantes a ponto de facilitarem a tarefa aparentemente impossível de vitória de uma candidatura petista mambembe.
A volta de Tarcísio Secoli à Secretaria de Governo, de onde saiu para orquestrar a frustrante dinheirama de investimentos em obras anunciadas euforicamente como as mais volumosas e importantes da história de São Bernardo, é mais que um sinal de recuo e de repensar da estrutura operacional que se pretende armar com vistas às eleições.
A retirada de Tarcísio Secoli da Secretaria de Obras desidratada de recursos financeiros federais, porque tudo nascia no berço esplêndido das empreiteiras e da farra do boi de um orçamento fantasioso, é um momento de lucidez da Administração Luiz Marinho. Afinal, instalado onde não tem dinheiro, Secoli estaria queimando de vez uma das opções do PT para concorrer ao Paço.
Provavelmente Tarcísio Secoli seja a alternativa partidária mais forte. O deputado estadual Luiz Fernando Teixeira já teve seus tempos de glórias, período no qual exercitou o que os oposicionistas, inclusive petistas, mais alardeiam como principal característica: excesso de vaidade pessoal combinado com contraditório materialismo evangélico.
Aquilo na mão
Quem acredita que o prefeito Luiz Marinho admita espera pelo andar da carruagem das investigações da Lava Jato para dar sinais mais claros da preferência pessoal ou da agremiação pelo companheiro que tentará a sucessão eleitoral requer um choque anafilático de realidade. Faz parte do jogo político, principalmente para tentar afastar evidências em contrário, que se propaguem versões como a de Luiz Marinho ao jornal Diário Regional. “Felling” é um verbete-expressão que poderia facilmente ser substituído por “desconfiança”.
Marinho está com aquilo na mão e aquilo na mão não é o mesmo aquilo na mão que o então presidente Collor de Mello dizia ter nos tempos em que frequentava o noticiário político como caçador de marajás.
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19/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (24)