Administração Pública

Verde para
dar e vender

WALTER VENTURINI - 12/04/2005

Santo André ganha este mês um dos presentes mais significativos no ano em que completa o 452º aniversário de fundação: a inauguração do Parque Central, uma das maiores áreas verdes urbanas da Região Metropolitana de São Paulo. Com o novo espaço público de lazer, a cidade agrega estratégico valor da qualidade de vida, item imprescindível ao planejamento dos mais promissores centros do planeta. 


Localizado no Bairro Paraíso, o Parque Central é o maior espaço de lazer urbano do Município, com área de 455 mil metros quadrados, bem superior aos 340 mil metros quadrados da soma dos outros oito parques municipais. O investimento atingiu R$ 2,5 milhões e ocupa área que corresponde a um terço do Parque do Ibirapuera.


A nova área só fica atrás do Parque do Pedroso, com oito milhões de metros quadrados, localizado fora da mancha urbana do Município e que faz parte da Área de Proteção aos Mananciais. Dentro do Parque Central cabem sete áreas das dimensões do Parque Celso Daniel, o mais conhecido da cidade. “O novo espaço tem toda a condição de se tornar ambiente de lazer regional” — prevê a arquiteta e secretária de Obras e Serviços Públicos de Santo André, Miram Blois. 


Aparelhando a área


Desde julho do ano passado, a Prefeitura se esforça para aparelhar a área verde com todos os recursos que um parque moderno precisa para atender demanda estimada entre 20 mil e 30 mil frequentadores aos finais de semana e feriados. A nova área verde estará inicialmente disponível ao público todos os dias das 6h às 20h. O horário será gradativamente ampliado até às 22h.


O Parque Central vai possibilitar atividades inéditas. Caso da primeira pista de ciclismo do Grande ABC. São 2,5 mil metros de extensão de asfalto colorido, indicado para a prática esportiva. Uma das vitrines de lazer da Capital, o Parque Villa Lobos tem pista ciclística com 1,5 mil metros.


Com o novo parque, a Prefeitura de Santo André começa a correr atrás de passivo ambiental e de qualidade de vida. Com crescimento acelerado nas últimas cinco décadas, o Grande ABC se igualou a outros espaços urbanos de rápido desenvolvimento onde só quem pudesse pagar poderia desfrutar de espaços de lazer. Shows, piscinas ou teatro gratuitos são privilégio de poucos. 


Planejamento eficiente 


O fenômeno é tipicamente terceiro-mundista. Centros urbanos de países desenvolvidos há muito tempo contam com grandes parques. Administradores previdentes planejaram e implantaram áreas como o Central Park, em Nova York, ou os clássicos Hide Park e Regent’s Park, em Londres. Há também o Bois de Boulogne e o Bois de Vincent, em Paris. Todos parques centenários, que moldaram as cidades com o verde e a leveza que a natureza pode emprestar aos ambientes urbanizados. 


Não por acaso, o Parque Central é fruto da visão administrativa de Celso Daniel, que encarou o desenvolvimento regional como nenhum outro gestor público do Grande ABC.


O novo espaço de lazer e entretenimento é também uma mistura do Central Park nova-iorquino com o La Vilette parisiense, centro de ciências voltado para crianças e jovens que guarda muitas semelhanças como a Epac (Escola Parque Arte Ciência), com área construída de 25 mil metros quadrados e inauguração prevista para a metade de 2006 dentro do Parque Central. 


Inovação arquitetônica 


A Epac será erguida sob a maior viga de concreto sem junta de dilatação do mundo, com laje de 187 metros firmada em quatro pontos de apoio. “Com certeza o Parque Central vai aumentar a auto-estima da população. Foi trabalho de revitalização que envolveu desde limpeza das nascentes até novo paisagismo” — afirma o prefeito João Avamileno, onde 92,2% da população afirma que não pretende trocar de cidade. Os dados são de pesquisa do Instituto Brasmarket, divulgada em janeiro pelo Diário do Grande ABC. Desde que assumiu a Prefeitura, Avamileno priorizou a manutenção dos outros oito parques urbanos. 


A inauguração do Parque Central e a construção da Epac estão entre as 10 prioridades de governo de Avamileno, junto com a implantação da Universidade Federal do ABC, Complexo Viário Cassaquera e a implantação do Bilhete Único, entre outras.


O projeto do Parque Central constava do programa do segundo mandato do prefeito Celso Daniel. A implantação foi iniciada naquela época, mas surpreendentemente foi engavetada em reuniões do Orçamento Participativo. Na avaliação da população, naquele momento era mais prioritário que o dinheiro disponível para investimentos naquela região fosse aplicado em melhorias no Centro Hospitalar, antigo Hospital Municipal. No ano passado, no entanto, o prefeito Avamileno entendeu que era hora de retomar o antigo projeto. 


Impacto não mensurado


O impacto do Parque Central ainda não foi mensurado, mas será palpável para quem administra os serviços públicos do Município. “Certamente vai concorrer com o Parque Celso Daniel, nosso equipamento mais conceituado. Na verdade, canalizará série de atividades que não podiam ser realizadas por falta de local e agenda” — afirma a secretária Miriam Blois. 


Além de ciclistas, também terão espaço no Parque Central corredores de média e longa distância que contarão com 5,7 mil metros de pistas. Alguns trechos em aclives permitem treinamento de competidores profissionais. O campo de futebol terá drenagem e contará com vestiários e iluminação.


A criançada também terá a demanda atendida com playground com cerca de 60 brinquedos, construídos pelo próprio Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura. São equipamentos tradicionais como balanças e escorregadores, até opções radicais como paredes de escalada e duas pistas de skate, uma para amadores e outra destinada ao circuito profissional. Entre as atrações está também pista para aeromodelismo a cabo, com isolante acústico para que o ruído dos pequenos aviões não perturbem a vizinhança. Frequentadores terão à disposição 100 lixeiras, 12 bebedouros, 500 bancos, 150 mesas e 600 banquetas dispostos em praças formadas pela vegetação, além de seis estações de ginástica e alongamento. 


Mais novidades 


Haverá três sanitários para portadores de necessidades especiais. O estacionamento junto à rua José Bonifácio terá capacidade para 100 veículos e dois bicicletários. Outro destaque do Parque Central é a recuperação do belvedere, construído na década de 80 e de autoria do consagrado arquiteto Jorge Bomfim. Sobre as margens de um dos maiores lagos, a Prefeitura construiu palco de 300 metros quadrados para apresentações artísticas. Na frente, amplo gramado para abrigar milhares de espectadores dos eventos.


O conjunto de equipamentos e serviços à disposição da população confere perfil diferenciado ao Parque Central. A secretária de Obras e Serviços Públicos Miriam Blois afirma que cada espaço municipal tem uma personalidade, conforme o público frequentador de cada área verde da cidade. “O Parque Regional da Criança atrai o público infantil, enquanto que o do Ipiranguinha é mais frequentado por pessoas da terceira idade. No geral, as unidades menores são mais parques de vizinhança. Não será essa a vocação do Parque Central, que vai englobar todo tipo de uso e todas as faixas etárias” — antecipa a secretária. 


Algumas aulas práticas do curso de jardinagem da Prefeitura, atualmente em canteiros de vias públicas, serão ministradas nos jardins do Parque Central, durante o chamado período de consolidação da vegetação. No local também serão dirigidos outros cursos ao ar livre, como ioga e i-ching.


Meio ambiente


Além de diversos indicadores de qualidade de vida, o Parque Central traz nos menores detalhes de seu DNA o respeito ao meio ambiente. Os 5,7 mil metros de pistas de corrida e também de caminhada têm contenções com troncos de madeira, aproveitados da poda de árvores nas ruas e praças da cidade. A rua principal do parque é pavimentada com piso formatado, para facilitar a drenagem da água de superfície. Tanto o palco como o portal de entrada foram feitos com material reciclado, principalmente do antigo Clube da Rhodia, na Avenida dos Estados. “A gente está sempre em busca desse tipo de material para reutilização” — conta a secretária Miriam Blois.


Realçar o verde do Parque não foi tarefa fácil para Miriam Blois. Foram menos de 10 meses para concluir o paisagismo, quando se plantaram 10,5 mil mudas de árvores, das quais 3,5 mil espécies frutíferas nativas como araçá, pitanga e ingá. Na área do playground foram feitos transplantes de árvores já desenvolvidas, retiradas de vários pontos da cidade. O playground foi escolhido para reunir as árvores transplantadas e, com isso, garantir de imediato áreas de sombra. 


Entre os principais benefícios ambientais do Parque Central estão oito lagos, que funcionam como reservatórios de águas de chuva. O parque recebe a carga das chuvas que atingem a Vila Assunção e o Jardim Paraíso e joga o volume no córrego Carapetuba. “Esses lagos ajudam muito na retenção das águas. Não dá para chamá-los de piscinões, mas podem ser considerados piscininhas — afirma a secretária de Obras e Serviços Públicos ao fazer uma comparação bem-humorada. Cerca de 90% da vegetação vieram dos viveiros da Prefeitura. 


A administração adota a prática de aproveitar mudas dos canteiros centrais de ruas e praças para replantá-las em novas áreas verdes. Na primeira gestão do prefeito Celso Daniel, foram plantadas cerca de nove mil mudas de árvores. Parte dessa vegetação sobreviveu e hoje forma pequenos bosques nas proximidades da rua Visconde Mauá. Tamanha variedade de espécies vegetais já começa a atrair pássaros que tinham desaparecido da região, como corujas, sabiás e bem-te-vis.


Foram implantados 40 mil metros quadrados de gramados, parte originária do Estádio Bruno Daniel, quando da reforma do campo. O Parque Central também ganhou 45 mil arbustos e plantas ornamentais. “Vamos continuar trabalhando durante mais alguns anos para consolidar a vegetação e o próprio parque” — afirma Miriam Blois.


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