Administração Pública

Enfim, a luz no
fim dos dutos

DA REDAÇÃO - 05/11/1999

Água mais barata para o Pólo Petroquímico de Capuava pode ser apenas questão de sintonia e bom senso. A Sama (Saneamento Básico de Mauá) iniciou discussões com a Câmara de Vereadores para aprovação de projeto que viabiliza a construção de estação de água industrial no Município. Se concretizado, o Projeto Sanear vai solucionar um dos principais problemas de conjunto de empresas que consomem em média 200 mil litros/mês de água e desembolsam exorbitantes R$ 4,68 por metro cúbico. Com a estação, que transformaria esgoto doméstico em água reutilizável para produção, seria possível baixar o preço para até R$ 1,35.


A sensível redução de custo figura como o principal atrativo de projeto que beneficiaria, além das empresas do Pólo, toda a cadeia produtiva do setor plástico que utiliza a matéria-prima da indústria petroquímica local. Mas há outras vantagens. A proximidade da estação com as empresas garante abastecimento ininterrupto e a especificação necessária ao processo produtivo de cada uma. A água que o Pólo de Capuava compra da Sama é a mesma que chega às torneiras para consumo humano. Custa caro porque é potável e por causa da tarifa progressiva: quanto mais usa, mais paga. Para racionalizar o consumo e conseguir o volume necessário à produção, as empresas tratam a água retirada do Tamanduateí e misturam à fornecida pela Sama. A operação também representa custo adicional no preço final dos produtos. 


A discussão do Projeto Sanear chega em hora mais que propícia. Empresas como Recap (Refinaria de Capuava), PQU (Petroquímica União) e Polibrasil estão envolvidas em projetos de ampliação que contemplam aumento de produção e de competitividade. Por isso, a água industrial é assunto antigo na região. As tentativas de viabilizar a ERA (Estação de Reúso de Água) em Santo André e a produção de água industrial na ETE/ABC (Estação de Tratamento de Esgotos do Grande ABC) esbarram em falta de verbas e até de consenso entre a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e as autarquias municipais.


A urgência da questão é gritante. A diferença de custos entre a água consumida pela PQU e pelas centrais petroquímicas da Bahia e do Rio Grande Sul chega a R$ 10 milhões/ano. "O Pólo é hoje nosso maior empregador e seria muito importante que, no máximo em 2002, pudéssemos fornecer água industrial" -- argumenta o diretor-superintendente da Sama, Márcio Chaves Pires. São sete mil empregos diretos.


Mercado -- O Sanear prevê a coleta de esgoto, a construção da estação e a produção de água industrial por empresa pública ou consórcio da iniciativa privada. O saneamento básico no Brasil desperta a atenção de gigantes internacionais do setor. A espanhola Unión Fenosa, a francesa Lyonnaise e a americana Enron estão de olho em possíveis associações com empresas nacionais já no próximo ano.


Com investimentos calculados em R$ 146 milhões, o Sanear se enquadra em linhas de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da CEF (Caixa Econômica Federal). A empresa trataria 1/3 dos esgotos domésticos produzidos em Mauá -- os outros 2/3 iriam para a ETE/ABC -- para fornecer 500 litros por segundo de água industrial. Do total, 350 seriam imediatamente consumidos pelo Pólo de Capuava. O restante abasteceria empresas do eixo Tamanduateí próximas à estação.


A empresa que assumir o projeto deverá complementar a rede de captação de esgoto que cobre 70% do Município, obedecendo cronograma de obras pré-estabelecido. Além disso, a Prefeitura receberia 7% ao ano do lucro com a comercialização da água industrial para investir na melhoria dos serviços de água potável. Para viabilizar o projeto é necessário que a Câmara de Mauá autorize a Sama a repassar os serviços de esgoto a outra empresa. E para vender a água industrial excedente para Santo André, o Legislativo local também precisa autorizar celebração de convênio entre os dois municípios.


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