Política

Alckmin vai apoiar Morando em
São Bernardo. Nada mais lógico

DANIEL LIMA - 27/01/2016

O jornal ABCD Maior deu manchete digital ontem sobre a disputa eleitoral em São Bernardo, “Alckmin apoia Morando e complica intenções de Alex Manente”. Seria surpresa e burrice se o governador apoiasse o deputado federal Alex Manente em detrimento do tucano, como ele, Orlando Morando. E a relação de causa e efeito não tem a ver com questão exclusivamente partidária, porque Manente é do PPS. Trata-se de fidelidade e de coerência, além de credibilidade e sensatez.  


 


Só faltava o governador que quer destronar o PT da cidadela politicamente mais importante do País, porque berço do partido, apostar as fichas num candidato que já traiu os tucanos e tudo indica que está a costurar nova trairagem este ano, ao se aliar por baixo dos panos aos petistas. Tudo feito com artimanhas mais que conhecidas e que têm como origem a baixíssima possibilidade de Tarcísio Secoli, escolhido pelo PT, sequer inscrever-se ao segundo turno.


 


O noticiário do ABCD Maior, publicação de centro-esquerda que apoia o governo petista de Dilma Rousseff, é enfático na definição favorável a Orlando Morando. A reportagem do jornal ouviu o presidente estadual do PSDB, deputado estadual Pedro Tobias. "De acordo com Tobias, o fato de o PPS ser aliado ao PSDB no Estado de São Paulo e na esfera nacional não o credencia para inviabilizar candidaturas tucanas nas eleições municipais" -- escreveu o jornal. Que completou com uma declaração de Tobias: "A candidatura de Morando está consolidada e é trabalhada já faz tempo. O PSDB estadual em São Bernardo é 200% Morando, não resta dúvida. O apoio e participação de Alckmin será para campanha do tucano", garantiu Tobias ao ABCD Maior.


 


Facilitando o resultado


 


Quem duvida que Alex Manente tenha apoiado o PT despreza o que ocorreu nas vésperas das eleições de 2008 quando, com muito dinheiro, Luiz Marinho foi eleito prefeito de São Bernardo em segundo turno contra Orlando Morando. Na tentativa de auxiliar o PT a derrotar o tucano no primeiro turno e encurtar a disputa, Alex Manente praticamente desistiu da candidatura na fase final daquela etapa. Fez o que lhe recomendaram os amigos do PT: deixe a bola rolar, sem esforço, e mande o pessoal apoiar o Luiz Marinho de forma camuflada.


 


E foi o que Alex Manente fez, embora durante muito tempo, durante a Administração de William Dib, fosse aliado do então prefeito tucano. Preterido à disputa majoritária, reavaliou as perspectivas eleitorais e se aproximou dos petistas, com quem fez jogo de cena até o abraço final.


 


Está no Diário do Grande ABC de 30 de setembro de 2008, uma terça-feira que antecedia a disputa de primeiro turno, no domingo seguinte, o que transcrevo em seguida:


 


 A quatro dias da eleição, o candidato a prefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT) afirma: “já tenho o apoio do Alex Manente (PPS)”. A aliança, costurada desde o início da campanha eleitoral, pode significar a tão cobiçada reconquista do Paço para o PT, já que o sindicalista está na dianteira com 38% das intenções de voto e Alex, em terceiro lugar, com 13%, segundo pesquisa Diário/Ibope. A declaração de Marinho foi feita ontem à tarde, durante caminhada no Jardim Nazareth, mesmo bairro que Alex visitou de manhã. Insistindo no discurso de “vitória no primeiro turno”, o petista guardou a sete chaves as armas que pretende usar em eventual segundo turno, mesmo mantendo a postura de vencedor do jogo ao lado do popular-socialista. “Estou seguro que se tiver segundo turno teria o apoio do Alex Manente, de quem deseja mudança e das pessoas de bem dessa cidade. As pessoas do mal ficarão contra nós”, ponderou, em referência aos aliados do prefeiturável tucano e rival, Orlando Morando (PSDB), com 26% da preferência. O candidato do PPS, no entanto, afirmou que não discutirá cenário para o segundo turno até domingo, data do pleito. Mas não desmentiu a declaração do petista. Com o passe valorizado, Alex classificou a possibilidade de decisão na primeira rodada; “O Marinho está escolhendo adversário, mas acho difícil a vitória no primeiro turno. Ainda estou confiante que meus votos estão fechados dentro de casa” – escreveu o Diário do Grande ABC. 


 


Quem ainda tem dúvidas sobre a combinação entre Luiz Marinho e Alex Manente nas disputas de 2008 deveria também ler o que se publicou em oito de outubro daquele 2008, três dias depois de se decidir que Marinho e Morando disputariam o segundo turno em São Bernardo. Leiam:


 


 Após meses de especulação sobre a suposta união entre o PT e o PPS de São Bernardo – mesmo antes do registro das candidaturas – o popular-socialista Alex Manente oficializou ontem apoio ao prefeiturável petista Luiz Marinho sob a promessa de que “a partir de 1º de janeiro, todos os segmentos participarão da gestão”. A coalizão conta agora com 15 siglas aliadas. Embora Alex e Marinho neguem as negociações no primeiro turno, ventila-se nos bastidores que a moeda de troca para a aliança teria envolvido secretarias e eventual cadeira da presidência da Câmara, provavelmente ocupada pelo ex-secretário de Obras Otávio Manente, eleito vereador pelo PPS com 4.721 votos. (...) Empenhado em participar da “transformação” no município, Alex, que foi acusado pelo prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB) de estar na eleição “à serviço do PT”, não contrariou a afirmação do tucano. Durante o ato, que contou com a militância do PPS e PT em peso, o popular-socialista disse estar “feliz em poder declarar publicamente apoio pessoal e político-partidário à candidatura petista”.  


 


Campanha caríssima


 


Não custa lembrar que a eleição de Luiz Marinho em 2008 para comandar a Prefeitura de São Bernardo foi uma das mais caras do País. Cada voto recebido custou à época R$ 47,00. Em valores de hoje, com correção pelo IPCA, chega-se a R$ 73,80.  Oficialmente a campanha custou R$ 11 milhões, em valores de então. Metade repassada anonimamente pelo comitê nacional do partido, irrigado pelo escândalo do Petrolão.


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