Política

Bandidos sociais estrebuchariam
com vitória de Jair Bolsonaro?

DANIEL LIMA - 26/09/2018

De tão evidente e constrangedor, não há como deixar de identificar o desespero dos bandidos sociais da política, principalmente da política, diante a possibilidade de Jair Bolsonaro chegar à presidência da República. Os bandidos empresariais estão mais discretos, após o massacre da serra da Operação Lato. Bandidos sociais da política também poderiam ser chamados de bandidos políticos. Estando ou não atrás das grades. Até porque, muitos não estão. E não estarão.

Querem melhor notícia que o desassossego dos malfeitores públicos e privados? Minimizem os supostos exageros do capitão reformado ao revelar a face conservadora da agenda de costumes que os mais moderninhos verbalizam publicamente entre outros motivos como marketing pessoal. Pensem apenas na potencialidade do quanto será possível imaginar um Brasil ramificado de forma vigorosa com filhotes da Lava Jato. 

Tudo que a maioria dos concorrentes não quer. Sobretudo quem se imaginava tão competitivo nestas alturas do campeonato a ponto de dar um salto triplo na reta de chegada. 

Segurança Pública é âncora

O tempo está se esgotando e os perdedores esbravejam, quando não estrebucham na propaganda eleitoral. Uma confissão tácita do quanto temem a força-tarefa federal no desmonte de quadrilhas que atuaram na linha de frente das unidades públicas em conluios com bandidos empresariais. 

Minha opção por Jair Bolsonaro foi lenta e gradual, na medida em que João Amoedo se afastava do batalhão da frente. A facada elevou Bolsonaro ao favoritismo no primeiro turno e lhe dará impulso extraordinário na sequência. Segurança Pública é seu carro-chefe programático e o horário eleitoral em igualdade de condições empurrará de vez mensagens que inundam as redes sociais. 

Acho que vale a pena contextualizar a presença de Bolsonaro na propaganda eleitoral de rádio e televisão. Ele conta com apenas oito segundos na televisão, mas ganha votos ou potenciais votos com o noticiário policial nosso de cada dia. Cada flagrante de violência, cada escola como palco de professores hostilizados, cada situação tão rotineira na vida real, e lá aparece a lembrança de Bolsonaro. As pesquisas detalhadas conferem a Bolsonaro predomínio avassalador no quesito de Segurança Pública. 

Dizia que estava de olhos, ouvidos e mente em João Amoedo, mas ele sentiu a facada em proporção inversamente proporcional à realidade vivida por Jair Bolsonaro. Seus eleitores serão renitentes até que ponto se houver a viabilidade de Bolsonaro matar o jogo no turno inicial? Algo que, sinceramente, não acredito. 

É melhor esperar 

João Amoedo representa mais meus princípios e conceitos, agora vistos como secundários diante da situação de um País que precisa lidar com temáticas emergenciais.  Amoedo é um pregador respeitável do Brasil que queremos. Para o futuro. O presente é o Brasil possível, com toda a carga de riscos inegáveis que a mudança representa. 

Para chegar à conclusão de que Jair Bolsonaro é meu candidato preferido não precisei de malabarismos reflexivos além da confissão de que Amoedo me acossava. Bastou acompanhar atentamente, como sempre faço, a narrativa das grandes mídias e, sobretudo, aqueles detalhes pouco perceptíveis nos candidatos mais fortes quando incomodados com questões ligadas à Operação Lava Jato.

Tenho cá comigo que o Brasil precisa passar por eventual aventura de um governo chefiado por Jair Bolsonaro após experimentar o longo pesadelo e o inferno em que se meteu com a classe política tradicional de cambalachos estimulados pela multiplicação de partidos e coalizões nutridas por cardápios em que todos se refestelaram às custas do Estado, tomando de assalto a máquina pública e as estatais. 

Poderia desfilar neste espaço pelo menos uma dezena de dados estatísticos que comprovariam o estado de penúria social e econômica que nos abate em confronto com países de características socioeconômicas semelhantes. Prefiro conceituar em torno principalmente dos interesses contrariados que o capitão reformado representaria. 

Reflexos na região 

Se Bolsonaro e seus ministros vão acertar a mão é outra história. Inclusive porque os adversários não lhes darão um minuto sequer de tranquilidade. São todos exclusivistas partidários e corporativistas. Tomaram o País de assalto desde a reinstaurarão de uma democracia capenga em que os poderosos de sempre, em todos os níveis da Federação, seguem mandando e desmandando. 

Os mandachuvas e mandachuvinhas conhecidos e dissimulados desta Província se replicam em todo o território nacional. E nadam de braçadas nas mídias que, empobrecidas, estendem o tapete de diferentes tonalidades em vermelho e azul. Quem sabe a ruptura de usos e abusos não tenha o mesmo efeito de um freio de arrumação? 

Para um trem desgovernado – e estaria à beira do precipício não fosse o governo Temer cuidar bem da economia – qualquer resultado é lucro. A obra-prima de incompetência de Dilma Rousseff chegou ao requinte de destruir o legado de consumismo lulista que, por si só, também não resistiu ao dilúvio.  

Recuso-me a imaginar que o candidato do presidiário em Curitiba, homem reconhecimento inteligente e pragmático, ocupe a cadeira presidencial no ano que vem. A coroação de espantosas falcatruas que a Lava Jato fez emergir, como se o Mensalão não fosse suficiente, jogaria o Brasil no quarto de despejo da cidadania responsável, mas paradoxalmente, nos atiraria na cara a imensa parcela de eleitores que se entregam ao caudilhismo. Nada surpreendente diante da desigualdade social industrializada por um Estado mastodôntico e distribuidor de benesses. 

Haddad e a região 

O que representaria para a região a vitória do petista que teve a coragem de golpear duramente os malfeitores do mercado imobiliário no escândalo chamado Máfia do ISS, cujas investigações são mantidas a sete chaves porque impacta diretamente delinquentes engravatados? 

Provavelmente teríamos muito mais vantagens temporárias do que o horizonte que se descortina com Jair Bolsonaro. O capitão reformado não abriria mão de confinamento das finanças públicas ao invólucro da redução do tamanho do Estado perdulário. Já Haddad seria uma versão igualmente farsesca de gastos públicos (e explosão inflacionária) de Dilma Rousseff, dinamitadora do equilíbrio fiscal. 

O PT vitorioso com Fernando Haddad voltaria com força total à região e centralizaria ações para a retomada da Prefeitura de São Bernardo, claro que com Luiz Marinho. O mesmo prefeito Luiz Marinho, tratado a pão de ló pelo petismo federal. Foram investimentos milionários durante os oito anos de gestão porque se pretendia levá-lo ao Palácio dos Bandeirantes nesta temporada. Só faltou combinar com os russos da depressão econômica dilmista. O canteiro de obras inacabadas está sendo capitalizado na medida do possível pelo prefeito Orlando Morando. 

Menos protecionismo 

Com Bolsonaro presidente provavelmente teríamos um terremoto na nefasta política protecionista às montadoras de veículos em detrimento das autopeças e das demais atividades industriais da região, com extensão à persistente e aprofundada desigualdade social. 

Já tratamos desse assunto com o uso de microdados salariais, mas não custa reforçar: a elite dos trabalhadores de montadoras e autopeças de grande porte de São Bernardo causa rombos no apetite de investidores. As grandes consultorias preferem indicar a seus clientes outras geografias. Fogem como o diabo da cruz do chamado Custo ABC, expressão preciosa dos anos 1990 do empresário e médico Fausto Cestari. Regalias salariais e trabalhistas incorporam-se aos custos dos veículos que o Brasil inteiro paga. 

Vantagens fiscais são um legado eterno desde a implantação da indústria automotiva na região. A equipe econômica de Jair Bolsonaro aceitaria essa antiga regra de um jogo de cartas marcadas?  

Quem pensa pequeno e seletivamente certamente sonha com a manutenção de desequilíbrios microeconômicos que afetam o tecido social da região. As montadoras e as sistemistas (autopeças das autopeças que abastecem diretamente as montadoras) vivem num mundo de competitividade nacional à parte. O desequilíbrio é comprovado internamente, mas não há quem tenha a coragem de mexer no vespeiro. 

O fracasso do regime democrático no País é latente, mas nem por isso objeto de contraposição como suposto encaminhamento de medidas de recuperação do tecido econômico e social. 

Ladainha manjada 

A ladainha de que Jair Bolsonaro representaria risco à democracia é um estribilho político-ideológico manifestado por personagens sinistros durante o reinado petista de assombrosos assaltos aos cofres públicos. Um reinado que soltava as cordas sem perder o controle das chamadas forças de coalizões, que também poderiam ser definidas como sanguessugas da nação.

Jair Bolsonaro é um ponto fora da curva de safadezas da política nacional. Não é simplesmente uma obra do acaso. As manifestações populares mesmo antes de ser abatido pela facada associavam sentimentos diversos e uma certeza que jamais a sociedade esperava viver: existe uma alternativa popular de poder à direita. A esquerda está atordoada. E irá a nocaute se as urnas de primeiro e eventual segundo turno decidirem contrariar seguidas eleições presidenciais em que tucanos e petistas dividiram os cofres federais e colocaram o País num ritmo de crescimento muito abaixo dos principais competidores, entre outros motivos porque aumentaram o tamanho do Estado. 

No fundo, no fundo, não temos nada a perder com essa experimentação eminente. Nem mesmo o que chamam de democracia, que não passa de um arremedo constitucional a desprezar a meritocracia em benefício de grupos que aparelharam o Estado institucionalmente mundano, economicamente opressor e socialmente irresponsável. 



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