A chegada do Central Plaza, inaugurado no final de setembro na Avenida dos Estados, é ameaça suplementar ao comércio de São Caetano, que já enfrenta forte concorrência dos shoppings de Santo André e São Bernardo, além de São Paulo. Mas a cidade não pretende entrar numa guerra de marketing com o mais novo adversário. Aposta fichas nas obras de revitalização da área comercial do Centro para garantir a fidelidade dos consumidores. Essa é a principal arma num combate que também inclui a disputa por compradores de bairros da Capital como Vila Prudente, parte da Mooca e do Ipiranga, entre outros.
A avaliação de que tornar o Centro mais atrativo é o ponto principal da contra-ofensiva de São Caetano parte tanto do presidente da Aciscs (Associação Comercial e Industrial), Ivan Cavassani, quanto do diretor municipal de Desenvolvimento Econômico, Jerson Ourives. "O Central Plaza é mais um concorrente, mas em conjunto com a Prefeitura estamos criando atrativos para evitar a perda de público, inclusive de moradores de bairros próximos da Capital que compram em São Caetano" -- diz Ivan Cavassani.
A preocupação em encontrar armas que tenham condições de fazer frente ao jogo pesado do concorrente é mais do que justificável. O Central Plaza chega disposto a arrastar para seus domínios consumidores das classes mais altas de São Caetano. E não se trata de tiro no escuro. Afinal, estudo da Target Pesquisas e Serviços de Marketing coloca a cidade em quarto lugar no ranking nacional de potencial de consumo per capita anual, com US$ 5.041,68 projetados para este ano.
Enquanto São Caetano aposta na revitalização do Centro e na fidelidade do consumidor, o Central Plaza coloca na linha de frente da batalha pesos-pesados na arte de seduzir o público, casos de Wal-Mart, C&A, Renner, Riachuelo, Pernambucanas, McDonalds, Playland e a rede de cinemas Cinemark, que opera 10 salas, uma das quais com 587 lugares -- a maior da América Latina. Isso é apenas a ponta da lança. Com 170 mil metros quadrados de área construída, o empreendimento abriga total de 240 lojas, três agências bancárias (Caixa Econômica Federal, Itaú e Real) e estacionamento com 3.550 vagas cobertas.
A estratégia mais visível de São Caetano nessa guerra é a transformação da Rua Santa Catarina em boulevard, com calçadas mais largas, nova iluminação e novo paisagismo, além de cobertura que a tornará shopping de rua. A inauguração está prevista para este mês, mas a cobertura será feita apenas a partir de janeiro para não prejudicar o movimento do comércio neste final do ano. Outro atrativo na região central será a construção de praça de alimentação e área de lazer em terreno desapropriado pela Prefeitura.
World Center -- O embelezamento da área central não seria possível sem a recuperação do Edifício Sagrado Coração de Jesus, antiga Galeria Ducal, que não passava de um monte de escombros devido a incêndio há 13 anos. "Era uma coisa até assustadora, que dava a impressão de que o Centro estava abandonado" -- comenta Cavassani. Encravado na nobre esquina das ruas Santa Catarina e Conde Francisco Matarazzo, o prédio de quatro andares ressurge das cinzas e, a partir deste mês, se transforma no requintado World Center para abrigar 58 escritórios e 48 lojas.
Para o presidente da Aciscs, não basta reurbanizar, porque o consumidor não quer apenas local visualmente atraente para fazer compras. Ele busca conforto, segurança e bom atendimento. O primeiro quesito envolve sobretudo facilidade na hora de estacionar ou de transporte público e local que disponha não apenas de área comercial, mas também de diversão e de alimentação. "E isso tudo estará disponível no novo Centro" -- garante Cavassani.
Em relação à segurança, o presidente da Aciscs destaca o papel da Prefeitura na doação de 40 viaturas para a Polícia Militar e no aumento do efetivo da Guarda Municipal. Os comerciantes de São Caetano também têm participação na empreitada para aumentar a segurança, ao garantir o fornecimento de combustível para a PM.
"São ações que ajudam a criar atrativos e que servem também para captar investimentos" -- acredita o presidente da Aciscs. Garantir o bom atendimento é obrigação do lojista, mas também a Aciscs tem uma cota-parte ao organizar cursos e palestras de qualificação do varejo. "É dever da associação e obrigação do comerciante trabalhar para que o público tenha o melhor atendimento possível. Sem isso, não vamos garantir a fidelidade dos compradores" -- diz Cavassani. A Aciscs não pretende deflagrar guerra de marketing para enfrentar a invasão da propaganda e da sinalização para o vizinho Central Plaza. No entanto, Cavassani revela que a entidade deverá fazer o mesmo e comandar campanhas promocionais para divulgar o comércio de São Caetano, inclusive nos bairros da divisa com a Capital.
Na verdade, o projeto de revitalização do Centro de São Caetano foi deflagrado exatamente em 20 de fevereiro deste ano, quando a Prefeitura inaugurou a primeira Rua 24 horas do Grande ABC na Avenida Conde Francisco Matarazzo, no Bairro Fundação. A rua conta com cerca de 20 lojas, mas a maioria não fica aberta ininterruptamente. No entanto, comerciantes instalados no local apontam volume de vendas até 40% superior ao do ano passado, comenta Ivan Cavassani. Ele diz que o conceito de Rua 24 horas passa por período de maturação. "Desde o início calculamos que seriam precisos de 12 a 18 meses para adequação do mix de lojas" -- explica.
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