Por gentileza, por gentileza, não me venham indagar sobre os primeiros nove meses da administração Luiz Marinho, em São Bernardo, porque não saberia responder com a firmeza, o conhecimento e a convicção dos justos.
Se me perguntarem sobre o Clube dos Prefeitos, todos sabem o penso e escrevo há tanto tempo, sem me incomodar com a saia justa que provoca e com as verbas de publicidade das prefeituras, muitas das quais, no passado, deliberadamente restritivas ao veículo de comunicação do qual participava.
Por gentileza, por gentileza, não queiram que afirme mais do que deva sobre a administração Luiz Marinho, porque o máximo que poderia dizer é que há bandas da mídia impressa e eletrônica que o colocam contraditoriamente como gerenciador inovador e gerenciador retrógrado.
Se me perguntarem sobre os Imortais do Grande ABC, que, ao longo dos anos, subiram ao palco para receber a maior láurea regional de todos os tempos, entre outros motivos porque foram escolhidos diretamente pelos conselheiros editoriais da então revista LivreMercado, hoje conhecida como “Deus me livre”, repito, se me perguntarem sobre os Imortais, direi que a maioria ou quase a totalidade fez sim muita coisa para a região, embora seus caminhos não tenham se cruzado sistemicamente no sentido de integração de classes e de territórios.
Por gentileza, por gentileza, parem de me cutucar sobre a gestão de Luiz Marinho, parem de querer que revele quais são as mídias que o veem de forma tão distinta, como um fantoche da mulher ou como um digno representante do reformismo petista, porque vão acabar me irritando e terei de me manifestar sem meias palavras o que, convenhamos, não é produtivo para o equilíbrio institucional neste momento.
Se me perguntarem sobre o empresário Sérgio de Nadai, há muito ausente de meus textos, direi com todas as letras que é, sem sobra de dúvida, um dos maiores expoentes do setor privado do Grande ABC, alguém sobre o qual jamais poderá ser imputada a marca de incompetência; mas se me perguntarem sobre o empreendedor Sérgio de Nadai ou sobre o cidadão Sérgio de Nadai o mínimo que posso garantir é que não se trata de exemplo para esculpir um Grande ABC ou um Brasil diferente daquilo que enxergamos cotidianamente nas esquinas.
Por gentileza, por gentileza, não venham com essa história manjada de jogar o verde para colher o maduro sobre o que acho da veia desenvolvimentista da gestão Luiz Marinho em São Bernardo porque vou ter que insinuar, para não responder integralmente à provocação, que ainda é muito cedo para manobras teórico-jornalísticas, mas que, como o desafio maior do mandato é a reestruturação do setor automotivo, tenho sérias dúvidas se conseguirá avançar em relação ao antecessor William Dib, apesar de diametralmente diferentes na maneira de observar o cenário econômico.
Se me perguntarem quanto à escalação de um time de produtividades mais interessantes do Grande ABC diria que há tantos nomes de valor que a menção de um ou outro seria um risco de cometer injustiça. Entretanto, se a inquisição se fizer pressão, teria de relacionar alguns nomes qualificados que me saltam à mente neste instante, como Antonio José Monte, da Coop; Nívio Roque, do Pólo Petroquímico; Sérgio Moretti, do SESI de Santo André e, bom, deixa para lá porque teria mesmo que avançar neste espaço. Certo mesmo é que temos tantas individualidades competentes que é impossível não reiterar uma frase antiga com a qual fortalecia meus discursos durante os eventos do Prêmio Desempenho: não podemos continuar na penumbra de cidadania e de responsabilidade social e, principalmente, de divisionismo político-administrativo e institucional.
Por gentileza, por gentileza, parem de querer que escreva sobre Luiz Marinho o que não devo escrever porque não tenho o que escrever com certeza sobre determinadas coisas. Parem, por gentileza, porque a bola ainda está rolando, o tempo passa vagarosamente e não pretendo como jamais pretendi tomar o varejo pelo atacado, construir imagens sobre exceções e não sobre regra. Parem de me encher quanto à movimentação das pedras de Luiz Marinho nas áreas sociais de São Bernardo, porque o que sei de ouvir aqui e ali, de ler aqui e ali, é que está trabalhando para caramba porque no fundo no fundo ele saberia que quando a água de nova disputa eleitoral bater na bunda, o que valeria mesmo seria o trabalho efetivo na comunidade, não apenas as manchetes de jornais.
Se me perguntarem sobre nomes que constam de meu léxico de desafetos por conta da improdutividade municipal e regional vou ter que voltar ao passado distante ou recente para nominá-los sem constrangimento porque não deve haver constrangimento quando se escreve a verdade. Entretanto, prefiro especialmente neste dia, neste dia que é meu dia, deixar esses parasitas de lado porque eles mais do que ninguém estão não na minha lista de déficit institucional mas na lista de todas as pessoas de bom senso que sabem distinguir o bom do mau e o bem do mal.
Por gentileza, por gentileza, não queiram saber de Luiz Marinho por estas linhas o que estas linhas não estão seguramente maduras para repassar porque assim vocês vão me comprometer. E se tem algo que prezo um bocado é minha reputação de jornalista, com todos os vieses e defeitos da fabilidade humana, mas sobre a qual não há um dedo sequer que possa ser estendido como admoestação moral ou ética. Muito pelo contrário, porque dedos que me apontam são dedos na maioria das vezes sujos de covardia, imundos de comodismo, infestados de revanchismo tolo, manchados de sofismas, putrefatos de cambalachos. Dedos dos quais jamais tive temor, porque temor só tenho daquele lá de cima, que não me abandona jamais.
Se me perguntarem, finalmente, quem que gostaria de ser nesta vida, depois de mais de quatro décadas de jornalismo, responderia que não me desagradaria ser quem Ele quisesse que eu fosse, desde que não tivesse que, em instante algum, baixar os olhos para fugir da verdade escamoteada ou manipulada descaradamente. Mas no fundo, no fundo, não me trocaria por ninguém porque respeito a vontade Dele, que me fez assim e me fará assim até quando quiser.
Por gentileza, por gentileza, desculpem as frases longas que muitas vezes exigem um repasse de leitura, mas optei por esse estilo neste texto pela simples razão de achar que devia embromá-los a todos, no bom sentido da expressão, e levá-los a ficar ansiosos quando me meter a escrever de novo sobre a gestão Luiz Marinho, dono temporário de um pedaço político e ideológico por onde passarão as eleições ao governo do Estado e à presidência da República no ano que vem. Ou não seria São Bernardo a Capital Política do Grande ABC, contrapondo-se à Capital Cultural que é Santo André, à Capital da Vida que é São Caetano e à Capital de Cidadania que é Diadema?
Quanto a Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, ainda não decidi que tipo de Capital é cada uma. Talvez não sejam capitais, apenas isso.
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07/03/2025 PREVIDÊNCIA: DIADEMA E SANTO ANDRÉ VÃO MAL