Política

Paulinho Serra põe mais lenha na
fogueira eleitoral em Santo André

DANIEL LIMA - 21/09/2015

O agora de novo tucano Paulinho Serra aquece motores logísticos para chegar ao Paço Municipal de Santo André. Paulinho Serra não tem currículo que o faça engatar uma quinta marcha rumo ao gabinete ocupado pelo petista Carlos Grana. Quase nada em sua atividade pública de vereador e secretário de mobilidade urbana recomenda o destaque que supostamente teria na corrida eleitoral. Mas Paulinho Serra pode virar o grande favorito da competição, agora com o suporte do governador Geraldo Alckmin. O peso de seus vácuos é menor que o potencial dos passivos dos adversários. Paulinho Serra coloca mais lenha na fogueira de dúvidas eleitorais em Santo André.


 


Tudo indica que Paulinho Serra entrará na disputa para valer com três adversários densos de votos: o desgastadíssimo prefeito Carlos Grana, o ameaçadíssimo ex-prefeito Aidan Ravin e o gelatinoso advogado Raimundo Salles. Só a adjetivação que reservei a cada um dos concorrentes explica a possibilidade de Paulinho Serra chegar à vitória em outubro do ano que vem. Imaginem então se sua biografia política fosse indicativo de que projetaria, sem risco, uma Santo André maltratada em uma Santo André recuperável.


 


Estragos do Petrolão


 


Carlos Grana está desgastadíssimo por conta dos efeitos do Petrolão e de todas as lambanças do PT em nível federal. Sabe o prefeito de Santo André que o ônus de carregar a estrelinha vermelha no peito é enorme numa Santo André em maior parcela conservadora. O voto popular, de periferia, se esfarela ao sabor da crise econômica. A relação entre PT e Petrobras é cada vez mais desgastante junto ao eleitorado. Por fatores internos, de gestão municipal propriamente dita, Carlos Grana não fica nada a dever aos antecessores -- depois de Celso Daniel, é claro. Santo André dispõe cada vez mais de escassas possibilidades de governança e governabilidade. Há infiltrações de todos os tipos no mundo político e o dinheiro escasseia num orçamento abatidíssimo ao longo dos anos pelo enfraquecimento industrial. Carlos Grana cometeu um grande erro, fruto do noviciado: prometeu o mundo e os fundos e deu com os burros nágua como campeão do Observatório de Promessas e Lorotas.


 


Aidan Ravin talvez ainda não se tenha dado conta de que seu capital político perdeu a viscosidade dos primeiros tempos de prefeito de Santo André. Exatamente à medida que acreditou que um bom trabalho em uma ou duas secretarias seria suficiente para salvar a pátria municipal. Encerrou a gestão de forma patética e acabou escabeçando a Máfia do Semasa, delatada pelo advogado Calixto Antônio Júnior, o qual escalou àquela autarquia para um refinado esquema de pilantragens denunciado pelo Ministério Público apenas pela metade. O promotor criminal Roberto Wider Filho perdeu a mão e deixou os bandidos engravatados do lado de fora dos rigores da lei.


 


De galho em galho


 


Raimundo Salles pulou de galho em galho de agremiações políticas, inclusive como secretário de Cultura da gestão de Carlos Grana, a ponto de não despertar confiança do eleitorado. Como, entretanto, não carrega qualquer indicativo de que tenha participado de escândalos, não está fora de cogitação que venha a ganhar expressiva simpatia de um eleitorado que poderia minimizar a fluvialidade de filiações partidárias e lhe dar um voto de adesão.


 


Paulinho Serra se diz seguidor de Celso Daniel, mas já parece ter passado da hora de justificar o discurso. Seguidor de verdade dá provas de que aprendeu com o suposto mestre. Não é o que tem ocorrido nos anos em que Paulinho Serra meteu-se no jogo político. Há vácuo imenso entre o discurso e a prática. Entretanto, como é jovem, é provável que o eleitorado majoritariamente alheio às suas atividades -- porque seu nicho concentra-se no centro expandido de classe média -- o veja como novidade que não é mas que nem por isso pode deixar de ser, caso resolva surpreender.


 


A corrida eleitoral em Santo André é um enorme ponto de interrogação para quem está suficientemente informado e não tem rabo preso com nenhum dos candidatos. Tudo pode acontecer, mas o pouco provável, nestas alturas do campeonato, é que Carlos Grana, apesar da empatia popular, cruze a reta final. Há objeção cáustica ao petismo que dificilmente se diluirá até outubro do ano que vem.


 


Queda de Dilma


 


Talvez a melhor solução para Carlos Grana contar com mais viabilidade à reeleição seja a queda o mais breve possível de Dilma Rousseff, porque à oposição vão sobrar os estragos econômicos que irão perdurar por muito tempo. Nem sempre os eleitores, principalmente os eleitores de baixa escolaridade, distinguem a autoria de malfeitos.


 


O outro lado da moeda de potencialidade destrutiva à candidatura de Carlos Grana são as investigações e penalidades aplicadas aos integrantes do Petrolão. Tudo indica que não faltarão personagens da região, raias miúdas para a força-tarefa da Operação Lava Jato, que possivelmente serão levados à ribalta. No tempo inconvenientemente exato das eleições municipais.


 


Faltando mais de um ano às eleições municipais em Santo André, diria provisoriamente que Paulinho Serra tem menos votos que todos os demais individualmente, mas que numa projeção que leve em conta aspectos macropolíticos e micropolíticos, reúne maior probabilidade de chegar em primeiro lugar. Mesmo sendo um concorrente aquém do que se espera à recuperação de uma Santo André praticamente insolúvel porque a roda da história girou e a Província não se deu conta de que passou a comer poeira. 


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