Administração Pública

Entenda por que Marinho está
enrolado na Operação Lava Jato

DANIEL LIMA - 10/11/2015

A revista Veja desta semana destaca a participação do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, no escândalo da Petrobras desvendado pela Operação Lava Jato. Havia muito tempo a Província do Grande ABC esperava pela confirmação do envolvimento do petista no maior escândalo da história do País. Como o PT está metido até o talo nessa imensa sujeira, seria muito pouco provável que Luiz Marinho, um dos destaques da cúpula da agremiação, não tivesse tido participação. Ainda mais que é amigo muito, mas muito próximo, do ex-presidente Lula da Silva.


 


Leiam alguns trechos da reportagem da revista Veja:


 


 Dinheiro deixou de ser um problema para o PT desde que o partido chegou ao governo e transformou a Petrobras em banco partidário. A cada depoimento colhido pelos investigadores da Operação Lava Jato, surge uma novidade envolvendo o destino de alguns dos bilhões de reais que foram desviados da estatal. A mais recente veio do ex-diretor financeiro da UTC, uma das empreiteiras envolvidas no escândalo. Walmir Pinheiro, que, entre outras coisas, cuidava da contabilidade clandestina da empresa, revelou aos procuradores do caso que além de pagar propinas ao PT e a seus dirigentes, financiou a candidatura de prefeitos com dinheiro de corrupção. O executivo contou ter enviado recursos do petróleo para as campanhas eleitorais de candidatos do partido em São Bernardo do Campo (SP), Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Contagem (MG) e Montes Claros (MG). O dinheiro saiu das obras de construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).


 


Mais reportagem da revista Veja que está nas bancas:


 


 (...) As campanhas municipais, de acordo com o executivo, receberam 1.8 milhão de reais. Dos seis beneficiários, apenas um obteve sucesso nas urnas. Em São Bernardo do Campo, Luiz Marinho conseguiu se reeleger. Os demais – Humberto Costa (Recife), Marcio Pochmann (Campinas), Patrus Ananias (Belo Horizonte), Durval Ângelo (Contagem) e Paulo José Guedes (Montes Claros) – foram derrotados, apesar do reforço de caixa. O senador Humberto Costa disse que todas as doações recebidas foram declaradas à Justiça Eleitoral. O prefeito Luiz Marinho deu a mesma resposta-padrão.


 


Falta transparência


 


Ao final deste artigo vou chamar à leitura algumas matérias que publiquei nesta revista digital, nas quais coloco a gestão de Luiz Marinho sob suspeição. São vários os casos que corroboram para a assertiva de que a delação premiada do empreiteiro estaria encaixadíssima nos fatos registrados fora do âmbito oficial de financiamento eleitoral. Marinho é um prefeito de ações obscuras e indutivamente pecaminosas.


 


Não faltam exemplos de questionamentos que o prefeito de São Bernardo jamais se deu ao trabalho de responder à mídia. A prática de uma administração que despreza o contraditório e, mais que isso, busca o caminho da arbitrariedade disfarçada de direito, ao investir no Judiciário contra quem não reza em sua cartilha, é típica de quem não se dispõe a fazer da transparência plano de governo.


 


As obscuridades que cercam o malfadado projeto de construção de um aeroporto internacional em área ambiental de São Bernardo (o tal Aeroportozão ao qual nos referimos muitas vezes aqui), os segredos sobre a área (e também sobre o lobby) em que seria instalada a fábrica que atenderia ao projeto dos caças suecos Gripen, o apressado e mal-cheiroso projeto que alterou substancialmente o uso e a ocupação do solo de mais de dois milhões de metros quadrados de áreas próximas ao previsto traçado do Monotrilho em São Bernardo, a suspensa obra de construção de usina de lixo, o quadro acionário da empresa que construiu o que foi possível do Museu do Trabalho e do Trabalhador – tudo isso é parte de um quebra-cabeça em que prevalecem peças e mais peças de informações duvidosas.


 


Paradoxo administrativo


 


A lista de inapetências administrativas de Luiz Marinho é tão extensa que abarca também paradoxos, como o fato de que, mesmo tendo sido realizada durante a administração do antecessor William Dib, o prefeito petista preferiu acobertar as irregularidades da licitação de terreno público arrematado por empresários que agiram como quadrilha organizada. Um relatório deliberadamente omisso foi enviado ao Ministério Público de São Bernardo para acobertar a travessura administrativa, medida com a qual pode exibir, mesmo que precariamente, a idoneidade do negócio de um contribuinte sobejamente conhecido por industrializar moradias e complicações no Ministério Público do Consumidor e no Ministério Público Estadual que trata de corrupção no caso da Máfia do ISS em São Paulo. 


 


Pouquíssimas ações da gestão Luiz Marinho são transmitidas ao público consumidor de informações com a garantia de que não existe outro lado menos róseo a ser desvendado. A troca do Procurador-Geral do Município, José Roberto Silva, receptor da denúncia desta revista digital sobre o escândalo do terreno arrematado para a construção do empreendimento Marco Zero, da MBigucci, é emblemática do modo de governar de Luiz Marinho. José Roberto Silva desapareceu do cronograma da Prefeitura de São Bernardo pouco tempo depois de assegurar que tomaria todas as providências para punir exemplarmente os servidores públicos que participaram da encenação da licitação do terreno entre a Avenida Kennedy e a Avenida Senador Vergueiro.


 


Desinteresse na omissão 


 


Em nenhuma das duas incompletas investigações do MP de São Bernardo houve colaboração efetiva da Administração de Luiz Marinho. Muito pelo contrário. A ordem parece ter sido dada no sentido de que se apresentassem tudo, menos o que de fato interessava para resguardar os interesses dos contribuintes.


 


Não tenho uma única razão para duvidar da delação premiada do empreiteiro que resolveu aumentar a lista de políticos favorecidos pelo dinheiro sujo da Petrobras. E vou mais longe: na medida em que raias graúdas da política e do empresariado nacional forem exemplarmente enquadradas pelos crimes cometidos, mais aumentará a probabilidade de a lista de raias miúdas aparecerem no noticiário. E a Província do Grande ABC, como centro político importante do PT, vai cair de vez na rede.


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