Uma sugestão aos prefeitos dos sete municípios do Grande ABC que poderia ser levada adiante e será levada adiante se seus assessores tiverem bom senso e os próprios prefeitos quiserem como espero que queiram estar mais próximos das respectivas sociedades que os elegeram: que tal programarem para a segunda metade de janeiro, em duas semanas, dia sim, dia não, entrevistas coletivas para prestarem contas da temporada anterior?
Para dar caráter de regionalidade implícita, já que muito do que ocorre num determinado Município da região repercute na vizinhança, os encontros poderiam ser realizados na sede do Clube dos Prefeitos, também conhecido por Consórcio Intermunicipal.
Mais ainda: a programação seria coroada com um oitavo encontro, desta feita reunindo todos os prefeitos numa mesma mesa. A temática, nesse caso, seria regional, com base em tudo que se propagou do Clube dos Prefeitos durante a última temporada e no desvendar de outras pautas.
Como tive a ideia de encontros individuais e também do coletivo dos prefeitos no momento em que me pus à frente do computador sem saber o que redigir nesta manhã em meu escritório domiciliar, avanço nas possibilidades da programação.
Ocorre-me agora a sugestão de que as reuniões tanto poderiam ser por combustão espontânea dos prefeitos que, com os respectivos assessores, organizariam a programação, como também por alguma ou por algumas instituições municipais com assemelhados na região, casos das associações comerciais e industriais e também dos Ciesps (Centros das Indústrias). Há uma terceira vertente, de fato a mais apropriada, que reserva a agenda para o próprio Clube dos Prefeitos, antes que este ano se finde. Ninguém melhor que os próprios prefeitos para se arranjarem no calendário de janeiro, após descanso de final de ano.
Já imaginaram evento no qual cada um dos prefeitos da região teria tempo delimitado de três horas, pelo menos, liberando-se o ingresso apenas aos representantes da mídia para evitar claques encomendadas a eventuais desvios de finalidade?
Francamente, não acredito que algo semelhante venha a fazer parte do calendário anual de cidadania do Grande ABC. Haverá alegadas dificuldades de conciliação de agendas. Fossem o gerenciamento público municipal e o enquadramento regional mais valorizados, a segunda quinzena de janeiro de cada ano seria reservada para a recuperação de fatos e informações e também para análises e, principalmente, à explicitação de projetos e propostas para o futuro.
Fosse prefeito de qualquer uma das cidades do Grande ABC não teria dúvida em aceitar e propagar a proposta porque se há algo que um chefe de Executivo deve exercitar é a interatividade com a mídia, ponte entre eleitores e eleitos. E que melhor oportunidade de esclarecer pontos, dirimir dúvidas, colocar os pingos nos respectivos “is” senão democratizando informações?
Como profissional de jornalismo que defende o preceito constitucional de liberdade de expressão com a contrapartida de preparo técnico à função de jornalista, garanto que não perderia um desses encontros. O que perguntaria aos prefeitos? Há questões tanto municipais quanto regionais a serem postas à discussão, e nada melhor que expô-las publicamente. Quem sabe emissoras de rádio e de TV fechada do Grande ABC decidissem transmitir cada um dos eventos?
Ao prefeito Aidan Ravin, de Santo André, não tenho dúvidas sobre uma das indagações que faria sem pestanejar: por que não se opõe às denúncias de trambicagens de financiamento da campanha eleitoral se em tantas outras questões houve sempre réplica?
Ao prefeito José Auricchio Júnior, de São Caetano, questionaria sobre as dificuldades orçamentárias futuras por conta da perda de parte da arrecadação do terminal da Petrobrás, deslocado à Mauá, e das preocupantes repercussões de mudanças societárias da General Motors nos Estados Unidos?
Ao prefeito Luiz Marinho, de São Bernardo, a dúvida que exigiria incisiva resposta se prende às iniciativas que estariam sendo tomadas para atenuar a fadiga de material da indústria automobilística cada vez mais geradora de Valor Adicionado mas, em contraponto, economizadora de mão-de-obra.
Ao prefeito Oswaldo Dias perguntaria sobre as medidas contra o projetado caos que o desembocar dos veículos que trafegarão pelo ramal complementar do trecho sul do Rodoanel provocará no centro urbano de Mauá.
Ao prefeito Clóvis Volpi dirigia uma questão que parece ainda não estar concretamente definida como plano de ação sistêmico, que consiste na dúvida hamletiana de que Ribeirão Pires deve jogar-se de corpo e alma na ocupação industrial ou o turismo de negócios é a melhor saída?
Ao prefeito Kiko Teixeira não faria pergunta alguma porque o autoritarismo juvenil com que comandou o Clube dos Prefeitos só se rivaliza com a inoperância de políticas de desenvolvimento econômico de Rio Grande da Serra, pouco levada em consideração pela população local porque os investimentos sociais com dinheiro de terceiros (União e Estado) encobrem a baixa aptidão gerencial.
A todos os chefes de Executivos, no encontro suplementar, indagaria sobre a fórmula orçamentária que adotariam para introduzir investimentos regionais comandados pelo Clube dos Prefeitos agora formalizado como organização jurídica legalmente constituída.
Estou tão certo de que esses encontros seriam inesquecíveis que não tenho a mínima esperança de que sejam possíveis. Principalmente porque temos em larga escala uma imprensa pouco provocativa no sentido construtivo do verbete e uma sociedade pouco interessada de fato em tudo que a afeta diretamente. Menos, é claro, quando há nítida diferenciação entre o individual e o coletivo.
Total de 826 matérias | Página 1
07/03/2025 PREVIDÊNCIA: DIADEMA E SANTO ANDRÉ VÃO MAL