Administração Pública

Via Fácil desata
nós de Diadema

WALTER VENTURINI - 11/01/2005

Modernização do transporte urbano e melhoria do ambiente de negócios estão no centro do alvo do Via Fácil, projeto que a Prefeitura de Diadema começou a implantar com recursos próprios e agora parte em busca de financiamento a fim de viabilizar 25 intervenções nos próximos 10 anos. São avenidas, canalizações de córregos e viadutos sobre a Rodovia dos Imigrantes e importantes vias locais projetadas com intuito de fazer andar a carga que movimenta a economia e dar melhor qualidade de trânsito aos moradores.


O crescimento rápido de Diadema nos últimos 40 anos resultou em emaranhado de ruas e avenidas, muitas sem continuidade. Para convulsionar ainda mais o tráfego de carros, caminhões e ônibus, a malha urbana do Município foi cortada em quatro — de norte a sul pela Imigrantes e de leste a oeste pelo Anel Viário Metropolitano com seu corredor do trólebus. Esse retalhamento emperra e encarece o transporte de mercadorias para as 1,9 mil indústrias, 5,3 mil estabelecimentos comerciais e 12 mil de serviços da cidade, sem falar no transtorno de 370 mil habitantes vivendo em apenas 30,7 quilômetros quadrados, a segunda maior densidade demográfica do Brasil com 11,6 mil habitantes por quilômetro quadrado. 


Diadema só fica atrás de São João do Meriti, no Rio de Janeiro, com 12,9 mil habitantes por quilômetro quadrado.


Grandes obras 


Para desatar o funcionamento da economia e da vida cotidiana, a Prefeitura fez planos de investir R$ 150 milhões até 2015 em 25 grandes obras do Via Fácil. Cinco já foram realizadas a custo aproximado de R$ 9,5 milhões: Avenida Paranapanema, Avenida Ulysses Guimarães, trevo do Jardim Inamar, ligação do Anel Viário Metropolitano à Avenida Ulysses Guimarães e acesso da Avenida Luigi Papaiz à Rodovia dos Imigrantes. “Não é projeto para apenas uma administração e a Prefeitura tem de obter recursos do BNDES. Já entramos com pedido de financiamento de R$ 60 milhões” — explica o secretário de Obras, Luiz Carlos Theophilo. 


Diadema também pretende buscar recursos no Ministério das Cidades para algumas intervenções de drenagem e canalização de córregos. Luiz Theophilo, que implantou o Via Fácil na gestão atual, acredita que para os próximos quatro anos a administração tenha capacidade de investir R$ 10 milhões no conjunto de obras. O pacote tem alguma semelhança com o Programa de Transporte Urbano da Prefeitura de São Bernardo, orçado em cerca de R$ 750 milhões e que contará com aporte financeiro do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) de R$ 216 milhões para aproximadamente 800 obras no sistema viário. São também 25 grandes intervenções.


No caso de Diadema, o Via Fácil foi elaborado para atender às demandas de praticamente todos os bairros. “A cidade tem grande número de pequenas e médias indústrias espalhadas, o que provoca trânsito de caminhões muito intenso por todos os bairros. A movimentação é bem maior do que em outros municípios onde normalmente existem distritos industriais” — explica o diretor Ricardo Perez, que participou da elaboração do projeto. 


Complicações no Centro 


O desarranjo viário agrava a situação pois obriga caminhões e carretas a circularem em áreas centrais para entrar ou deixar o Município. “A construção da Avenida Ulysses Guimarães permitiu o deslocamento do sul de Diadema, no Bairro do Eldorado, até a divisa com São Bernardo em apenas 10 minutos. Antes, caminhões carregados tinham de passar pela área central da cidade ou acessar a Imigrantes em percursos que demoravam 40 minutos ou mais” — expõe Ricardo Perez. 


Outro exemplo de tempo e dinheiro poupados é o acesso da Avenida Luigi Papaiz à Rodovia dos Imigrantes. Antiga reivindicação de empresários locais, a obra possibilita economia de 20 minutos para o transporte de cargas ao evitar que carretas e caminhões circulem pelo Centro ou sigam pelo Zoológico por vias estreitas e movimentadas dos bairros Taboão e Água Fria, já na Capital.


Os primeiros resultados da remodelação dos acessos começam a aparecer. “Na Avenida Ulysses Guimarães já há nova movimentação do comércio. No Parque Real, por onde passa a via, começaram a surgir pequenos estabelecimentos e o aspecto dos imóveis melhorou” — afirma o diretor Ricardo Perez.


A modernização do sistema viário pretendida pelo projeto Via Fácil complementa outro programa de melhoria do ambiente de negócios, o Diadema Mudando de Cara, que tem por objetivo a remodelação do espaço urbano com ações conjuntas de Prefeitura e empresários. Enquanto a administração reformou praças, repavimentou ruas e avenidas, a iniciativa privada se encarregou da recuperação de calçadas e fachadas dos prédios. “São dois projetos muito vinculados com o sistema viário da cidade. Na execução prática se fundem e resultam na revitalização urbana e da economia do Município” — confia o diretor.


Desindustrialização ameaça


Diadema, como o resto do Grande ABC, não escapou da desindustrialização que marcou sobretudo os últimos 20 anos da região. Entre dezembro de 1994 e dezembro de 2002, de acordo com dados do IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos), os sete municípios da região perderam R$ 425 milhões de repasse de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Caso fosse feita a soma sobreposta a cada 12 meses, o prejuízo subiria para mais de R$ 1 bilhão. Nesse período, Diadema teve o índice de participação na divisão do bolo total do repasse do ICMS do Estado reduzido de 1,28% para 1,09%. 


O Mudando de Cara por si só não tem a capacidade de reverter tendências econômicas que extrapolam a região, mas reúne série de iniciativas cuja qualidade principal é unificar poder público e iniciativa privada em esforço comum para encontrar saídas para a economia local.

O Mudando de Cara foi implantado em metade dos centros comerciais de Diadema e levou melhorias para os bairros Campanário, Serraria, Inamar, Piraporinha, Eldorado, Vila Nogueira e Centro. O investimento da Prefeitura de 2002 até agosto deste ano soma R$ 1,4 milhão. 


No Bairro Piraporinha, a intervenção possibilitou o fim de históricas enchentes e a vinda de grandes magazines para o centro comercial, como Casas Bahia, além da ampliação da agência da Caixa Econômica Federal. Na Avenida Presidente Juscelino, Prefeitura e empresários conseguiram remodelar a via que separa a área industrial da maior favela da cidade. “O comércio informal foi disciplinado, o lixo retirado da via pública e empresas que planejavam deixar a cidade voltaram atrás” — assegura Ricardo Perez.


Imagem valorizada


O Via Fácil também pretende valorizar a imagem da cidade com obras de arte que possam ser referência na área de engenharia. É o caso do viaduto estaiado, que se resume a pista suspensa sustentada por cabos de aço ligados a torre de concreto de 50 metros, sobre a Rodovia dos Imigrantes, na Avenida Sete de Setembro. “A obra chamará a atenção de quem circula por estradas das mais movimentadas do País” — acredita o secretário Luiz Carlos Theophilo. O viaduto também ligará a área central de Diadema com a região leste da cidade e São Bernardo, o que promete facilitar o deslocamento do trânsito. O custo é estimado em R$ 12 milhões. 


Outro viaduto com a função de reatar os dois lados do Município separados pela Imigrantes é o da Avenida Ruyce Ferraz Alvim, que tem custo previsto de R$ 8,6 milhões. O cruzamento do Anel Viário Metropolitano com a Avenida Piraporinha — ponto de congestionamento de veículos de carga — receberá mais um viaduto orçado em R$ 10,3 milhões. O elevado passará sobre a Avenida Piraporinha. Obra também importante é a passagem da rua Graciosa sob a rua do Tanque, espécie de túnel cuja construção é estimada em R$ 2 milhões e vai tornar mais rápido o trânsito na região central da cidade. 


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