Política

Paulinho Serra está melhor
que Doria e Bolsonaro. E daí?

DANIEL LIMA - 02/05/2019

Em resposta ao título acima sugiro que o melhor mesmo é esperar pelas próximas pesquisas do Instituto ABC Dados. As respostas dos entrevistados (500 no total) ouvidos em abril são a primeira rodada do que se espera uma série para saber o andar da carruagem de aprovação dos mandatos dos prefeitos da região, do governador do Estado e do presidente da República.

Paulinho Serra, prefeito de Santo André, foi levemente superior a João Doria e a Jair Bolsonaro nas respostas positivas e também na reprovação. Mas nada que seja uma maravilha monumental. A margem de erro de 4,5 pontos percentuais, se levada a ferro e fogo, embaralha todos os números e os colocam em situação de empate. Mas fiquemos com os números rígidos para efeito de avaliação.

Na verdade, é preciso relativizar o que escrevi acima sobre as respectivas definições. Juntei alguns conceitos para facilitar o entendimento dos leitores. Considerei aprovação as respostas incidentes sobre “ótimo e bom”, e considerei reprovação as respostas “ruim e péssimo”. Assim manda o manual de interpretação de pesquisas assemelhadas.

Quem tem mais ou menos

Paulinho Serra obteve 35% de “ótimo e bom”, contra 31% de João Doria e 26% de Jair Bolsonaro. Quando se considera separadamente cada quesito, Paulinho Serra com 3% de “ótimo” empata com Jair Bolsonaro, mas perde para João Doria que obteve 7%. Já nas respostas em que o “bom” é a alternativa para os entrevistados, Paulinho Serra supera os demais com 32%, contra 24% de João Doria e 23% de Jair Bolsonaro.

No campo de reprovação, os 9% de “ruim” atribuídos a Paulinho Serra são levemente maiores que os 8% a João Doria e um pouco melhor que os 10% a Jair Bolsonaro. Com relação ao “péssimo”, Paulinho Serra é menos incidente com 11%, contra 19% atribuídos a João Doria e 16% a Jair Bolsonaro.

E qual é o tamanho dos entrevistados pelo Instituto ABC Dados que se definiram pela alternativa “regular”? Antes do resultado, uma ponderação que faço já há muito tempo.

Trata-se do seguinte: existe um campo bastante fértil a manipulações semânticas quanto se trata de tentar traduzir o significado de “regular” em pesquisas de opinião. Alguns agregam os números à aprovação; outros à reprovação. Entendo que no fundo se trata de um muro de proteção dos institutos de pesquisas. Que, na realidade, reproduz o comportamento dos entrevistados.

Dizer que tal prefeito ou tal governador ou tal presidente é “regular”, conforme consta das opções disponíveis, é sempre mais cômodo. Mas não acho elucidativo. “Regular mais para positivo” e “regular mais para negativo” parecem ser o eixo subjacente em cada resposta. O tempo, ou seja, novas rodadas de pesquisas, determinam para onde vai cada “regular” individual e coletivo.

Regular é complexo

Por essas e outras, os 42% de “regular” atribuídos a Paulinho Serra, os 33% a João Doria e os 39% a Jair Bolsonaro podem significar muita coisa, mas essa muita coisa só será qualificada e quantificada em combinação estreita no futuro. Quanto menos quantidade de “regular” sobreviver nas próximas rodadas, mais teremos a possibilidade de decifrar o enigma.

Tudo vai depender do movimento do barco em direção à aprovação em forma de “ótimo” e “bom”, e de reprovação com “ruim” ou “péssimo”. Talvez “regular para cima” e “regular para baixo” pudessem adiantar a contagem futura. Mas isso é especulação de jornalista metido a besta que sempre detestou ficar em cima do muro.

Só fico em cima do muro mesmo quando não tenho opinião, porque ter opinião sobre tudo é sobretudo arriscado. Uma parcela dos entrevistados que optaram por “regular”, entre cinco alternativas, talvez não tenha mesmo opinião alguma sobre Paulinho Serra, João Doria e Jair Bolsonaro.  

Saindo do muro

Se houvesse sido entrevistado, diria que Paulinho Serra é regular com viés de alta, mas um viés que pode também perder o fôlego e dar uma embicada para baixo; que João Doria é um regular com viés mais seguramente para cima; e que Jair Bolsonaro é um presidente regular com viés para baixo, com tendência indefinida, dependente da reforma previdenciária. Tanto que a oposição aguerrida e estúpida quer inviabilizar a aprovação a todo custo.

Em princípio, acreditei na possibilidade de avaliação dos demais prefeitos da região nas próximas rodadas do Instituto ABC Dados. Imaginava a possibilidade de uma interpretação mais ajustada dos números de Paulinho Serra, e consequentemente, dos demais.

Ou seja, acreditava que poderia comparar os resultados entre eles, prefeitos. E por que não também de João Doria e de Jair Bolsonaro? Entrecruzar os números dos prefeitos entre si e também em sintonia com os resultados do governador e do presidente da República poderia ser um processo de clareamento de definições.

Entretanto, ao ler o material do Instituto ABC Dados vejo que não haverá esses confrontos. A pesquisa em Santo André foi exclusiva, por conta do aniversário comemorado em abril. Qualquer sondagem adicional que procure costurar sentimentos dos moradores da região em relação às questões respondidas em Santo André perderá valor comparativo. O tempo arruma e desarruma a casa de avaliações.

Infraestrutura crítica

Porque foi concebida para conhecer mais de perto o sentimento da população de Santo André no mês de aniversário, a pesquisa do Instituto ABC Dados também se embrenhou em aspectos da gestão do prefeito Paulinho Serra, sobretudo em questões relativas à zeladoria, cujo peso é considerado elemento relevante à aprovação ou não dos titulares dos paços municipais.

Há alguns buracos negros na gestão do prefeito de Santo André que não passam de repeteco dos prefeitos em geral, mas também outros pontos com digitais próprias. Por exemplo, com digitação própria: os 54% de avaliação negativa na manutenção asfáltica das ruas e avenidas. Não há como negar que se trata mesmo de uma situação específica da administração do prefeito Paulinho Serra.

Outros pontos complicados, como os 51% de reprovação na área de saúde, os 36% em Educação, os 56% no trânsito, os 41% no transporte público e também os 54% na área de Segurança Pública são vicissitudes, em regra, dos prefeitos de regiões metropolitanas.

Os orçamentos municipais não suportam demandas cumulativas de uma população que empobreceu horrores neste século, como tenho mostrado e analisado exaustivamente neste site, sempre com respaldo de organizações comprometidas com a verdade empírica dos fatos. E, claro, em contraponto aos falastrões de sempre.

Mais Celso Daniel

Ainda sobre as próximas rodadas de pesquisa do Instituto ABC Dados, possivelmente enquadradas no conceito de data de aniversário, estou louco para saber quem são os Celso Daniel dos respectivos endereços municipais. Traduzindo: a pesquisa realizada em Santo André detectou junto aos 500 entrevistados que Celso Daniel é o prefeito mais importante da história local, com 70% de apontamentos. Quem seria em São Bernardo. E em São Caetano? Mauá teria algum sobrevivente? Ribeirão Pires? Diadema? Rio Grande da Serra?

Aposto todas as fichas que jamais aparecerá em algum desses endereços alguém com o estoque de paixão demonstrado por Celso Daniel.

Faltou no questionário do Instituto ABC Dados uma pergunta relativa ao prefeito mais importante em todos os tempos na região. Faltou mesmo? É tão óbvia a resposta que talvez por isso tenha sido descartada. Mas não custaria nada ver Celso Daniel consagrado nas ruas de forma científica também. Para desgosto de todos aqueles cuja capacidade cognitiva na interpretação dos fatos históricos sofre curto-circuito por ciúme, partidarismo, ideologia ou qualquer deformação congênere.

Para completar, e voltando ao sentimento da população captado pelo Instituto ABC Dados, são contraditórios os resultados que procuraram medir o tamanho do bem-querer local. Mais de 70% dos entrevistados consideraram ótimo/bom morar em Santo André, enquanto mais de 50% dos entrevistados revelaram sentir muito orgulho. Agora é que vem a bomba: 52% dos entrevistados disseram que não pretendem mudar da cidade, enquanto 47% afirmaram que sairiam de Santo André para viver em outra cidade, caso pudessem.  Mais homens (51%) que mulheres (43%) manifestaram intenção de deixar Santo André.  



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