Política

PT de Mauá festeja soma de
passivos de Vanessa e Atila

DANIEL LIMA - 16/03/2016

Não é conversa de vendedor de ilusão, garantem assessores do prefeito Donisete Braga, de Mauá. A notícia de que a deputada Vanessa Damo desistiu de candidatar-se à Prefeitura de Mauá para se juntar ao também deputado estadual Atila Jacomussi foi comemorada em petit comitê como contraponto eleitoral de que a gestão Donisete Braga tanto necessitava para amenizar o desgaste provocado pelas lambanças petistas no governo federal.

Sem Vanessa, mas com a família Damo engajada na candidatura de Jacomussi, Donizete Braga encontrou o que muitos consideram a estrada de Damasco da reeleição.  O enfraquecimento travestido de reforço da oposição é o que todo candidato da situação mais sonha. Jacomussi e os Damo proporcionaram essa alegria aos petistas, consolidada com a ocupação da vaga de candidato a vice-prefeito pelo marido da deputada, José Carlos Orosco.

Os petistas de Mauá reconhecem nos bastidores que o governo Dilma Rousseff e seus desdobramentos não são boa companhia para quem vai disputar o Executivo em outubro próximo com a identificação ligada ao PT. Há fratura exposta na credibilidade do partido. Há desconfiança generalizada.

Entretanto, Donisete Braga coloca todas as fichas de potencialidade eleitoral no deslocamento do debate macropolítico, ou seja, do foco no ambiente nacional. Acredita o prefeito de Mauá que a série de medidas que tomou durante quatro anos de governo, mesmo com dificuldades orçamentárias, será suficiente para municipalizar a disputa. Ou seja: o federal perderá espaço para o local.

Fazendo a cabeça

Uma ação coordenada e sistemática de corpo a corpo, principalmente nos finais de semana, quando todo mundo está em seu respectivo bairro, permitiria, na avaliação dos petistas, reencaminhar a cabeça do eleitorado fortemente doutrinado fora das quatro linhas do Município, por trabalhar em outras localidades.

Mais de 50% da população economicamente ativa de Mauá está empregada em algum outro Município da Região Metropolitana de São Paulo. Essa evasão de cérebros, de músculos, de identificação municipal e de cidadania, teria flexibilidade suficiente para que, recomposta nos finais de semana, apagasse parte do desgaste do partido em nível federal em favor das realizações municipais.

Municipalizar a disputa é tudo o que o PT mais deseja em todos os locais em que disputará prefeituras. O problema é combinar com os russos, no caso com o eleitorado e também os opositores. Em Mauá, a junção da família Damo com os Jacomussi é, na visão dos petistas, tudo de bom para dar sentido à possibilidade de a reeleição ser muito mais provável do que inicialmente imaginado.

A história política da família Damo provavelmente será esmiuçada pelos petistas, bem como a dos Jacomussi. Parece pouco provável que os pecadilhos e pecadões cometidos ao longo de temporadas seguidas não serão rastreados e expostos a um eleitorado de memória curta. Trabalha-se na gestão Donisete Braga com o conceito de que nada melhor para combater o presente de percalços nacionais, mesmo que não diretamente relacionados ao candidato, do que voltar ao passado municipal especificamente ligado ao concorrente da oposição e seus parceiros.

Tropeços de Damo

As agruras petistas no governo federal serão subestimadas nos debates da campanha eleitoral de Donisete Braga, embora sejam o prato preferido de cada dia dos adversários. O PT de Mauá não cometeria o erro de vincular mais do que já estava vinculado o nome do prefeito ao Partido dos Trabalhadores. Haveria sim uma proposta no sentido de abrir o baú de acusações e irregularidades que pesaram sobre a gestão de Leonel Damo durante os mandatos em que comandou a Prefeitura, bem como a participação dos Jacomussi na vida pública local. Tudo isso no campo defensivo. Na ofensiva, o que se pretende é levar ao eleitorado as realizações de Donisete Braga, as quais superariam promessas que não saíram do papel principalmente porque houve contração de investimentos federais prometidos.

Há alguns pontos-chave a ser explorados durante a campanha de Donisete Braga. A moralização e a eficiência do sistema público de transporte é espécie de abre-alas de competência de gestão, segundo avaliações internas. A renegociação da dívida com o governo federal, espada que durante décadas praticamente congelou qualquer plano sério de investimentos, também consta da lista de prioridades. Outros pontos estão sendo cuidadosamente analisados para transmitir ao eleitorado de Mauá, de forma subliminar, que o prefeito Donisete Braga seria espécie de governo de Lula da Silva mesmo durante a gestão de Dilma Rousseff. Ou seja: é uma sequência de bons resultados.

Talvez pelas características da gestão empreendida e também pelos aspectos econômicos e culturais de Mauá, Donisete Braga seja o petista com maior viabilidade de ser chamado de prefeito quando o próximo ano começar. Essa é a avaliação que especialistas em Mauá isentos partidariamente traçam nestas alturas do campeonato. Carlos Grana terá muito mais dificuldades de vencer em Santo André e Tarcísio Secoli não sairia da condição de zebra mais que improvável como sucessor de Luiz Marinho em São Bernardo. José de Filippi poderia aproximar-se do nível de viabilidade de Donisete Braga, mesmo com as denúncias que o envolvem no escândalo da Petrobras, porque conta com recall eleitoral de três gestões. Seriam esses mandatos a vacina antipetista que se espalha na sociedade regional, como de resto no País.



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