Administração Pública

Começa a nascer
o Centro Novo

WILSON MOÇO - 05/10/1999

Recuperar a auto-estima dos moradores, promover a integração da população com a cidade e revitalizar o comércio de Ribeirão Pires formam o tripé do projeto Centro com Qualidade amplamente debatido no Fórum de Desenvolvimento Sustentado promovido pela Prefeitura em 1997. Ali se reuniram a Administração, sindicados, associações de classe e comunitárias, entre outros. Mas a profunda reformulação planejada para o chamado Centro Novo tem alvo considerado de fundamental importância para o desenvolvimento econômico do Município: o turista.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Sustentado de Ribeirão, Mozart Morais Filho, os frequentadores de pontos turísticos, chácaras e outras atrações da agora estância turística sequer circulam pelo Centro. Isso significa que não consomem na cidade e que, portanto, não ajudam a impulsionar o crescimento dos serviços de lazer e do comércio. Criar condições para que esses turistas vejam o Centro com outros olhos faz parte do esforço concentrado na reurbanização, cujo passo inicial será conhecido até meados deste mês, quando a Administração promete entregar a remodelada rodoviária.

Mas se essa obra, em princípio, trará benefícios diretos à população, o conjunto deixa claro que o projeto Centro com Qualidade segue o velho ditado Um olho no peixe e o outro no gato. Ou seja, um obviamente está centrado nos moradores, que hoje procuram outras cidades para compras ou lazer; o outro mira o turista, que pouco gasta em Ribeirão.

O primeiro passo visível já foi dado, mas certamente a Administração terá de trabalhar forte para concluir o projeto Centro com Qualidade até maio do próximo ano, conforme o cronograma traçado. Até porque, a proposta apresenta intervenções que não demandam tempo ou dinheiro, como mudança viária, mas também outras mais complexas -- como convencer proprietário de uma revenda de automóveis a transformar o espaço, de forma a adequá-lo ao novo perfil planejado para a área onde está instalada. "Ali poderia ter loja de flores, revistaria, lanchonete e outros estabelecimentos ligados a serviços e lazer. Nossa intenção é que seja uma espécie de shopping a céu aberto" -- explica Rubens Migliori Liberatti, secretário de Obras e Serviços Municipais. Outra intervenção que mexe diretamente com o setor do comércio é a transformação da Rua do Comércio em calçadão.

Mas o lazer não foi esquecido no projeto. Na verdade, é ponto considerado essencial para atrair moradores e turistas para a região central. Por isso mesmo, o projeto Centro com Qualidade propõe que o cinturão que vai da Praça da Bíblia, numa ponta, à Praça dos Imigrantes, na outra, seja um verdadeiro boulevard, com as mais variadas opções. Assim, a Praça dos Imigrantes teria espaços destinados à Terceira Idade, como mesinhas próprias para jogo de damas, por exemplo, além de nova central de serviços, de informações turísticas, Correio e posto da PM. A Praça da Bíblia seria destinada a feiras, shows de menor porte, recitais de poesia e outras atividades.

Como para crescer é preciso pensar grande, o projeto desenvolvido pela Prefeitura prevê local destinado aos eventos de maior porte, justamente aqueles que, além de atrair moradores, podem acertar em cheio também o visitante. Como em tempos de vacas magras a saída é usar a criatividade, a área escolhida para abrigar o que se pode chamar de casa de espetáculos a céu aberto foi o estacionamento do Paço.

Além de significar economia no processo de adequação, o local fica em área estratégica da região central para onde convergem três ruas. "Por isso mesmo, é muito grande o número de pessoas que circula nessa área" -- diz o secretário de Obras e Serviços. Segundo cálculos, o espaço poderá comportar até 15 mil pessoas e será dotado de palco coberto de 9,5 metros de largura por 14 metros de comprimento e camarins. Também terá frente para a Avenida Brasil, uma das principais da cidade, e poderá ser usado como tribuna em festas cívicas.


Sem enchentes -- O processo de reurbanização do Centro começou, de fato, ano passado, quando foram investidos R$ 800 mil em obras antienchentes, que agravavam ainda mais os problemas do comércio e de quem era obrigado a circular pela área. Sanado o problema, como foi possível detectar na temporada de chuva deste ano, era hora de entrar com tudo no projeto Centro com Qualidade.

Entre tantas obras de caráter prioritário elencadas na discussão do Orçamento Participativo, esta é considerada a principal no trabalho de recuperação da auto-estima do cidadão. "Em toda e qualquer cidade o Centro tem valor simbólico muito grande. É uma referência para o morador e para quem vem de fora. Precisamos fazer com que o morador de Ribeirão viva um pouco mais a cidade. Ter um Centro do qual se orgulhe é o ponto de partida" -- diz Mozart Morais.

Mas prioridade não significa, necessariamente, bom trabalho de planejamento financeiro. Em administrações públicas, principalmente, são comuns obras interrompidas por falta de verba. No entanto, não é esse o caso do projeto Centro com Qualidade. Tanto Mozart quanto Rubens são enfáticos num ponto: o dinheiro para tocar a empreitada, com custo total estimado em R$ 3,7 milhões, já está garantido. Nem por isso a Administração tem deixado de buscar apoio da iniciativa privada, que em troca de reforço financeiro poderá utilizar espaços publicitários em mobiliário público, como bancos de pontos de ônibus, nos próprios pontos, totens informativos etc. A reforma da rodoviária, que custou R$ 700 mil, foi 50% custeada pelas empresas que operam o transporte municipal.

Outro ponto importante que envolve a reurbanização do Centro é a melhoria no sistema de iluminação, o que implica também em garantir maior segurança. Nesse sentido, a Administração já iniciou contatos com a Eletropaulo pleiteando a troca das atuais lâmpadas de vapor de mercúrio pelas de vapor de sódio, que, além de melhor poder de iluminação, significam menor consumo de energia e economia.

A verdadeira cirurgia por que vai passar o Centro Novo de Ribeirão poderia ser um tormento e prejuízo para os comerciantes instalados na área. Aí, outra vez, se vê o bom planejamento, a partir de discussões desenvolvidas no Fórum de Desenvolvimento. Afinal, o cronograma prevê que as obras que mexerem com a infra-estrutura de ruas e calçadas só serão iniciadas em janeiro. Os trabalhos prosseguem em outras frentes, o Centro vai ganhando nova cara e o comércio não deixa de faturar. Até porque, seria contraditório prejudicar o que já existe quando tudo está sendo feito para buscar o crescimento.


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