Administração Pública

Sanear já tem
endereço próprio

VERA GUAZZELLI - 05/02/2004

A Ecosama, empresa que venceu a licitação para operar a coleta de esgoto em Mauá, acrescentou dois importantes reforços ao calhamaço de volumes que delineiam o Projeto Sanear. A recente aquisição de área em Capuava para instalar a Epai (Estação de Produção de Água Industrial) e a liberação de financiamento de R$ 55 milhões provavelmente este mês dão contornos mais realistas ao projeto lançado há quatro anos. Com o terreno estrategicamente localizado a 600 metros da Recap (Refinaria de Capuava da Petrobras) e o dinheiro quase na mão, fortalecem-se os argumentos para convencer o Pólo Petroquímico de Capuava de que vale a pena arquivar antiga idéia para obtenção própria de água de reúso e consumir o líquido que será produzido a partir do tratamento de esgoto de Mauá. 

Desde que o Sanear foi anunciado, em 2000, as petroquímicas sempre estiveram no centro das discussões porque são os clientes potenciais para viabilizar comercialmente o projeto. As empresas de Capuava precisam de água barata em grande quantidade para ganhar competitividade e suportar os planos de expansão. Mas o interesse na compra está diretamente atrelado ao preço, à composição da água de reúso e principalmente ao tempo de execução do projeto. Se for possível juntar as três pontas, a parceria é dada como praticamente certa. Caso contrário, o pólo pode lançar mão do Aquapólo -- que captaria água do Rio Tietê em Suzano por meio de dutos -- e a Ecosama teria de encontrar outros compradores para seu produto.

"Com ou sem o Pólo Petroquímico, a Epai vai sair do papel. Caso haja uma sinalização positiva das empresas, será possível produzir a água industrial em 18 meses" -- garante o diretor da Ecosama, Dagoberto Antunes da Rocha. A Ecosama está prestes a acertar os últimos detalhes com a fornecedora americana de equipamentos Parkson Corporation para produzir três tipos de água de reúso. O primeiro e mais simples utilizaria a tecnologia Biolak, que oxigena o tanque de tratamento e permite tratar 500 litros por segundo -- o equivalente a uma caixa dágua residencial. Os outros dois serão obtidos por meio de filtragem e da técnica conhecida como osmose reversa.  

A diversificação permitirá à Ecosama praticar preço máximo de R$ 2,20 por metro cúbico para a água industrial com maior grau de pureza. O líquido com especificações menos complexas terá custo menor, o que abre margem para as imprescindíveis negociações de valores. As petroquímicas de Capuava captam água no Rio Tamanduateí. O líquido é tratado em estação da Recap. Mas como o sistema está aquém das necessidades, utilizam entre 10% e 30% de água potável na produção e pagam R$ 3,50 por metro cúbico. O ideal seria entre R$ 1 e R$ 1,50 para fazer frente aos concorrentes da Bahia e do Rio Grande do Sul.

Saneamento total -- A construção da Epai é a principal vitrine da Ecosama, que terá também a obrigação contratual de construir 28% de rede de esgoto que faltam no Município e de despoluir o Rio Tamanduateí desde a nascente, em Mauá, até a divisa com Santo André. Para isso, a empresa finaliza o mapeamento cujo resultado fornece a dimensão das obras a serem executadas: 50 quilômetros de rede de esgoto, 23 quilômetros de coletores, outros 11 quilômetros de interceptores, além de seis estações elevatórias para vencer os desníveis geográficos. 

Essas intervenções têm sete anos para serem executadas e também dependem do financiamento de R$ 55 milhões. A Ecosama, no entanto, estima abreviar esse prazo em três anos e negocia o empréstimo com Caixa Econômica Federal e Unibanco. Como a primeira etapa está orçada em R$ 77 milhões, a diferença será coberta com recursos próprios. Os R$ 2 milhões gastos na compra do terreno também foram provenientes dos cofres da empresa, constituída pela Construtora Gautama, com sede na Bahia. Já o projeto Sanear foi lançado pela Sama (Saneamento Básico de Mauá) como alternativa à falta de recursos públicos para investimento em saneamento básico.


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