O recém-inaugurado Ginásio Poliesportivo de São Bernardo é apenas a ponta do iceberg de intervenções urbanas reservadas pela administração de Maurício Soares para a Avenida Kennedy e imediações. Será ali, na última grande área pública não-edificada do Município, com 150 mil metros quadrados, o pivô da nova cara da cidade. O espaço vai ser transformado em um imenso parque urbano, que se estenderá até a marginal da Via Anchieta. Verdadeiro pulmão verde para enfrentar os novos tempos.
A plástica pretendida não se resume ao visual. À entrada do parque será erguido o Centro Administrativo Municipal, destinado a acolher todo o comando político-administrativo da cidade. Essa obra é a de prazo mais longo e deverá ser iniciada em três ou quatro anos. "Das 11 secretarias, apenas cinco ainda permanecem no Paço" -- conta o prefeito.
Câmara Municipal e Teatro Cacilda Becker também serão deslocados rumo ao novo Centro. Quanto ao futuro do espigão balzaquiano que serviu de marco nacional durante as mudanças políticas do País a partir de 1978, Maurício Soares é pragmático: pode ser vendido ou simplesmente implodido, já que o custo de reforma beira o valor de uma nova construção. A Praça Samuel Sabatini, poderá vir a ser um espaço de lazer nos moldes europeus.
A vocação da Avenida Kennedy para abrigar o novo Centro da cidade já havia sido detectada na gestão anterior de Maurício Soares (1989-1992), quando foram designadas áreas para a construção do Fórum e da Secretaria de Finanças. Ambas integram o projeto urbanístico, que engloba ainda o antigo campo da Villares. Hoje subutilizado pelo almoxarifado esportivo da Prefeitura, o local será ocupado por praça em breve. A fachada do prédio da Pasta de Finanças vai receber pastilhas de cerâmica, compondo padrão arquitetônico com o ginásio.
Na calçada oposta, as instalações do Departamento de Parques e Jardins serão transformadas em bosque público, idealizado para a prática de cooper e footing atualmente acomodada ao longo da Avenida Barão de Mauá, na Chácara Inglesa. O viveiro já está sendo transferido para Riacho Grande. Entre o Poliesportivo e o Fórum, onde funcionava acampamento de operários, será construída Escola de Trânsito em parceria com a livre-iniciativa e entidades de classe. A Prefeitura já conta com quatro interessadas, entre as quais o Sindicato de Empresas de Transportes do ABC. "Esse embelezamento estimula a livre-iniciativa instalada na Kennedy a incrementar o lado plástico do negócio" -- incentiva Maurício Soares.
No entanto, nenhuma dessas alterações paisagísticas seria válida se o projeto não priorizasse a acessibilidade ao local. Aliás, a solução para o estrangulamento viário do atual Centro da cidade é um dos principais objetivos da remodelação urbana. Entre as prioridades de execução, a interligação entre as avenidas Lauro Gomes e Senador Vergueiro será concluída ainda este ano e será ferramenta primordial para o escoamento do tráfego de Santo André para a Anchieta. Orçada em R$ 1,1 milhão, a obra conta com doação de área feita pelo Carrefour e depende de desapropriação de terreno da Lajiosa. O novo traçado viário agrega também o prolongamento da recém-aberta Avenida São Paulo que ladeia o Ginásio Poliesportivo. A via planejada avança até o Bairro Jordanópolis por túnel sob a Via Anchieta. O projeto, a ser iniciado em no máximo dois anos, servirá para desafogar os congestionamentos do Km 18.
Cidade Pirelli 2 -- A reorganização da cidade não se encerra na confluência da Kennedy com a Vergueiro. Estende-se até a Vera Cruz, onde governo do Estado, Prefeitura e livre-iniciativa custeiam o ressurgimento do complexo cultural com novos estúdios e teatro com capacidade para mil pessoas. "Nossa proposta é inaugurar o espaço em 21 de abril do ano 2000, aproveitando a comemoração dos 500 anos do Brasil" -- entusiasma-se o prefeito.
Embora traga contornos futuristas, a reurbanização da Kennedy conta com perfil realista. Só se põe no papel aquilo que pode ser executado. Nada de projetos mirabolantes empilhados. E mais: o governo amarrou a execução das obras de tal maneira que a continuidade independe da reeleição de Maurício Soares. "Nenhum outro prefeito terá como recuar do projeto" -- garante. Maurício adianta que algo parecido com o projeto Cidade Pirelli de Santo André deve desembarcar em breve em São Bernardo. Onde? No novo Centro novo, próximo à Avenida Lauro Gomes. O custo desse conjunto de obras ainda está em estudos, mas a Prefeitura não esconde que utiliza alternativas para acelerar a execução de projetos. Bom exemplo são os trevos de acesso da Via Anchieta, que para saltar das pranchetas contaram com doação de faixas de terra feita pela iniciativa privada. Dessa maneira, foram evitados os demorados processos de desapropriação. A economia chegou a R$ 11 milhões. A Prefeitura recebeu seis mil metros quadrados da Rolls Royce, 11 mil metros quadrados da Ford do Brasil, quatro mil metros quadrados da De Nigris e outras áreas menores da Anchieta Veículos, Auto-Estufa Armando, Kalunga e Shellmar. Com isso viabilizou o alargamento dos trevos do Taboão e do Bairro Assunção e colocou na alça de mira uma nova entrada para o Centro e Bairro Planalto.
As consequências que o deslocamento do sistema nervoso central político-administrativo vai provocar nas três antigas artérias da cidade também foram consideradas no projeto. Avenida Faria Lima e ruas Jurubatuba e Marechal Deodoro não devem ser descaracterizadas. Acomodam bancos e lojas de móveis tradicionais e dispõem ainda de comércio mais popular. "Espero que a Faria Lima receba novos prédios comerciais, porque tem potencial para crescimento vertical" -- sugere o prefeito.
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ