Administração Pública

Sonho do turismo
agora mais perto

VERA GUAZZELLI - 05/02/2002

A sonhada transformação de Paranapiacaba em pólo turístico ganhou ares mais realistas depois que a Prefeitura de Santo André efetivou a compra da parte baixa da vila ferroviária no final de janeiro. A concretização de um negócio que custou R$ 2,1 milhões e quatro anos de entendimentos fortalece o cumprimento de cronograma de obras de recuperação e infra-estrutura que deve se estender até 2010. Somente o restauro dos 360 imóveis que compõem o patrimônio adquirido pelo Município deve consumir R$ 18 milhões. Por isso, a Prefeitura corre atrás de recursos financeiros e parcerias que permitam tirar do papel uma das maiores vontades do ex-prefeito Celso Daniel. 

Os planos são concretos e a determinação de trocar as visitas de um dia -- às vezes até de horas -- e os acampamentos irregulares pelo turismo de fim de semana já tem as primeiras ações definidas. A Prefeitura priorizou para este ano o restauro de 15 imóveis selecionados de acordo com o estado de conservação e o potencial para abrigar atividades turísticas. O Castelinho, o Clube União Lira Serrano e o Mercado figuram na triagem inicial. Por enquanto há verbas disponíveis no orçamento de 2002 para o projeto de restauro do Mercado, para instalação do Centro de Informação Turística e para manutenção dos imóveis. As outras obras dependem de parcerias com a iniciativa privada. As negociações já estão em andamento e aguarda-se as primeiras novidades ainda para o primeiro semestre.  

"Pretendemos implantar estrutura mínima para receber turistas ainda este ano" -- planeja a diretora do Departamento de Paranapiacaba, Cristina de Marco Santiago, que também prevê a apresentação do Plano de Desenvolvimento Turístico para início de março. O estudo com detalhamento das ações previstas para os próximos oito anos deve colocar fim às principais dúvidas sobre a viabilidade do projeto. A Prefeitura ainda não dispõe de informações primordiais para os futuros investidores, como a projeção de aumento da demanda de visitantes e o reflexo desse crescimento na movimentação financeira da Vila. Paranapiacaba recebe cerca de 800 visitantes por final de semana, mas a maioria não consome no comércio local, principalmente pela escassez de opções. 


Aluguel e verbas -- A Prefeitura também trabalha no cadastramento dos cerca de 300 imóveis residenciais da Vila e espera tomar ciência da situação em 45 dias. Durante o período serão avaliados os contratos mantidos com a ex-proprietária Rede Ferroviária Federal e detectadas as irregularidades, antes de ser definida a nova relação comercial entre os dois mil moradores e a Prefeitura de Santo André. É praticamente certo o pagamento de aluguel dos imóveis à Prefeitura e a reversão da receita para as obras de Paranapiacaba. Mas ainda não há base de cálculo estabelecida para definir os valores.  

O pólo turístico almejado para Paranapiacaba precisa contemplar a transformação total de 4,26 milhões de metros quadrados de terreno e 336 mil metros quadrados de área construída. Certamente serão necessários bem mais que R$ 18 milhões -- ou 2,4% dos R$ 739,5 milhões previstos no orçamento de 2002 -- inicialmente programados para a restauração dos imóveis. Será preciso investir também em pousadas, hotéis, bares, restaurantes e na melhoria do acesso.  Por isso, além de parcerias com a iniciativa privada, a Prefeitura pretende pleitear crédito junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O banco tem como regra não financiar obras do setor público, mas dispõe de linhas especiais de crédito para turismo, patrimônio e transporte.  "A compra da Vila foi o último ato político do prefeito e a equipe vai redobrar os esforços para cumprir a meta" -- garante Cristina de Marco Santiago.

Os trilhos, os relógios, a maior parte dos galpões ferroviários e o Museu Funicular não entram no pacote de vendas porque são propriedade da MRS Logística, concessionária do transporte de carga da Malha Sudeste após a privatização de Rede Ferroviária Federal. A vila foi fundada no final do século 19 por trabalhadores da antiga São Paulo Railway Co.


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