Administração Pública

Marinho ensina Aidan a transformar
crise em grande festança política

DANIEL LIMA - 04/03/2011

O prefeito Luiz Marinho fez do limão de uma crise administrativa e política a limonada de uma festança claramente pautada a lustrar a antecipação da campanha eleitoral da próxima temporada. Já Aidan Ravin, como mostramos aqui, fez de um bate-boca comum na Prefeitura de Santo André e em qualquer outra prefeitura um almoço indigesto em que os principais protagonistas dos entreveros mal conseguiram ajeitar-se na cadeira de um restaurante fino.


Essa é a diferença entre um governo preocupado em ser competente na arte de comunicar-se com o eleitorado e um governo que se acha competente ou suficientemente protegido. Os petistas são profissionais em comunicação. Principalmente em municípios da visibilidade de uma São Bernardo comandada por um prefeito que quer ser governador do Estado.


Não vou esticar a conversa em torno do tratamento do Diário do Grande ABC às mudanças da administração de Luiz Marinho. Basta a manchete da página interna “Luiz Marinho dá pontapé inicial para a reeleição”, seguida da linha fina “Prefeito de São Bernardo muda equipe para alavancar projetos”, e compará-la com o passado recente, durante o um ano e meio em que o jornal bateu sem parar nos petistas de São Bernardo. A chamada de primeira página foi discreta. O jornal não pode fechar as portas a outros partidos, como não tem fechado, principalmente ao PSDB.


Trata-se do que chamaria de “operação gangorra” que só poderia ser executada mesmo por quem tem facilidades para dobrar a espinha.


O preço para tamanha mudança editorial é caro, muito caro, e docilmente aceito pela administração petista que se anunciou incisivamente pronta a enfrentamentos éticos.


Da mesma forma que o Diário do Grande ABC perseguidor de Luiz Marinho se desmoralizou durante um ano e meio de manchetes muitas vezes capciosas, de matérias muitas vezes direcionadíssimas a fazer crer que todos os parágrafos se referiam a realidades, nos últimos tempos a derrocada é vergonhosa por conta de um alinhamento acrítico.


Seria mesmo demais, convenhamos, esperar outra coisa de um empreendimento que tem a marca de Ronan Maria Pinto.


E de parte de uma sociedade amorfa, indecentemente silenciosa, pronta a aceitar qualquer coisa.


Menos mal que cada vez mais leitores procuram outras fontes de informação para no mínimo checar o que consome e evitar indigestão intelectual, menos onerosa que gravidez intelectual, algo que fica por muito tempo incrustado na mente a deformar pensamentos.


Voltando às mudanças no governo Luiz Marinho, num total de 15 movimentações de peças, das quais a troca de seis secretários, está evidenciado que o petista quer apagar os incêndios administrativos e políticos depois de dois anos de mandato de viés fortemente operário, em detrimento da engenhosidade. Contando com alterações anteriores, o que se tem de fato após esse período é a quase completa substituição do secretariado petista. Um prato cheio para os oposicionistas nas eleições do ano que vem.


Os rescaldos de tantas mudanças foram mitigados por conta de uma bem estruturada organização interna de comunicação, que soma a experiência petista em vários ambientes sociais. Algo que o governo Aidan Ravin não consegue capturar. Tanto que ensaia há muito tempo possível pacote de alterações no secretariado e não o faz entre outras razões porque teme repercussões. Como se o Diário do Grande ABC também não lhe fosse extremamente generoso.


Fosse Aidan Ravin o prefeito Oswaldo Dias, de Mauá, até que poderia haver inquietação em dose tripla com a parte do eleitorado que consome o Diário do Grande ABC. Um eleitorado muito menor do que superestimam agentes políticos, sociais e econômicos que vivem do passado e não se dão conta de que o mundo da informação mudou. Oswaldo Dias é combatido duramente pelo Diário do Grande ABC porque há conflitos de interesses a demandar a pauta jornalística no setor de transporte coletivo. Quando um dono de jornal tem relacionamento estreito com a concessão de transporte público, tudo pode acontecer. Principalmente o assassinato da informação qualificada.


Não vou entrar no mérito das alterações no governo de Luiz Marinho, porque das individualidades e suas imbricações com o quadro de secretários mantidos e os demais colaboradores de ponta da administração municipal é muito difícil cuidar jornalisticamente. As portas nem sempre estão abertas a informações básicas. O que interessa nestas alturas do campeonato é a constatação de que Luiz Marinho conseguiu dar um nó na imprensa em geral, independentemente de juízo de valor dos contemplados e dos afastados.


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