Administração Pública

G-22: São Caetano tem gastos
mais dispendiosos no século

DANIEL LIMA - 16/10/2019

São Caetano é o caso mais escandaloso, mas o Grande ABC vai muito mal nesse novo indicador do Ranking do G-22 de Competitividade, que envolve os 20 principais endereços do Estado, além de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que completam a região, menos a Capital, grande demais para entrar em qualquer comparação. Os dados são deste século, entre 2002 e 2016. 

Desta vez o que detectamos e ranqueamos foi a capacidade de resistência e de crescimento do setor privado, da livre-iniciativa, em relação à gulodice do Estado, no caso as prefeituras. Confrontamos o PIB da Administração Pública e o PIB Geral. Vamos de mal a pior, para variar. 

O PIB da Administração Pública pode ser positivo ou negativo, numa análise simplificada, mas nem por isso afrontosa ao empirismo econômico. 

O PIB Público é positivo quando está em equilíbrio com o PIB Geral – ou seja, os gastos têm sintonia fina com a geração de riqueza privada. 

O PIB Público também é positivo quando é claramente inferior ao PIB Geral, porque riqueza se constrói com empregos e impostos do setor produtivo. 

Quando o PIB Público é maior que o PIB Geral, quem perde o jogo é a livre-iniciativa – e a sociedade como um todo. 

Mobilidade social sofre 

Como a sociedade perde? Entre outros aspectos porque a mobilidade social (a dinâmica de pobre virar classe média baixa, de classe média baixa virar classe média-média, e assim por diante) perde velocidade, quando não recua. 

No caso de São Caetano (e o Grande ABC como um todo não fica atrás, embora de forma menos alarmante), temos a mais expressiva prova do esvaziamento econômico do Município neste século. Afinal, o confronto envolve os resultados do PIB Geral dos Municípios de 2002 e 2016, o mais atualizado pelo IBGE. Os números de 2017 serão divulgados apenas em dezembro próximo. É melhor não esperar nada diferente do que vem se acumulando nos últimos anos, ou seja, queda do PIB.  

São Caetano é a última colocada entre os integrantes do G-22 de Competitividade no quesito em análise. Uma posição consolidada entre outras razões porque expressa desvantagem cumulativa estonteante: são nada menos que 159,08 pontos percentuais de diferença entre o que a Prefeitura arrecadou em termos nominais e o que livre-iniciativa gerou de riqueza, em termos nominais, ou seja, sem levar em conta a inflação do período, de 128,98% segundo o IPCA do IBGE. 

O PIB da Administração Pública de São Caetano cresceu em termos nominais de 268,89% no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2016. Já o PIB Geral, que comporta todas as atividades, inclusive o próprio Poder Público, avançou apenas 109,81%. O desencaixe de 159,08 pontos percentuais é um assalto ao sonho de avançar na obtenção de riqueza.

Confrontos inglórios 

Embora com números menos avassaladores, Santo André também está em situação sofrível: é a penúltima colocada no ranking deste século quando se colocam esses dois medidores de equilíbrio socioeconômico. O saldo negativo de Santo André é de 75,11 pontos percentuais. 

A real dimensão dos estragos econômicos nos dois municípios do Grande ABC pode ser observada quando os números são confrontados com os dos primeiros colocados, de endereços que têm saldo positivo do PIB da livre-iniciativa, não o saldo negativo do PIB Público. 

Osasco, para onde se deslocou o eixo de desenvolvimento econômico da Grande São Paulo neste século, por força dos trechos do Rodoanel Mário Covas, obteve saldo positivo da livre-iniciativa de 214,66 pontos percentuais, Resultado da diferença entre o crescimento nominal do PIB Público de 284,45% ante 499,11% do PIB Geral.

PIB Bom, PIB Ruim 

Note-se que os números de Osasco ajudam a fortalecer o conceito de PIB Bom e PIB Ruim. Ou seja: de que os recursos orçamentários do Poder Público Municipal podem ganhar a forma de investimentos ou de gastos, dependendo dos resultados gerais. 

Em termos relativos, Osasco consumiu mais dinheiro que os municípios do Grande ABC quando se coloca o PIB Público em avaliação. Mas os valores se diluem e viram investimentos porque o PIB Geral trafegou muito acima disso. 

Esse conceito de PIB Bom quando o resultado final de cada Município coloca o PIB Público em inferioridade abriu as portas do ranking a 11 dos 22 concorrentes do agrupamento preparado por CapitalSocial. Metade da tropa. Os demais, a outra metade, caiu pelas tabelas. 

Dos sete representantes do Grande ABC no G-22, apenas Ribeirão Pires ficou na turma dos resultados positivos. E mesmo assim no limite classificatório, ou seja, em 11º lugar, com 10,03 pontos percentuais de vantagem do PIB da livre-iniciativa no confronto com o PIB Público. Acompanhem os resultados detalhados do novo indicador do G-22:  

1. Osasco com crescimento do PIB da Administração Pública de 284,45% em termos nominais ante crescimento de 499,11% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do PIB da livre-iniciativa de 214,66 pontos percentuais. 

2. Jundiaí com crescimento do PIB da Administração Pública de 350,55% em termos nominais ante crescimento de 457,89% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do PIB da livre-iniciativa de 107,34 pontos percentuais. 

3. Sumaré com crescimento do PIB da Administração Pública de 288,06% em termos nominais ante 368,48% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do PIB da livre-iniciativa de 80,42 pontos percentuais. 

4. Piracicaba com crescimento do PIB da Administração Pública de 310,00% em termos nominais ante crescimento de 360,55% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do PIB da livre-iniciativa de 41,55 pontos percentuais. 

5. Guarulhos com crescimento do PIB da Administração Pública de 288,60% em termos nominais ante crescimento de 329,35% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do PIB da livre-iniciativa de 40,74 pontos percentuais. 

6. Barueri com crescimento do PIB da Administração Pública de 291,01% em termos nominais ante crescimento de 326,71% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do setor privado de 35,70 pontos percentuais. 

7. Paulínia com crescimento do PIB da Administração Pública de 291,31% em termos nominais ante 321,46% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do PIB da livre-iniciativa de 30,15 pontos percentuais. 

8. Campinas com crescimento do PIB da Administração Pública em termos nominais de 268,97%, ante 297,58% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo da livre-iniciativa de 28,61 pontos percentuais. 

9. Sorocaba com crescimento do PIB da Administração Pública de 346,05% em termos nominais ante 363,94% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do PIB da livre-iniciativa de 17,89 pontos percentuais. 

10. São José do Rio Preto com crescimento do PIB da Administração Pública de 299,75% em termos nominais ante 309,79% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do PIB da livre-iniciativa de 10,04 pontos percentuais. 

11. Ribeirão Pires com crescimento do PIB da Administração Pública de 312,40% em termos nominais ante 322,44% do PIB Geral. Resultado: saldo positivo do PIB da livre-iniciativa de 10,03 pontos percentuais. 

12. Mauá com crescimento do PIB da Administração Pública de 260,04% em termos nominais ante 259,29% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 0,75 ponto percentual. 

13. Mogi das Cruzes com crescimento do PIB da Administração Pública de 324,72% ante 312,16% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 12,56 pontos percentuais. 

14. Ribeirão Preto com crescimento do PIB da Administração Pública de 369,27% em termos nominais ante 331,88% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 37,39 pontos percentuais. 

15. Rio Grande da Serra com crescimento do PIB da Administração Pública de 342,16% ante 300,22% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 41,94 pontos percentuais.

16. São Bernardo com crescimento do PIB da Administração Pública de 217,66% em termos nominais ante 175,18% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 42,48 pontos percentuais. 

17. Santos com crescimento do PIB da Administração Pública de 313,51% em termos nominais ante 248,17% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 65,34 pontos percentuais. 

18. Diadema com crescimento do PIB da Administração Pública de 274,39% em termos nominais ante 208,23% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 66,16 pontos percentuais. 

19. São José dos Campos com crescimento do PIB da Administração Pública de 250,80% em termos nominais ante 179,81% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 70,99 pontos percentuais. 

20. Taubaté com crescimento do PIB da Administração Pública de 315,80% em termos nominais e 244,15% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 71,65 pontos percentuais. 

21. Santo André com crescimento do PIB da Administração Pública de 278,56% em termos nominais e 203,45% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 75,11 pontos percentuais.

22. São Caetano com crescimento do PIB da Administração Pública de 268,89% em termos nominais ante 109,81% do PIB Geral. Resultado: saldo negativo do PIB da livre-iniciativa de 159,08 pontos percentuais.



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