Política

Quando Julinho Fuzari vai levar
adiante ação contra Marco Zero?

DANIEL LIMA - 08/07/2015

O assalto aos cofres públicos de São Bernardo executado pela MBigucci no arremate quadrilheiro do terreno em que constrói o empreendimento Marco Zero da Vergonha continua ignorado pelo Legislativo. Vai completar três meses desde que, em 19 de maio último, o Diário do Grande ABC anunciou que o vereador do PPS, Julinho Fuzari, estava tomando providências em conjunto com a agremiação para provocar o desarquivamento do inquérito sobre as ilegalidades que beneficiaram Milton Bigucci, também presidente do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC.


 


Em outra reportagem, o Diário do Grande ABC publicou que os vereadores estavam sendo pressionados por Milton Bigucci a não assinar requerimento liderado por Julinho Fuzari. De lá para cá o assunto caiu no esquecimento. O Legislativo de São Bernardo é uma maria-vai-com-as-outras como a maioria dos legislativos.


 


Decidi escrever estas linhas após três tentativas infrutíferas de ouvir Julinho Fuzari. Deixei recados em sua caixa postal eletrônica. Interessante que o vereador, provavelmente porque não está em período eleitoral, mantém a caixa postal do celular em ponto fixo, ou seja, acionada sempre que alguém resolve lhe ligar. Atendimento ao vivo e em cores nem pensar. Provavelmente apenas a interlocutores conhecidíssimos.


 


Assunto desagradável


 


Talvez Julinho Fuzari só dê retorno quando lhe convém. Na terceira tentativa deixei expresso o recado: pretendia falar sobre a roubalheira do Marco Zero da Vergonha. O que aparentemente se apresentava como filão em defesa da moralidade e da idoneidade da gestão pública, porque o Marco Zero da Vergonha é um acumulo de irregularidades, virou, no entendimento de Julinho Fuzari, algo que deva ser evitado.


 


Disse o vereador Julinho Fuzari, naquela reportagem ao Diário do Grande ABC de 19 de maio, que estaria na quarta-feira seguinte no Fórum de São Bernardo para conversar com promotores sobre o caso. A matéria saiu numa edição de sábado. Julinho Fuzari provavelmente se envolveu em tantos trabalhos, porque o Legislativo de São Bernardo é extraordinariamente ocupado com o futuro da cidade, que se esqueceu da promessa.


 


O que se sabe nos bastidores do Legislativo é que a grande maioria dos vereadores segue encabrestada pelo prefeito Luiz Marinho. Há mensalinhos de atenção do Executivo que desestimulam ações independentes não só da base de sustentação, mas de parte da base supostamente de oposição. Dizem que o prefeito Luiz Marinho é extremamente carismático com os legisladores. Comove-os toda santa vez que mantém diálogos individuais ou coletivos. Seu poder de persuasão é infinitamente maior que o de seu primeiro amigo, Lula da Silva.


 


Só gente maldosa de coração e de alma seria capaz de afirmar que Luiz Marinho é tão simpático quando um personagem de filme de terror. Isso é onda da oposição. Não da oposição do Legislativo, porque a oposição do Legislativo é para estúpido ver.


 


Parceiros para sempre?


 


O que sei é que não deixarei de saber que Luiz Marinho e Milton Bigucci são parceiros até onde for possível. Eles deixaram no passado toda a antipatia mútua que os separavam. O empreendimento Marco Zero da Vergonha, que a MBigucci começou a tirar do chão após a posse de Luiz Marinho, já que o leilão de irregularidades se deu no último ano de mandato de William Dib, teria sido a pedra de toque do reexame das relações. Eles passaram a se juntar para qualquer tipo de empreendimento imobiliário interessante.


 


Desconfia-se que Julinho Fuzari tenha percorrido o mesmo circuito de apaziguamento e acasalamento. O Marco Zero da Vergonha, de provas testemunhais e documentais que explicitam a ilegitimidade do leilão, tem o condão de aproximar antagonismos viscerais.


 


Trocando em miúdos, o que apareceu no horizonte como barreira a obstar os passos do Executivo e do empresário ganhou a forma de vantagens mútuas. Eles teriam sabido fazer do limão, limonada. Para tanto contaram com a incapacidade do Ministério Público de São Bernardo em colhê-los em flagrante delito. Algo contra o qual Julinho Fuzari chamou a responsabilidade de retirar da fragilidade investigava. Pelo jeito, desistiu da ideia. Juntamente com os demais vereadores, devotos dos favores diretos e indiretos do prefeito petista.


 


E pensar que tudo isso e muito mais se dão exatamente quando o País é sacudido pelo escândalo da Petrobras que já fez prisões exemplares.


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