Uma breve cronologia do caso Celso Daniel é o que os leitores vão encontrar nesta e nas próximas páginas. Resumem-se neste espaço os 564.861 caracteres da mais extensa (de outubro do ano passado a setembro deste ano), profunda, minuciosa, crítica e reveladora cobertura jornalística de um assunto que ocupou durante largo tempo amplo espaço na mídia.
Nenhuma publicação foi tão responsável, independente e persistente na cobertura do caso Celso Daniel. Numa decisão inédita da Imprensa, geralmente a reboque de declarações de terceiros e, portanto, sem capacidade de reflexão, LivreMercado posicionou-se desde o pós-sequestro do prefeito de Santo André contra a versão de crime de encomenda. E desde outubro do ano passado o fez de forma mais contundente, detalhista, investigativa.
A inescapável contrapartida de entreveros com promotores criminais de Santo André, que pode ser revivida nesta retrospectiva, sempre foi entendida e interpretada por LivreMercado como disputa democrática que combina a autonomia do Ministério Público e a liberdade responsável de Imprensa. Quem ganhou com isso foram os leitores mais assíduos desta publicação, únicos a compreender a exata dimensão dos fatos.
A explicação para a postura editorial de LivreMercado, que os leitores vão recuperar nesta síntese, é o fato de que o jornalista Daniel Lima, autor de todas as reportagens e análises, reúne conhecimentos pretéritos do assunto. Tanto que, às informações de que haveria motivações político-administrativas para a morte de Celso Daniel, enviou espécie de dossiê aos promotores criminais de Santo André, colocando-se à disposição para prestar informações. Não foi atendido. Mais tarde, acabou arrolado como testemunha de defesa de Sérgio Gomes da Silva, por decisão dos criminalistas que defendem o empresário e professor.
LivreMercado repassa aos leitores frequentes ou eventuais, na sequência, um corolário do que de melhor se espera do jornalismo brasileiro.
Outubro de 2005
A edição de outubro de 2005 explicava posicionamento de LivreMercado: "Inocente ou culpado? Imprensa já condenou Sérgio Gomes" foi o título de capa. A foto de um Sérgio Gomes de olhar perdido dava o tom do estado de espírito do homem que dirigia a Pajero abalroada na noite de 18 de janeiro de 2002 por dois veículos lotados de sequestradores.
O texto auxiliar da chamada de capa daquela edição de mais de um ano atrás completava o tom da dicotomia que resiste em permear o caso, apesar da mais recente conclusão policial: "Investigações da Polícia Civil e da Polícia Federal inocentam o homem que acompanhava Celso Daniel na noite do sequestro. Ministério Público o considera culpado. A mídia o condena".
A primeira da série de matérias do caso Celso Daniel ocupou 12 páginas sob o título: "Sérgio Gomes silencia-se à condenação da Imprensa". Os primeiros parágrafos estratificam o conteúdo jornalístico: "O empresário Sérgio Gomes mantém rigoroso silêncio público diante dos desdobramentos do assassinato do prefeito Celso Daniel, que o acompanhava enquanto dirigia o utilitário Pajero na noite de 18 de janeiro de 2002. Sérgio Gomes sofre sistemático linchamento da maioria da mídia depois que o caso saiu da esfera criminal, apurado pela Polícia Civil de São Paulo e pela Polícia Federal, e se cristalizou como um dos mais ruidosos instrumentos de interpretações político-criminais do País".
Além de denso texto analítico sobre o comportamento da Imprensa, LivreMercado ouviu por e-mail os promotores públicos Amaro José Thomé Filho e Roberto Wider Filho, além do advogado criminalista Adriano Vanni, da equipe de defesa de Sérgio Gomes: "Espero que, com a reabertura das investigações, o Ministério Público se conscientize e se convença de que a morte de Celso Daniel foi um crime comum, e não motivado por questões políticas, como vêm os promotores tentando fazer crer há três anos, sem sucesso" -- desabafou Adriano Vanni. "A prova com relação ao envolvimento de Sérgio Gomes da Silva como mandante do assassinato de Celso Daniel já é suficientemente robusta e clara, como, aliás, assim reconheceram o juiz de Direito de Itapecerica da Serra, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e o Superior Tribunal de Justiça, através de decisões unânimes que reafirmaram a necessidade de mantê-lo preso. A nova fase de investigações tem por objetivo apenas identificar outros mandantes e outros executores do crime" -- afirmaram os promotores criminais.
O espaço do editorial da edição de outubro do ano passado foi integralmente dedicado ao caso Celso Daniel. "Quem matou a fome de informar?" foi um chute certeiro na falsa independência da maioria da mídia que, de maneira geral, maltratava o assunto. Um dos trechos:
"É complicadíssimo mexer no vespeiro do caso Celso Daniel, sobretudo nos pontos em que se instalam dúvidas e certezas sobre a autoria do assassinato. A persistência e o vigor com que o Ministério Público Estadual instalado em Santo André se coloca na tipificação de crime encomendado se assemelham à convicção e à irredutibilidade da Polícia Civil ao assegurar que tudo não passou de evento circunstancial (...) O que a Reportagem de Capa pretende denunciar, de fato, é a incompetência generalizada da mídia nacional para tratar do assunto. A mediocrização da pauta jornalística e a subordinação acrítica às fontes de informação colocam a escanteio a importância de aprofundamento informativo" -- afirmou o editorial.
Novembro de 2005
De novo o caso Celso Daniel foi alçado à Reportagem de Capa de LivreMercado em novembro de 2005, agora sob o título "Polícia explica crime comum. Promotoria garante crime político". Foram 24,5 páginas subdivididas editorialmente em quatro partes. Nas duas primeiras páginas internas da edição, sob o título "Quem tem coragem de condenar Sérgio Gomes?", LivreMercado atuou com contundência e ousadia que podem ser avaliadas pelos primeiros parágrafos:
"LivreMercado lança um desafio aos leitores sobre o caso Celso Daniel, o prefeito de Santo André sequestrado e assassinado em janeiro de 2002. Talvez a expressão lança um desafio seja forte demais, mas é a mais provocativa para recomendar aos leitores que se debrucem para valer sobre as mais de duas dezenas de páginas que tratam do assunto".
Nas páginas seguintes, LivreMercado detalhou, sequencialmente, uma nova e mais ampla entrevista de quatro páginas com os promotores criminais de Santo André, sob o título "Promotores jogam pesado contra a Polícia e defendem tese de crime político". Nas cinco páginas seguintes, fruto de entrevista gravada com o delegado titular do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) da Polícia Civil de São Paulo, Armando de Oliveira da Costa Filho, a reportagem contava a versão policial do crime sob o título "Delegado afirma: promotores agem com amadorismo e parcialidade".
As páginas sequenciais da edição também foram produzidas com base no inquérito policial, mas subdivididas editorialmente. Todos os principais pontos foram expostos, muitos dos quais de forma inédita. Um exemplo: LivreMercado entrevistou e fotografou o empresário Cleiton Calil de Menezes, que atuava no Ceagesp e que, segundo o inquérito policial, era o alvo inicial dos sequestradores naquela noite de 18 de janeiro. Desconhecendo o trabalho jornalístico e respondendo a perguntas endereçadas dias antes mais uma vez através de e-mail, os promotores criminais de Santo André afirmaram que o empresário do Ceagesp era apenas imaginação da Polícia.
Também na ampla reportagem de novembro de 2005 LivreMercado esmiuçou ponto por ponto todos os crimes que ocorreram na sequência do assassinato do prefeito e que, de alguma forma, envolveram pessoas com alguma relação com o inquérito policial. O delegado Armando de Oliveira destruiu todas as eventuais dúvidas com detalhamento das medidas que comandou.
A vitrine do índice de chamadas de matérias de LivreMercado de novembro do ano passado reservou uma página inteira para os novos ângulos da cobertura do caso Celso Daniel. O título "Um convite: leia a Reportagem de Capa. Um desafio: condene Sérgio Gomes" marcava definitivamente a posição de LivreMercado. No editorial, integralmente dedicado aos desdobramentos da morte, o título "Você condenaria Sérgio Gomes?" era mais que provocativo -- revelava também no campo da segurança pública a incisiva convicção de uma publicação que se consagrou ao longo dos anos no contrafluxo do politicamente correto com análises inéditas nas áreas econômica, social e institucional. Os primeiros parágrafos daquele editorial assinado, como os anteriores, pelo jornalista Daniel Lima:
"Faço um convite ao leitor com a franqueza de quem procura a sensatez como bússola à credibilidade: leia atentamente as mais de duas dezenas de páginas que apresentamos nesta edição sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel. Mais que isso: consuma as informações como se, em vez de leitor, fosse membro de eventual Tribunal de Júri que decidiria a sorte do empresário Sérgio Gomes".
Dezembro de 2005
Com chamada de capa, LivreMercado revelou na edição de dezembro de 2005 o quanto Sérgio Gomes foi massacrado na CPI dos Bingos. Tratado com desrespeito, ele conseguiu se recuperar na acareação com os sequestradores, dias depois, em São Paulo: os homens que comprovadamente participaram do sequestro e assassinato de Celso Daniel declararam a membros da CPI dos Bingos, senador Eduardo Suplicy à frente, que jamais viram o empresário antes daqueles acontecimentos. LivreMercado também entrevistou Eduardo Suplicy, que acompanhou a nova fase de apurações do caso Celso Daniel, e contou como foram os depoimentos de personagens do Grande ABC em Brasília, no show de resultados pífios da CPI dos Bingos. Foram 12 páginas. Subia para 48,5 páginas a cobertura desde outubro.
Janeiro de 2006
Na edição de janeiro de 2006 foram reservadas mais 19 páginas ao caso Celso Daniel. LivreMercado resolveu destrinchar o assunto em vários pontos. A começar pelo que a Imprensa divulgou nos primeiros tempos pós-sequestro e assassinato. Revelou também, na contramão do endeusamento da mídia, que os irmãos João Francisco e Bruno Daniel mentiram à Polícia Civil ou na CPI dos Bingos para incriminar Sérgio Gomes no assassinato e o PT na suposta operação de financiamento de campanha eleitoral.
Sob o título "Entenda como crime comum virou crime de encomenda", Livre Mercado contextualizou o noticiário. "A retirada do caso Celso Daniel do berço em que inicialmente foi embalado, isto é, crime comum, transplantando-o para o tormentoso vendaval de crime encomendado, foi apenas questão de tempo. E tem origem na reação política do PT, de olho nas urnas presidenciais e também estaduais de outubro de 2002. Resultado: Sérgio Gomes virou a bola da vez" -- escreveu LivreMercado que, em cinco páginas, reconstruiu o ambiente pós-sequestro e morte.
Nas três páginas seguintes, sob o título "Entenda como se construiu a história de crime político", LivreMercado fez breve narrativa com base em todas as fontes possíveis que tornaram Sérgio Gomes mandante do crime, juntamente com Ronan Maria Pinto e Klinger Sousa.
Nas três páginas seguintes, agora sob o título "Entenda como se construiu a história de crime comum", LivreMercado fez relato com base em fontes de investigações policiais que garantiam explicitamente que Sérgio Gomes não teve qualquer participação, além de vítima. Na sequência da reportagem, em seis páginas inteiras e sob o título "Entenda por que mistura de crime comum e propina não se sustenta", LivreMercado preparou uma lista de 19 pontos que destruíam tecnicamente a versão de que Sérgio Gomes preparou o golpe contra Celso Daniel.
Completando a cobertura da edição de janeiro e sob o título "Como entender depoimentos conflitantes dos irmãos?", LivreMercado afirmou: "Não tem escapatória: João Francisco e Bruno Daniel mentiram nos depoimentos à Polícia Civil ou mentiram na CPI dos Bingos, porque versões são conflitantes". Chegava-se a 67,5 páginas.
Fevereiro de 2006
Em fevereiro de 2006 LivreMercado voltou a dedicar uma página inteira do índice de chamadas para o caso Celso Daniel. Nada excessivo para mais 20,5 páginas de cobertura, o que elevava para 88 a contabilidade iniciada em outubro do ano passado. Desta vez, LivreMercado ouviu o então recém-eleito presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, André Di Rissio, defensor de inquéritos policiais de 2002 que provam que o crime é comum. André Di Rissio bateu forte no governo do Estado e na Secretaria de Segurança Pública. Ele afirmou que houve politização do caso Celso Daniel, "por motivos inconfessáveis". Três meses depois, supostamente envolvido em irregularidades funcionais, André Di Rissio acabou preso. Encontra-se em liberdade por força de liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal.
Outras matérias que constaram da edição de fevereiro de 2006 confirmavam a agudeza com que LivreMercado procurou abordar todos os ângulos possíveis. Deu destaque ao delgado federal José Pinto de Luna. Sob o título "Delegado federal afirma na CPI que legista morto mentiu sobre tortura", Pinto de Luna contou o resultado das investigações durante a sessão da CPI dos Bingos, dia 24 de janeiro em Brasília. "Embora importantíssima a revelação (de que o médico legista Carlos Delmonte Printes mentiu ao afirmar ao Ministério Público e à Imprensa que o prefeito Celso Daniel foi torturado antes de ser assassinado), as declarações do delegado federal foram ignoradas pela Imprensa.
Também constou da edição de fevereiro espécie de exumação criminal e política da expressão "tortura", maciçamente manipulada durante toda a fase de apuração. Resumidamente, a tortura de que foi vítima o prefeito Celso Daniel se insere no conceito de violência, de agressividade resultante do impacto dos oito tiros desfechados. A tortura atribuída pelos transgressores da realidade foi articuladamente introduzida para provocar dúvidas. Usualmente tem o sentido capturado de decisões de cunho político, impregnada de dosagem de suspense. Procura-se caracterizá-la como meio à obtenção de respostas supostamente explicativas para um crime de cunho além-violência propriamente dita. Celso Daniel foi assassinato numa decisão típica de violência criminal, mas a transposição do verbete para o campo político, sob inspiração de problemas relacionados ao Paço Municipal, retirava o caso da ocasionalidade de uma Região Metropolitana então praticamente à deriva na área de segurança pública.
O editorial de LivreMercado de fevereiro também foi dedicado ao caso Celso Daniel, sob o título "88 páginas que mudam a história".
Março de 2006
Com chamada de capa, LivreMercado apresentou com exclusividade em março de 2006 entrevista com o médico legista José Jarjura Jorge Júnior, diretor do Instituto Médico Legal à época do crime. JJJJ, como é conhecido, afirmou taxativamente que o conceito que deveria ser utilizado para explicar o crime não foge da rotina que envolve rigorosamente todos os sequestros. Ou seja: o ato em si de um sequestro implica tortura para a vítima. Foi exatamente isso o que ocorreu com Celso Daniel, cuja morte foi determinada por oito tiros sequenciais. Não houve tortura no sentido com que de maneira geral a mídia traduziu interesses políticos que envolveriam a situação.
A conceituação jogava finalmente por terra a versão do Ministério Público de que Celso Daniel foi morto porque resistia a desvios de suposto esquema de propina e que teria um dossiê para denunciar a irregularidade.
Das 9,5 páginas do caso Celso Daniel, LivreMercado apresentava o resultado da coletiva de Imprensa preparada pela Polícia Civil de São Paulo que seguia na desmontagem do edifício de fantasias que transformou sete mortes de alguma forma relacionadas ao caso Celso Daniel em elementos de desconfiança de suposto esquema para liquidar anunciadas testemunhas-chaves.
Depois de comprovado o suicídio induzido do médico legista Carlos Delmonte em outubro do ano passado, agora em março foi a vez de esclarecer-se como virou estatística criminal o agente funerário que recolheu o corpo de Celso Daniel na estrada vicinal de Juquitiba, na Grande São Paulo, na manhã de 20 de janeiro de 2002. Iram Redua foi executado porque tentou furar o monopólio da funerária de Fábio Hervelha Schunk.
Os promotores criminais de Santo André voltaram às páginas de LivreMercado, de novo em forma de entrevista por e-mail. Sob o título "Promotores reiteram crime de encomenda e criticam representante dos delegados", Amaro José Thomé Filho e Roberto Wider Filho reagiram a uma série de declarações do delegado André Di Rissio, ouvido em entrevista por LivreMercado na edição anterior. Chegava-se a 97,5 páginas.
Abril de 2006
A série de reportagens contava com reforço de 21,5 páginas e alcançava 119 na edição de abril, tendo como principal destaque entrevista exclusiva com o delegado José Pinto de Luna, principal responsável pela investigação federal da morte de Celso Daniel. Ele não teve dúvidas em afirmar a LivreMercado: "Trata-se de crime comum". Luna fez duras críticas ao médico legista Carlos Delmonte, um dos queridinhos da Imprensa, acusando-o de falsear a verdade quando disse que o corpo do prefeito sofreu tortura e que Celso Daniel vestia cueca do avesso.
Na mesma edição, LivreMercado mostrou que o deputado petista Donisete Braga, acusado pelos promotores de Santo André, foi absolvido pelo Tribunal de Justiça. Uma carta parabenizando Celso Daniel pelo aniversário em abril e detalhes sobre o suicídio do legista Delmonte completavam a nova cobertura do caso, que ocupou chamada de capa.
Maio de 2006
Com chamada de capa e destaque, como sempre, na página de índice, LivreMercado dedicou quatro páginas inteiras na edição de maio deste ano ao caso Celso Daniel. Com isso, atingia-se a marca de 123 páginas, provavelmente um recorde sequencialmente temático na história do jornalismo brasileiro. Embora menor em quantidade, o texto de maio reafirmou a postura editorial diferenciada de LivreMercado. O título da chamada do índice (Quando será anunciada a inocência de Sérgio Gomes?) e da página interna (Quando o novo inquérito policial vai confirmar que Sérgio Gomes é inocente?) são auto-explicativos. Alguns parágrafos da matéria:
"Oito meses depois de o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, determinar a reabertura de inquérito da Polícia Civil do caso Celso Daniel, as novas investigações mantidas em sigilo convergem para uma verdade que a mesma Polícia Civil e também a Polícia Federal constataram em menos de três meses de trabalho, logo após o assassinato: o empresário Sérgio Gomes da Silva é inocente. Dessa forma, não tem consistência a acusação dos promotores criminais de Santo André, Amaro José Thomé Filho e Roberto Wider Filho, de que Sérgio Gomes mandou matar o então prefeito de Santo André".(...) "Apesar da discrição da delegada Elisabete Sato, titular do 78º Distrito Policial, dos Jardins, informações de bastidores são suficientemente sólidas para contextualizar como irreversível a ratificação do resultado das investigações realizadas a partir de janeiro de 2002".
Junho de 2006
Mais 6,5 páginas foram preparadas para a edição de junho deste ano, com chamada de capa. A matéria tratou do apontamento crítico de mais uma contradição do Ministério Público de Santo André. Sob o título "Nova denúncia do MP contradiz ação que levou Sérgio Gomes à cadeia", a matéria reunia significado contundente. Os primeiros parágrafos:
"Os promotores públicos de Santo André que, em dezembro de 2003, denunciaram o empresário Sérgio Gomes da Silva como um dos mandantes do assassinato do prefeito Celso Daniel, continuam a colecionar provas que inocentam o acusado. As novas contradições confirmam (o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva teria cobrado, em 1998, mais empenho de arrecadação do então prefeito petista Oswaldo Dias) o acerto das investigações policiais realizadas no primeiro semestre de 2002, mas, novamente, passaram despercebidas ou foram propositadamente esquecidas pela mídia no mês passado, quando novos lances do suposto esquema de caixa dois do Partido dos Trabalhadores foram anunciados pelos promotores criminais. O indevido ajuntamento de dois pontos completamente distintos do caso Celso Daniel (o assassinato do prefeito e o suposto esquema de propina) foi a maneira encontrada pelo MP de Santo André para dar sustentação à acusação contra Sérgio Gomes. A tática procurou desclassificar o empresário no campo cível para enfraquecê-lo na área criminal". A cobertura chegava a 129,5 páginas.
Julho de 2006
A edição de julho deste ano dedicou novas 5,5 páginas, com direito a chamada de capa que sintetizava o texto da página interna sob o título "CPI dos Bingos é um calhamaço conflitivo que inocenta Sérgio Gomes". No breve texto da capa, LivreMercado foi cortante: "O relatório final da CPI dos Bingos segue a lógica do contra-senso do MP que, observada retrospectivamente, inocenta Sérgio Gomes da Silva". O enunciado, aparentemente complexo, foi levado ao índice de chamadas sob o título "Pobre CPI dos Bingos!" com o seguinte texto: "Preparada como ferramenta eleitoral, a CPI dos Bingos chegou ao final de forma esperada: um emaranhado de erros, incoerências, omissões e discriminações que trataram de -- embora pretendesse o contrário -- inocentar o empresário Sérgio Gomes da Silva. Simplesmente porque o relatório da chamada CPI do Fim do Mundo seguiu a trilha dos promotores criminais de Santo André. Explicamos tudo numa nova reportagem". Na reportagem, a síntese de extensa explicação para o paradoxo: "A versão de que a cúpula nacional do PT participava da gestão de financiamento irregular de campanha em Santo André anula denúncia do MP à Justiça, em dezembro de 2003, ao relacionar o crime à contrariedade pela utilização do esquema". A série de matérias alcançava 135 páginas.
Agosto de 2006
Mais 17,5 páginas do caso Celso Daniel foram publicadas na edição de agosto deste ano. Sem chamada de capa, mas com destaque na página de índice sob o título "MP critica LivreMercado. LivreMercado responde", o texto procurava resumir o novo desdobramento: "Os promotores criminais que apuram o caso Celso Daniel contestam a cobertura de LivreMercado em extenso material que publicamos nesta edição. A decisão é exclusivamente editorial. LivreMercado não adota a atitude de outras mídias que, em situação análoga, mas tendo do outro lado os defensores legais de Sérgio Gomes, simplesmente ignoram o contraditório. Isso quando não distorcem as contestações. LivreMercado responde a todos os pontos mais relevantes das queixas do Ministério Público. E, numa matéria complementar, mostra que o caso Celso Daniel vai além da versão acusatória do MP contra Sérgio Gomes e da conclusão dos inquéritos das Polícias Estadual e Federal que consideram o primeiro-amigo do então prefeito de Santo André vítima da operação de sequestro. Há pelo menos mais três versões para o crime". Chega-se ao total de 152,5 páginas de cobertura.
Setembro de 2006
Na edição de setembro último LivreMercado dedicou três páginas ao caso Celso Daniel, ao entrevistar o relator da Comissão de Direitos da Pessoa Humana, Humberto Pedrosa Espínola. Numa matéria suplementar, LivreMercado registrou a ausência do assunto no horário eleitoral de rádio e televisão e criticou a candidata Heloísa Helena que, numa entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo", insinuou novidades condenatórias ao PT, mas, em seguida, recuou. Alcançam-se 155,5 páginas.
Total de 193 matérias | Página 1
11/07/2022 Caso Celso Daniel: Valério põe PCC e contradiz atuação do MP