Administração Pública

Dib garante: agora é
hora de virar o jogo

DANIEL LIMA - 05/08/2003

A promessa num tom que mistura desabafo, preocupação, determinação e esperança é do médico cardiologista William Dib, prefeito de São Bernardo: a Capital Econômica do Grande ABC que festeja neste mês 450 anos de fundação vai começar a viver pela primeira vez na história a plenitude do desenvolvimento sustentável, em que crescimento econômico, respeito ao meio ambiente e equilíbrio social se harmonizam como instrumentos musicais de uma banda afinada. 

William Dib projeta a São Bernardo do futuro sem perder o foco na São Bernardo do momento e muito menos do passado. Cuidadoso o suficiente para não ser injusto, mas incisivo o necessário para não se passar por descuidado, o prefeito é enfático: "Estamos pobres, cada vez mais pobres, mas temos potencial muito maior que os problemas" -- afirma, referindo sempre à São Bernardo que o acolheu aos seis anos de idade, porém transpondo a avaliação para o Grande ABC como um todo.

Há pouco mais de três meses no cargo municipal mais importante de uma região de 2,3 milhões de habitantes, William Dib é um dos maiores especialistas em São Bernardo. Sua carreira na administração pública e sua vida como médico e proprietário da maior clínica de cardiologia da região o colocam numa rara associação de homem público com visão de empreendedor e empreendedor com visão de homem público -- casamento perfeito para as necessidades de um Grande ABC batido nos últimos oito anos pela perda de 39% da produção de riqueza industrial.

Não é por outra razão que William Dib resolveu dar a largada pela estrada do desenvolvimento econômico ao assumir o comando de uma administração que compartilhou nos últimos seis anos com o renunciante prefeito Maurício Soares. A discrição nos bastidores do poder dos tempos de vice-prefeito não corresponde à influência sempre presente nas decisões. Dib saiu acidentalmente da penumbra e saltou para a ribalta para conduzir um Município que insiste em ganhar as manchetes toda vez que os metalúrgicos das montadoras de veículos se vêem ameaçados por novas demissões ou, mais recentemente, pela indesejável invasão dos chamados sem-teto a uma área industrial desocupada nas margens da mesma Via Anchieta, antes um exclusivo e reluzente corredor industrial. 

Que os agentes públicos, econômicos, sindicais e sociais particularmente de São Bernardo, mas por osmose das demais cidades da região, se preparem: o prefeito está inconformado com a situação de São Bernardo e do Grande ABC e decidiu mudar. O caminho é pela economia com responsabilidade social e ecológica. Espécie de quinta onda vai atingir São Bernardo se o planejamento estratégico dirigido por William Dib não sofrer tropeços. A mega-reestruturação do sistema viário de São Bernardo, que influenciará parcela da geografia regional, é o carro-chefe da nova jornada programada. Tudo porque o milionário investimento pretende retirar do passivo de São Bernardo o gargalo de dificuldades logísticas que fazem a diferença entre investir num balaio de gato de trânsito contraproducente à economia e à vida e em alternativas muito mais interessantes fora da geografia regional. 

São Bernardo pretende alçar o vôo da esperança de uma quinta onda histórica com a virada de um jogo em que está perdendo inapelavelmente. A primeira onda vivida pela cidade se deu no início do século passado com a industrialização liderada por imigrantes especialmente das áreas têxtil e moveleira. A segunda onda marcou a aterrissagem das montadoras e autopeças de veículos nos anos 50. A terceira onda mostrou o combativo, politicamente reoxigenador mas economicamente complicado movimento sindical, a partir do final dos anos 70. Já a quarta onda foi quase insuportável: a abertura das alfândegas tão providencial quanto acelerada, a partir do começo dos anos 90.  

Em todos esses processos, para o bem e para o mal, São Bernardo foi simples expectadora. Sim, em nenhum desses acontecimentos, nem mesmo na combatividade dos metalúrgicos a partir do final dos anos 70, houve liderança endógena de São Bernardo. Ou seja: não partiram de sua base de cidadania as grandes ações no campo econômico. E invariavelmente o poder público instalado na origem dos fatos e no desenrolar dos acontecimentos permaneceu alheio, como se os mais de 800 quilômetros quadrados do Município não tivessem nenhuma importância. 

A base sobre a qual o prefeito William Dib pretende espalhar a reviravolta econômica de São Bernardo é uma combinação de milhões de reais e de dólares, recursos próprios e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) que vão repaginar o viário de uma cidade vítima do improviso e do desleixo desenvolvimentista a partir de meados do século passado. Um corpo estuprado pelo desenvolvimento econômico sem planejamento espacial, no qual imperou a lógica de produzir, produzir e produzir, sem se dar conta dos custos sociais e econômicos. 

Provinciana na anatomia do sistema viário, São Bernardo levaria 20 anos para ganhar cortes modernos e, com isso, tornar-se mais atrativa aos investimentos produtivos e menos desgastante aos moradores. Com o empréstimo do BID, poderá compactar 20 anos em quatro, caso o cronograma de 25 obras não seja atropelado pela imprevidência. William Dib é um entusiástico propagador do projeto do qual participa ativamente. Fala com fluência sobre o conjunto de obras. Lembra que a Anchieta e a Imigrantes recortaram São Bernardo em três partes longitudinais e que o Anel Metropolitano completou o fatiamento em sentido oposto, dobrando os pedaços de uma pizza territorial confusa e improdutiva:

"Com o quadro que temos, há desperdício tanto para a produção industrial quanto para a qualidade de vida dos moradores. Sofremos com o rebaixamento da capacidade de eficiência logística tanto como com o desgaste da população, com perda de tempo nas idas e vindas" -- lembra.

Ao recorrer ao BID, São Bernardo fez uma conta simples pouco considerada no gerenciamento público geralmente dispersivo no País: os investimentos conjugados do BID e da Prefeitura serão resgatados pelos próprios resultados positivos de oferecer mais agilidade e produtividade no terreno da logística. "Os investimentos que traremos para a cidade como reflexo dessas obras nos permitirão pagar o empréstimo internacional sem transtornos orçamentários" -- acredita o prefeito.


Melhor esquina -- O dirigente não instala a reformatação do viário de São Bernardo numa redoma de preciosidade única. Ele também leva em conta na operação de melhoria da atratividade econômica e de qualidade de vida a duplicação da Rodovia dos Imigrantes, a chegada ainda indefinida temporalmente do trecho sul do Rodoanel, a implantação também indefinida do Ferroanel, a ampliação do Aeroporto Internacional de Guarulhos e do Porto de Santos. 

"O governador Geraldo Alckmin costuma dizer que São Bernardo pode se tornar a melhor esquina do Brasil porque, com tudo isso, vamos ter facilidades para receber matérias-primas e distribuir produtos para consumo na Grande São Paulo e no País, e também ao mercado internacional" -- afirma o prefeito.

Para William Dib, a série de intervenções viárias em São Bernardo é uma equação tão complicada quanto providencial. Complicada no sentido de que as obras derivam de meticuloso projeto cujo entendimento exige não só intimidade com a geografia de São Bernardo mas também proximidade com os pressupostos do BID. Providencial porque reconhece o passado de imprevidências que tornaram São Bernardo vitima de uma meia sola desenvolvimentista, na forma de investimentos produtivos desligados de diagnósticos sobre a dimensão dos impactos sociais e ambientais.

"Além de não termos, à época, infra-estrutura para receber as empresas, também não tínhamos suporte para as novas demandas para habitação, energia elétrica, transporte, saúde, saneamento básico. As correntes migratórias, ao longo desse período, sempre se deram acima da média do Estado. Dá para imaginar a escala de exigências de recursos públicos para fazer frente a tudo isso e, principalmente, depois que começamos a sentir o peso da evasão industrial" -- afirma. 

Por isso o prefeito não quer ser acusado pela história de ter contribuído para agravar a qualidade de vida em São Bernardo: "Não podemos pensar em atrair novos investimentos industriais sem garantir que estaremos estruturalmente, sob o ponto de vista físico-viário, preparados para atender às exigências dos agentes econômicos e da comunidade como um todo" -- enfatiza. 

O prefeito de São Bernardo acredita que o presente da assinatura do convênio e do contrato com o BID chegará por volta do próximo Natal, quando o presidente do organismo internacional, Enrique Iglesias, manifestou disposição de estar na região.

A boa notícia Dib recebeu pessoalmente durante o encontro com a força-tarefa do BID em recente viagem-relâmpago a Washington, Estados Unidos, sede da organização multilateral de financiamento. Talvez a casca de banana que possa retardar o início das obras, previsto para o primeiro semestre do ano que vem, venha dos bastidores do poder político em Brasília. Aumenta a especulação sobre eventual operação-tartaruga do governo petista na tramitação burocrática de documentos que permitiriam dar a largada ao empreendimento. Dib é cuidadoso com o assunto: "O governo federal já deu aval tanto ao empréstimo como para a capacidade técnica de São Bernardo para o pagamento da dívida. Teremos, portanto, um simples ritual de assinatura. Eventualmente, eles podem atrasar, mas não negar a assinatura em decisões já aprovadas".

O prefeito tem consciência sobre a possibilidade de o trâmite ganhar morosidade sintonizada com o calendário eleitoral que o anteporá na disputa pelo Paço Municipal com o candidato preferencial do presidente Lula da Silva, o ex-metalúrgico Vicentinho Paulo da Silva. "Mas tenho certeza de que o governo federal vai entender que as obras são importantes para São Bernardo e para o País como um todo. Certamente o governo federal não vai punir uma região tão importante quanto o Grande ABC. A população não poderá ser punida, até porque não temos apenas um partido político no poder regional". 

O que aumenta a confiança de William Dib no desembaraçamento dos interesses político-eleitorais, entre outros pontos, é a expectativa de que o presidente Lula da Silva, com história e moradia em São Bernardo, não permitiria desgaste de natureza burocrática. Além disso, Dib aposta na força da coalização de partidos que levaram Lula da Silva à Brasília, entre os quais o PSB do qual faz parte, bem como o ministro de Ciências e Tecnologia. 

Dib não se deleita na dissimulação para minimizar a importância da obra reformadora viária de São Bernardo como elemento de fortalecimento de sua campanha eleitoral, mas é enfático: "O favoritismo do grupo que está no Paço Municipal é resultado da história, não necessariamente de um conjunto de obras que nem estará pronto quando as eleições chegarem". 

William Dib afirma ser avesso ao triunfalismo que caracteriza as tentativas de recuperação econômica do Grande ABC. Por isso, está reestruturando a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Quer fazer do organismo a ponta-de-lança de aproximação permanente com empreendedores de todos os portes. "Não precisamos viver de um marketing falacioso, logo desmascarado pelos fatos. Temos de trabalhar sob bases realistas. Temos, por exemplo, de explorar ao máximo a capacidade técnica de nossos trabalhadores. Nossa mão-de-obra é qualificada e atrativa para quem quer competitividade nos mais diferentes setores industriais. Está aí o exemplo da Volkswagen, que escolheu São Bernardo para instalar a fábrica do Polo e agora vai investir no Tupi exclusivamente para o mercado de exportação".

Tornar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico espécie de prestadora de serviços de informações estratégicas é uma das premissas que o prefeito recomendou ao novo titular do cargo, Hermes Soncini. "Temos que ser parceiros dos empreendedores. Da menor à maior empresa, todos têm de ser tratados igualmente, com rapidez de atendimento. Precisamos conhecer a realidade imobiliária, econômica e trabalhista para dar respostas seguras. Uma secretaria, por exemplo, que esteja preparada para responder que tipo de curso de qualificação e requalificação profissional estamos precisando. Se é curso de garçon, de jardineiro, de marceneiro, seja o que for". 

Uma Prefeitura capaz de jogar no lixo do passado a teoria de que está pronta apenas para arrecadar impostos, introduzindo-se no mundo da parceria empresarial é o norte de William Dib para resgatar a confiança de empreendedores. "Estamos preparando em São Bernardo a elevação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico para o topo de preocupações da administração, juntamente com áreas vitais como Educação e Saúde". 

Apesar das fraturas expostas pelas perdas industriais do Grande ABC como um todo e de São Bernardo em particular desde a abertura econômica combinada com a valorização da moeda pós-Plano Real, o prefeito William Dib afirma que os maiores dramas estão no campo social. "A globalização acelerada foi cruel com nossas indústrias, sem dúvida. A enxurrada pegou nossas empresas defasadas em tecnologia, em processos, em capacidade de investimento. O resultado disso se deu de forma muito mais desproporcional no social do que na queda de produção. Vivemos, sem exagero, um desastre social nesse período" -- desabafa. 

Exatamente por entender que o mergulho social é consequência da derrapada econômica, o prefeito afirma ser inadiável a retomada do desenvolvimento econômico de São Bernardo na esteira da reestruturação logística: "Não se pode negar que vivemos nos últimos anos um retrocesso assustador na qualidade de vida. Por isso, precisamos devolver à comunidade a qualidade de vida que se foi com todas essas mudanças". 

Não é porque espera estar à frente do maior conjunto de obras que uma administração pública do Grande ABC já comandou em período tão escasso de tempo que William Dib tem pretensões escancaradas de ser uma versão de integracionista regional complementar à de Celso Daniel. O ex-prefeito de Santo André foi o gerenciador público que mais se lançou em busca de um Grande ABC unido institucionalmente, costurado politicamente acima das agremiações partidárias. 

Dib reconhece que a liderança econômica de São Bernardo no Grande ABC, com cerca de 40% da produção industrial regional, poderá ser benéfica aos demais municípios na medida em que as ruas e avenidas estratégicas locais não se assemelharem mais às de qualquer cidade sem vocação para o sucesso. E que essa transformação vai beneficiar economicamente também municípios mais próximos. Mas nem assim quer comparações de que venha a ser uma réplica econômica de Celso Daniel político. "Vejo os problemas de São Bernardo de forma semelhante aos dos demais municípios da região. Na verdade, onde se lê São Bernardo, pode-se ler Santo André, São Caetano e outras cidades de nossa região". 

William Dib só não quer passar pelo Paço de São Bernardo como um modelo de administrador público do passado, que não teve capacidade de se envolver minimamente com as transformações vividas pelo Município. Pior que isso: alguns chegaram até mesmo a incentivar a invasão de áreas de mananciais para fins eleitorais e outros abstiveram-se de entender que empreendedores são vitais ao equilíbrio social, desconsiderando a importância dos setores produtivos. 

"A omissão diante do empobrecimento que estava acontecendo a olhos vistos é uma conta de quem esteve no Paço de São Bernardo antes de nossa chegada. É fácil dizer que São Bernardo é uma cidade rica, mas há quatro anos nossas receitas chegavam a US$ 800 milhões, contra apenas US$ 300 milhões que deveremos ter em 2003. Quem acha que estamos pobres está enganado. Nós estamos muito mais pobres. Estou me referindo a uma moeda que tem tudo a ver com o custo do asfalto, do medicamento, que tem muita relação com insumos variados nas mais diferentes secretarias de governo. O tamanho desse buraco não foi medido em 20 anos. São apenas quatro anos. Quatro anos. Por isso a questão da união regional é vital. Precisamos de causas e objetivos comuns. Precisamos acordar para o que está acontecendo na região e no Brasil. Estamos pobres. Estamos empobrecendo vertiginosamente e as questões sociais estão virando equação insustentável. Diminui a receita e aumenta o apelo social. Como vamos fechar essa equação? Por isso devemos buscar a retomada do desenvolvimento econômico" -- desabafa o prefeito. 

Nem mesmo o agravamento do quadro socioeconômico sugere ao prefeito de São Bernardo a clonagem da terminologia utilizada pelo governo Lula da Silva para definir o que o antecessor Fernando Henrique Cardoso lhe deixou: "Herança maldita talvez tenha sido o que nos aguardava depois das eleições de 1995, quando São Bernardo estava arrasada e ganhamos as eleições com Maurício Soares. Uma pesquisa do Ibope definia à época que nossos moradores, em larga escala, queriam deixar a cidade. A auto-estima estava em baixa. Diziam que São Bernardo viraria uma cidade fantasma". 

O prefeito não hesita em dizer que não haveria outra tarefa a cumprir ao final deste mandato senão entregar a chave da cidade aos adversários, caso o que chama de desleixo com a população não sofresse uma reviravolta. "Os investimentos nos mais diversos setores sociais, da educação ao saneamento básico, do meio ambiente ao transporte, da saúde à segurança pública, resgataram a cidadania à nossa população. Foram anos de reconstrução de São Bernardo. Como vivemos nos últimos anos o agravamento do quadro econômico, com recorde de desemprego, somente o volumoso conjunto de ações públicas poderia reverter a situação que nos deixaram, inclusive com atraso do 13º salário, lixo não recolhido, dívida de um orçamento. E felizmente conseguimos isso, porque as novas pesquisas mostram uma população orgulhosa de morar aqui. Aliás, é por isso que o slogan da administração é exatamente esse. Temos escolas, postos de saúde, hospitais, transporte coletivo e coleta de lixo como motivos de satisfação". 

William Dib lembra que mesmo sem um plano estratégico de desenvolvimento econômico nestes últimos anos, porque a casa da administração precisou ser reconstruída e os programas sociais inseridos no campo minado de uma população descrente, São Bernardo revelou desprendimento e interesse na relação com o empresariado em questões importantes. Cita os sete piscinões que amenizaram os estragos das chuvas. "Apenas num caso desapropriamos os terrenos. Nos demais, fizemos parcerias com as empresas e o governo do Estado participou também". 

Outro caso lembrado pelo prefeito é a redução da alíquota do setor moveleiro de 18% para 12% conseguido junto ao governo do Estado, então sob o comando de Mário Covas, o que deu ânimo a uma atividade em decadência. Também cita a redução do ICMS da fábrica de elevadores Otis, igualmente mantida em São Bernardo, além da Bombril, beneficiária de quebra da diferença de alíquota do ICMS em relação à concorrência e que, por isso, decidiu fechar uma fábrica em Minas Gerais para ganhar mais competitividade na planta da Via Anchieta. 

Mesmo ao reconhecer que São Bernardo e o Grande ABC não têm poder de influenciar os destinos macroeconômicos do País, William Dib é muito crítico sobre os últimos anos de enfraquecimento econômico regional. "Foi um grande equívoco regional, prova da fragilidade institucional da região, o fato de não termos ido uma única vez sequer como região ao governo do Estado e ao governo federal". 

Mas também sobram farpas aos prefeitos do passado em São Bernardo, que se distanciaram dos empresários e, ao lado de um sindicalismo excessivamente reivindicador, afugentaram os investimentos. "O que foi feito no passado, em que se construíam greves desnecessárias e se criavam problemas para os empresários, hostilizando as empresas com cobranças elevadas de impostos, de taxa de água, tudo para sugar o detentor de capital, tudo isso hoje é compreendido pelas pessoas simples, pelos operários, como algo que não pode jamais ser repetido" -- sustenta.

O titular da Prefeitura de São Bernardo não radicaliza sobre o movimento sindical. Separa o histórico iniciado pelo hoje presidente Lula da Silva em dois aspectos. O institucional e o econômico. "O papel político do movimento sindical, inclusive na quebra da ditadura, não pode ser esquecido jamais. Entretanto, as invasões, as quebras das empresas, como fizeram com a Brastemp, por exemplo, enfim, as hostilidades permanentes, são pontos extremamente negativos. Acho que eles aprenderam também, porque exageraram na dose. Acharam que todos se curvariam aos seus ímpetos. Há quem se curve, mas outros não, porque se curvar em muitos casos representaria a auto-destruição". 

Apesar da restrição ao comportamento sindical do passado, William Dib não vê possibilidade de os interesses de São Bernardo e da região prescindirem da participação dos sindicalistas nestes tempos em que o Grande ABC carece de interlocução extraterritorial tanto no campo interno como externo: "Temos que nos juntar -- poder público, empresariado, sindicato -- e reivindicar nossos direitos tanto junto ao governo do Estado quanto no federal. Não podemos mais repetir os erros de completo alheamento ao quadro socioeconômico regional" -- convoca o prefeito.

Convoca mesmo. William Dib garante que São Bernardo vai fazer sua parte para criar empregos e recolocar o desenvolvimento econômico numa esfera privilegiada. Mas, reconhece, São Bernardo não é uma ilha: "O Brasil e particularmente o Estado de São Paulo precisam crescer. Temos de retomar o caminho da criação de riquezas porque tudo que fizermos também precisa de respaldo do quadro macroeconômico. Fomos vítimas da macroeconomia mal-conduzida, que escancarou as portas das nossas indústrias, e só sairemos dessa enrascada, por mais que São Bernardo venha a fazer, e vai fazer, se o Estado de São Paulo e o Brasil saírem junto. Aliás, o primeiro movimento de recuperação do Estado e do Brasil será sentido aqui na região, que, infelizmente, também é a primeira a sentir as dores da crise" -- completa o prefeito.


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