Esportes

Reforços no ataque podem
levar São Caetano ao acesso

DANIEL LIMA - 27/07/2016

O São Caetano que lidera um dos grupos da primeira fase da Copa Paulista desta temporada com 100% de aproveitamento é um time mais forte que aquele que disputou a Série B do Campeonato Paulista. O que poderia soar como incoerência administrativa – a competição do primeiro semestre abriu duas vagas à Série A do Paulista do ano que vem – segue lógica da agremiação mais bem colocada da região no ranking da Confederação Brasileira de Futebol. O título (e até mesmo o segundo lugar da Copa Paulista) pode significar o retorno do São Caetano ao circuito nacional, assegurando vaga na Série D do Campeonato Brasileiro do ano que vem. Se isso ocorrer, a equipe teria passado apenas um ano no calvário do esquecimento nacional.

O São Caetano que ganhou os três jogos disputados até agora na Copa Paulista (o quarto jogo será hoje à noite em casa diante do Água Santa de Diadema) é mais forte porque é mais equilibrado que o do primeiro semestre. Houve algumas perdas, caso do goleiro Renan (contrato encerrado), Júnior Alves (contundido e em recuperação) e Neto (transferiu-se para o futebol português) entre os titulares da Série B Paulista. Entretanto, exceto Neto, as mudanças no sistema preparado pelo técnico Luiz Carlos Martins não provocaram transtornos. Mais que isso: com a chegada de cirúrgicos reforços, principalmente ao ataque, o São Caetano passou a contar com mais opções e, principalmente, descobriu um atacante que reúne velocidade e finalizações contundentes para dividir a preocupação dos zagueiros com o centroavante Jô. Trata-se de Adriano Paulista, artilheiro que veio do Juventus para jogar pela esquerda, com força, velocidade, deslocamentos em diagonal e chutes fortes.

Buraco preenchido

Tudo que Robson fez no ano passado na Série D do Brasileiro e não pode ser repetido na Série B do Paulista porque se transferiu para o Paraná. O buraco deixado por Robson finalmente foi fechado. Mais que fechado. Superfechado. Além de Adriano Paulista, também está agregado ao elenco outro atacante – Ermínio --, artilheiro da Série C do Campeonato Paulista. Ermínio tanto pode ser aproveitado como segundo centroavante ou como segundo atacante mais aberto, pela direita ou pela esquerda.

A ausência de Neto está a exigir do técnico Luiz Carlos Martins uma adaptação no meio de campo. Esley, Ferreira, Daniel Costa e Mateus jogaram juntos neste ano, com Mateus geralmente mais avançado ante a ausência de alguém para dividir com Jô as preocupações dos zagueiros adversários. Agora, com Adriano Paulista ao lado de Jô, Mateus joga um pouco mais recuado. Nada melhor, porque seu futebol rende mais quando vem de trás, fora da linha dos zagueiros. Foi assim, aliás, que Mateus e Jô envolveram a defesa do Flamengo de Guarulhos domingo no Estádio Anacleto Campanella no primeiro dos três gols do centroavante, numa vitória tão fácil que parecia um treino.

Há diferenças profundas entre o futebol que Mateus poderá jogar no limite de suas qualidades e o que Neto jogou tanto nesta temporada quanto na anterior. Mateus é menos combativo, tem menos intensidade e finaliza com menor grau de força que Neto, mas ganha na inventividade, nos deslocamentos verticais. Entretanto, não reproduz há muito tempo o futebol do início desta temporada. É inconstante. Desliga-se do jogo com facilidade.

Adaptação no meio de campo

A adaptação tática de Mateus ainda parece precária, porque o técnico Luiz Carlos Martins também se tem utilizado do jovem Norton, meio-campista que, emprestado ao Barretos, foi uma das revelações da Série B do Campeonato Paulista deste ano. Norton é mais clássico que Mateus.  Eles estão jogando juntos na Copa Paulista. Têm mais liberdade que Esley e Ferreira, os dois volantes da equipe.

Quando quer colocar o time mais incisivamente no ataque, Luiz Carlos Martins substitui Mateus, Daniel Costa ou Norton, quando não dois deles, para colocar mais atacantes. No primeiro semestre não havia no banco de reservas jogadores que pudessem dar mais velocidade ao ataque. Agora o treinador também conta com Ualisson Pikachu, rápido e veloz.

Num resumo da ópera preliminar sobre o São Caetano que se apresenta neste início de segundo semestre o mais razoável é afirmar que tudo indica que colecionará números diferentes das três competições anteriores sob o comando de Luiz Carlos Martins. Possivelmente terá um estoque de gols a favor mais confiável para não morrer na praia. Até porque, a Copa Paulista não reúne o mesmo grau de dificuldades das duas edições da Série B do Paulista e da Série D do Brasileiro em que o São Caetano foi um dos principais destaques mas derrapou na reta de chegada (Série B do ano passado) ou na fase de mata-mata (Série B do Paulista deste ano e Série D do Brasileiro do ano passado).

Contradição tormentosa

O técnico Luiz Carlos Martins trouxe equilíbrio e tranquilidade ao dia a dia do São Caetano desde que a equipe quase foi rebaixada à Série C do Campeonato Paulista em 2014, depois de cair seguidamente no circuito nacional. Entretanto, o título de “Rei do Acesso” que carrega como espécie de sobrenome não se tem convertido em realidade. Três vezes consecutivas o São Caetano deu com os burros nágua quando o acesso era esperado.

Na Série B do Campeonato Paulista do ano passado o São Caetano terminou com a mesma pontuação do Água Santa de Diadema (quarto classificado e com lugar assegurado na Série A), mas perdeu nos critérios de desempate. No segundo semestre do ano passado o São Caetano fez a melhor campanha entre quatro dezenas de participantes da Série D do Campeonato Brasileiro, mas foi eliminado nas quartas de final da fase de mata-mata pelo Botafogo de Ribeirão Preto: perdeu fora e empatou em casa.

Neste ano, na Série B do Paulista, terminou a fase classificatória em primeiro lugar, mas perdeu nas oitavas de final do mata-mata para o Santo André, que terminara em oitavo lugar. Contabilizou uma derrota fora e um empate em casa.

Desde que chegou ao São Caetano, Luiz Carlos Martins dirigiu a equipe em 52 jogos oficiais. Foram 28 vitórias, 15 empates e nove derrotas. Um aproveitamento de 63,46% dos pontos, índice que garante acesso em qualquer competição. O problema do São Caetano de Luiz Carlos Martins é que tem insistido em perder quando o empate seria o melhor resultado e teima em empatar quando a vitória seria indispensável, casos dos dois mata-matas e também da reta de chegada de pontos corridos da Série B Paulista do ano passado.

A perspectiva é de que, finalmente, a Copa Paulista colocará fim a essa insistente contradição de o Rei do Acesso ver a festa final escapar pelo vão dos dedos de resultados indesejáveis.



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