Administração Pública

Diadema espera
enxergar realidade

VANESSA DE OLIVEIRA - 05/04/2002

O novo perfil socioeconômico de Diadema está a um passo de ser desenhado. A intervenção para o ambicionado desenvolvimento sustentável é o censo encomendado pela Prefeitura que já caminha para a segunda etapa, quando começa a pesquisa qualitativa dos dados socioeconômicos das empresas. A primeira fase do levantamento percorreu em março as 31 zonas fiscais do Município e deve estar concluída até o final de abril. Comparativamente ao cadastro de 1995 da Prefeitura contendo 8.529 empreendimentos, o primeiro balanço quantitativo contabilizou 10.794 estabelecimentos, dos quais 58,3% tiveram os questionários validados. A administração pública não oficializa que houve aparente crescimento no número de estabelecimentos porque 20,75% dos questionários voltaram para complementação de dados e ainda não foram segmentados. 

Sob a responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo e do Observatório de Políticas Públicas Municipais, o censo recebe apoio da Coppetec (Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A pesquisa deve ir muito além da atualização do censo de 1995, realizado na primeira gestão do prefeito petista José de Filippi Júnior. A proposta é dissecar as principais cadeias produtivas através de informações como número e porte dos estabelecimentos, informatização, volume de empregos, tipos de produtos e serviços gerados.

Mapa de informais -- O censo também colocará uma lente sobre formação e capacitação de funcionários, importação e exportação, logística, relacionamento com fornecedores, linha de produção e inovações tecnológicas, entre outros. A manutenção de programas ambientais e sociais é outro item na alça de mira. "Setores informais estão sendo mapeados não com caráter fiscalizatório, mas analítico" -- sublinha o gerente do Sebrae de Diadema, Alessandro Paes dos Reis, um dos parceiros na empreitada. O Sebrae-SP tem interesse em conhecer a nova realidade do mercado informal de Diadema, detectar dificuldades e o que falta para os empreendedores regularizarem os negócios. A formação de cooperativas de trabalho e projetos de emprego e renda reforçam a lista de propostas que pretendem balizar o programa de desenvolvimento econômico.

O levantamento socioeconômico promete inserir surpresas que ajudarão a compor a nova cara de Diadema. Por enquanto, o Município ainda come, anda, dorme e produz de olho no retrovisor do censo de sete anos atrás, quando 67% da mão-de-obra local estava na indústria e 90% das empresas eram sedimentadas em quatro pilares: plástico, borracha, autopeças e serviços. "Esse setor certamente deve nos reservar surpresas" -- comenta o coordenador e geógrafo do Observatório de Políticas Públicas, Pedro Alexandre Campos, reticente quanto à divulgação de números parciais.

O cenário anterior dava conta de que a economia de Diadema se sustentava em indústrias de micro e pequeno porte (até 100 funcionários) dentro de seis cadeias produtivas: plástico, cosméticos, borracha, autopeças, papel e papelão. Detentora de metade das 360 empresas plásticas da região, a cidade figura como pole position no segmento, além de ser considerada o maior pólo de cosméticos do Brasil.

Justamente por isso, Diadema foi duramente golpeada pela reestruturação econômica ditada pela globalização. Além de registrar 40 mil desempregados, se debate contra altos índices de criminalidade e tenta reverter a queda na arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). De um índice de participação estadual de 1,62% em 1990, tombou para 1,15% em 2000. Com a proposta de fazer do censo lição de democracia, a Prefeitura vai além do gabinete. Envolveu no trabalho representantes locais do Sebrae, Ciesp, Acid (Associação Comercial e Industrial), CUT (Central Única dos Trabalhadores), Fundação Florestan Fernandes, IBGE e Dieese. Na segunda rodada, cujo resultado final está previsto para julho ou agosto, novos questionários serão encaminhados às empresas. Na esteira das respostas, Diadema promete partir para a terceira e última etapa: montar o painel que direcionará ações futuras e ajudará a reconstruir sem achismos o novo rosto da cidade.


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