Administração Pública

Governos socialistas
construíram Diadema

DA REDAÇÃO - 05/03/2002

Forjada de forma desordenada por décadas de migração precedente das regiões mais pobres do País, Diadema foi erguida praticamente do zero por cinco governos de esquerda que ocuparam o Paço Municipal nas duas últimas décadas: Gilson Menezes, prefeito entre 1983 a 1988, José Augusto da Silva Ramos, cujo mandato se estendeu de 1989 a 1991, José de Filippi Júnior, pela primeira vez à frente do Executivo Municipal entre 1992 e 1996, e novamente Gilson Menezes, de 1997 a 2000. Foi precisamente o fato de ter sido edificada por governos de esquerda que conferiu à Diadema o título de Nossa República Socialista na Reportagem de Capa de LM de abril de 1999. As gestões tiveram o carimbo do Partido dos Trabalhadores, com exceção da última de Gilson Menezes, eleito pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro). 

Emancipada há apenas 43 anos, Diadema ainda está longe de ser reconhecida por nível elevado de qualidade de vida e beleza, como são Marília, no Interior de São Paulo, e a catarinense Florianópolis, para ficar em poucos exemplos. Diadema soma 207 núcleos favelados, onde moram 120 mil pessoas, ou um terço da população. A renda média é baixa, o nível de educação formal é fraco, o índice de homicídios está entre os maiores do País e, além disso, Diadema é explicitamente sofrida e esforçada, com bairros de ruas estreitas apinhadas de casas modestas assentadas sobre topografia irregular. Apesar da imagem que pode desagradar aos olhos privilegiados de quem está acostumado às localidades bem planejadas do Brasil e do mundo, são inegáveis os saltos urbanos e sociais da cidade que não se conformou com o destino de ser transformada em quarto de despejo do Grande ABC e da Capital.  

Um dos sinais mais significativos da reviravolta social protagonizada por Diadema está no indicador de mortalidade infantil. De 83 crianças mortas antes de completar o primeiro aniversário por grupo de mil nascidas em 1982, Diadema atingiu 20,6 por mil em 1998, colocando-se abaixo da média estadual de 25,26 por mil. Outros números dão conta da evolução durante os governos socialistas: as vagas nas Emeis (Escola Municipal de Educação Infantil) saltaram de 2,3 mil para mais de 16 mil; a coleta de lixo cobre 100% dos domicílios; 99% das ruas foram pavimentadas; 97% ganharam iluminação pública e mais de 100 favelas foram urbanizadas. Em 1983 apenas 60% dos domicílios dispunham de coleta de lixo e 71% das ruas eram iluminadas. 

O aperfeiçoamento da infra-estrutura urbana e social deu-se de forma gradual e crescente: os prefeitos se debruçaram sobre aspectos específicos, além de incrementarem ações priorizadas pelos predecessores. A abertura e a democratização do Poder Público foram as marcas da gestão de Gilson Menezes, o primeiro prefeito petista do Brasil, que assumiu Diadema em 1983. Gilson Menezes frequentemente saia do gabinete para conferir as demandas sociais in loco e, assim, direcionava esforços para as questões mais emergenciais. Foi Gilson quem começou a pôr Diadema em eixos mais civilizados de pavimentação, construção de galerias, tubulação, expansão da rede de esgotos, água, drenagem e início de urbanização de favelas.

O governo do médico José Augusto da Silva Ramos dedicou atenção à saúde. Construiu rede que conferiu à cidade o status de uma Unidade Básica de Saúde para cada 600 moradores -- a legislação brasileira estabelece uma para cada mil. Também foi durante o governo de José Augusto que a capacidade das creches públicas saltou de módicas 28 vagas para mais de duas mil crianças e que o serviço de coleta de lixo chegou à totalidade da população.

Na primeira gestão de José de Filippi Júnior (de 1993 a 1996) Diadema passou a exportar cultura. A Companhia de Dança, criada em 1995, embarcou para fora do País espetáculos como Pierrot de Velas, Jardin de LÉfant e Tresmaisum. Além de levar arte de classe mundial para favelas, a gestão de Filippi foi reconhecida por três anos consecutivos com o Prêmio Maternidade Segura, concedido pela Secretaria de Saúde do Estado em razão da qualidade do atendimento público. Sua administração também intensificou o ritmo de favelas urbanizadas e estimulou a educação para excluídos por meio do Mova (Movimento de Alfabetização de Adultos) e do Serviço de Integração, voltado a portadores de deficiências visual, auditiva, mental e física. Gilson Menezes, que administrou Diadema pela segunda vez entre 1997 e 2000, deu continuidade aos esforços educacionais com a Escola Especial Olga Benário, para portadores de deficiência auditiva, além de outras ações voltadas à inclusão social.

O mandato atual de José de Filippi Júnior é diferente de todos os anteriores não apenas pela preocupação mais acentuada com o desenvolvimento econômico sustentado. Trata-se da primeira gestão do Município regida pela Lei de Responsabilidade Fiscal, instrumento que pretende moralizar o setor público brasileiro ao punir até com reclusão administradores que gastarem mais do que arrecadam. Como Diadema precisa de muita receita para manter e expandir serviços sociais e salvaguardas instauradas pelos governos anteriores, nada melhor do que garantir a sustentabilidade de quem contribui com mais da metade do orçamento municipal: as empresas.                                 



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