O São Caetano que venceu o Linense ontem à tarde no Interior por dois a zero parece ter encontrado duas estradas que podem significar a fuga do rebaixamento, meta principal de todo time médio do Estado de São Paulo. Primeiro, reincorporou o perfil de time de força, combativo, que tanto sucesso fez na Série B, da qual saiu campeão na temporada passada. Segundo, encontrou no centroavante Jô, de volta após longa inatividade, e no atacante Diego Rosa, que o substituiu no segundo tempo, alternativas de potencialização do sistema ofensivo.
Ganhar com a cara de Série B é interessante porque a possibilidade de voltar a perder com a cara de Série A seria tremendamente estressante. Enquanto não chega à forma definida de equipe que une técnica e força, como tentou inutilmente nos dois primeiros jogos, dos quais saiu derrotado, é melhor o São Caetano cair na real do pragmatismo. Sobretudo em confrontos diretos com equipes que lutam para não voltar à Série B.
Portanto, jogar futebol de Série B na Série A não significa dizer que o São Caetano vai ser rebaixado. Significa que está mais humilde e precavido. Reconhece que, à falta de entrosamento na fusão do elenco de 2017 e os reforços deste ano, a principal medida mesmo e gastar energia.
Jogadas de laboratório
Os dois gols da vitória de ontem coroaram a concepção de força: nasceram de bolas paradas, numa falta à esquerda da grande área e numa cobrança na intermediária defensiva. Duas jogadas que o São Caetano cansou de utilizar na temporada passada. Um time fisicamente alto e encorpado não pode mesmo desprezar a bola parada. Jogadas de laboratório são a marca do técnico Luiz Carlos Martins.
Não existe incoerência alguma em afirmar que a escalação do centroavante Jô no primeiro tempo e a substituição do centroavante Jô no intervalo do jogo foram decisivas para o São Caetano voltar com os três pontos e, mais que isso, construir teoria de crescimento nos próximos jogos.
Jô está voltando de contusão e vai precisar de vários jogos para adquirir o ritmo de jogo que faz a diferença entre quem sabe onde a bola vai chegar e quem tem dúvidas sobre onde a bola vai chegar. Com Jô e mesmo sem que o São Caetano fizesse de jogadas de aproximação a melhor saída, tudo parecia encaminhar-se para algo satisfatório. Até porque o São Caetano compensava a falta de triangulações internas nas quais Jô seria inserido como pivô brilhante que é. O time de Martins preferia abrir espaços pelas laterais, sobretudo à esquerda. E foi de uma infração de um zagueiro em Jô que saiu o gol originalmente de bola parada, com o grandalhão Régis completando de cabeça entre os zagueiros.
Troca adapta time
Quando Jô saiu no intervalo o técnico Luiz Carlos Martins acertou em cheio duas vezes. Primeiro porque o time passaria a explorar contragolpes, dada a previsível e confirmada volúpia com que o Linense foi ao ataque e o desgaste provocado por uma temperatura descomunal. Jô não é jogador de velocidade e estava esgotado fisicamente. Seria um peso morto. Segundo porque escalou o rápido e insinuante Diego Rosa, atacante pelas beiradas do campo que não rende o mesmo como centroavante porque todos sabem que centroavante é centroavante e está acabado. E foi o que Diego Rosa fez. O segundo gol teve participação decisiva dele, juntamente com Paulo Vinícius, o autor da finalização.
O São Caetano ainda tem muitas correções para se tornar melhor do que o que ganhou a Série B do ano passado e também mais próximo dos times médios mais bem organizados da Série A deste ano. Os grandes não servem de referência para nada porque estão muito acima.
Quando o Linense apertou o cerco no segundo tempo, o São Caetano mostrou grande poder de dedicação dos jogadores, mas ainda se descuida em cruzamentos pelas extremas, porque a marcação é falha. O Linense jogou o tempo todo com laterais ofensivos. Mas o sistema defensivo do São Caetano tem qualidades. A altura dos zagueiros possibilita interceptações frontais e diagonais que reduzem o grau de risco. Mas há excesso de infrações na entrada da área.
O jogo deste sábado com o Novorizontino, de novo no Interior, é ótima oportunidade para o São Caetano melhorar o padrão de time campeão de Série B e, com isso, flertar com mais confiança com o padrão de Série A que supostamente poderia querer para fugir do rebaixamento sem grandes sustos.
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