Administração Pública

Sai contemplação,
entra o resultado

VERA GUAZZELLI - 05/05/2002

O lançamento do Plano Patrimônio da centenária Vila de Paranapiacaba, previsto para este mês, significa o primeiro passo para transformar o turismo de contemplação que sempre cercou a Vila Ferroviária em efetivo turismo de resultados. O diagnóstico elaborado pela Marketing Systems sinaliza para futuros empreendedores possibilidades concretas de fomentar um pólo de negócios de entretenimento em Paranapiacaba se forem respeitadas as características da natureza e da arquitetura e se houver interação com moradores locais. 

O Plano Patrimônio demandou um ano de estudos e traça caminhos realistas para a vila cujo potencial turístico e importância arquitetônica são mundialmente reconhecidos. Paranapiacaba recebe 105 mil visitantes anuais e tem chamariz, segundo a Marketing Systems, para atingir a marca dos 500 mil em 2005 e de 800 mil em 2010. "Planejamos um turismo para gerações" -- vislumbra a diretora do Departamento de Paranapiacaba, Silvia Regina Costa. 

São dois caminhos. O primeiro é resgatar o simbolismo e estimular negócios que perpetuem o cenário da vila inglesa, como cafés, pubs, pousadas e restaurantes. Paranapiacaba foi fundada por ingleses da São Paulo Railway em 1867 e tem até uma réplica do Big Ben. O outro caminho é dar ênfase ao ecoturismo para aproveitar a beleza da Mata Atlântica e incentivar a educação ambiental. Até o final do ano, a Prefeitura pretende dotar de infra-estrutura as trilhas da Pontinha, do Mirante e da Água Fria, além de oferecer guias para passeios monitorados e principalmente seguros.

A primeira fase de implantação do Plano Patrimônio identificou 15 imóveis potenciais para instalação de novos negócios, entre os quais o Clube Lyra Serrano e o Castelinho, que terão destinação institucional. Como os empreendedores não poderão ser proprietários, a Prefeitura pretende oferecer como incentivo inicial período de carência do pagamento de aluguel. Os 360 imóveis da parte baixa da vila, pertencentes à Rede Ferroviária Federal, foram comprados por Santo André por R$ 2,1 milhões no início deste ano.

As projeções feitas pela Marketing Systems dão conta de que o movimento de 90 mil turistas e 410 mil excursionistas (passeios de um dia) previsto para 2005 se desdobrará em 240 mil pernoites e 360 mil refeições, com resultado de R$ 29,5 milhões para a economia local. Os moradores também estão envolvidos em ações de empreendedorismo. A iniciativa de estimular a modalidade bed and breakfast (cama e café da manhã) já atraiu a atenção de 12 interessados em abrir as portas de casa para acomodar turistas. Recentemente foram inaugurados 11 ateliês-residências para estimular a comercialização de artesanato feito por artistas residentes na vila. Duas iniciativas de moradores são festejadas: a abertura de serviço de refeições e de casa do pão-de-mel, considerados protótipos de um restaurante e de um café.  "O Plano Patrimônio só será viável com o engajamento do morador" -- contextualiza Silvia Regina Costa.  A vila soma 2,5 mil habitantes. 

Público vizinho -- O Plano Patrimônio também define como público alvo o turista das proximidades. A Prefeitura não quer patrocinar falsas expectativas e sabe que antes de inserir Paranapiacaba em roteiros nacionais e até internacionais tem de caminhar muito. Está de olho no turista da Grande São Paulo, aquele que poderia tanto passar um dia quanto um final de semana na vila. Mas sabe que para isso terá de melhorar, entre outras coisas, as vias de acesso. Desde o ano passado, a CTPM suspendeu o tráfego de trens até Paranapiacaba durante a semana.  

Considerado patrimônio estadual, Paranapiacaba será agora tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e se tornará monumento nacional. O próximo passo é conseguir o reconhecimento da Unesco como patrimônio da humanidade. A vila foi incluída entre os 100 monumentos de risco de todo o mundo catalogados pela WMF (World Monument Fund). A WMF é organização não-governamental patrocinada pela American Express que destinou US$ 50 mil para restaurar dois imóveis que sediarão as casas da memória. A Prefeitura de Santo André, que criou até uma Subprefeitura para a localidade, planeja investir entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões anualmente até 2004 para melhorias na vila. O próximo evento é o Festival de Inverno, programado entre 12 e 21 de julho com a presença de Egberto Gismont, entre outros.



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