O São Caetano que empatou de zero a zero o jogo de ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella contra o Ituano pela Série A do Campeonato Paulista encontrou uma peça que faltou no empate com o Corinthians domingo passado. Parece pouco? Nada disso.
A peça é importantíssima ao arranjo ofensivo que parece ser o ponto mais vulnerável do time do técnico Pintado. Agora só falta retirar ou dosar a participação de outra peça, já desgastada pelo tempo.
Vamos dar nomes aos bois. A peça que a partir de agora não pode faltar à equipe é o meia-atacante Vitinho, emprestado pelo Palmeiras. Vitinho é rápido, participativo, infiltra na área adversária, dá dinamismo às jogadas de aproximação e combate o adversário para facilitar a vida dos companheiros. Com ele o São Caetano saiu de uma apresentação letárgica no primeiro tempo e dominou quase todo o segundo tempo, quando poderia ter chegado à vitória.
A outra peça do São Caetano apresenta face inversa de titularidade meritocrática. Trata-se do veterano Christian, que fez sucesso no Corinthians e no futebol turco. Christian é quase um peso morto até agora no São Caetano. Brilha em lances isolados, sempre captados pelas câmaras de TV e por narradores e comentaristas especializados em entretenimento, mas provoca estragos coletivos.
Christian não tem vitalidade e mobilidade para ser primeiro ou segundo volante e como meia de armação, como tem tentado ser, sobram lentidão, baixa combatividade e pouca ambição de incomodar zagueiros. O chute forte e bem colocado ainda é sua marca. Muito pouco para uma competição dura como a Série A, na qual 16 equipes jogam 12 partidas na fase de classificação e as duas últimas colocadas vão ser rebaixadas.
Para quem aprecia análise com base exclusivamente em resultados o São Caetano do empate com o grande Corinthians fora de casa foi melhor que o São Caetano do empate com o médio Ituano em casa. Mas não é bem assim. Sobretudo por conta do dinamismo irradiado por Vitinho o São Caetano foi melhor como conjunto ontem à noite.
Ainda falta muito
Mas, é claro, está longe do ideal. Tanto que até o sistema defensivo sofreu avarias. Ponto forte do receituário do ex-voltante Pintado, consagrado como espécie de zagueiro avançado que distribuía vitalidade e faltas à frente da área, o sistema defensivo revelou-se desatento em várias situações do jogo de ontem, especialmente nos últimos 20 minutos, quando o desejo de vencer levou o São Caetano a negligenciar os cuidados defensivos.
Ainda é muito cedo para definições peremptórias sobre o desempenho do São Caetano e de qualquer outra equipe na Série A do Paulista. Seria preciso esperar mais quatro rodadas para desenho mais seguro. De qualquer forma, o que preocupa nesse início de campeonato é a possibilidade de o São Caetano contar com apenas uma jogada ofensiva.
Trata-se da entrada em diagonal dos pontas sempre abertos para completar cruzamentos das extremidades opostas. Uma velha formula de simplificação, estruturada como complemento de um sistema defensivo monolítico. A entrada de Vitinho pode quebrar esse monopólio organizacional cada vez menos letal no futebol brasileiro desde que os chamados analistas de dados os detectam e os treinadores tratam de neutralizar.
O confronto com o campeão brasileiro Palmeiras neste domingo no Estádio Anacleto Campanella é um teste defensivo para o São Caetano nessa espécie de presente de grego reservado pela tabela da competição. Por que presente de grego? Se jogar com os grandes já é uma roubada num futebol cada vez mais desigual, jogar com os grandes em casa é pior ainda porque é um mando de jogo praticamente inútil, no qual os três pontos geralmente são contabilizados pelo adversário.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André