Administração Pública

Prefeituras da região perdem
para os maiores concorrentes

DANIEL LIMA - 05/12/2019

Os endereços concorrencialmente mais fortes do Grande ABC no campo econômico estão do outro lado da Região Metropolitana de São Paulo e em três regiões metropolitanas do Interior do Estado. É para esse conjunto de geoeconomias que sofremos duros desfalques nas últimas décadas. Nos últimos 24 anos, a partir do Plano Real, os registros numéricos são contundentes.

O trio formado por Osasco, Guarulhos e Barueri (e os respectivos entornos) se junta a Campinas, Sorocaba e São José dos Campos (e também seus respectivos entornos) como adversários letais ao Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. Mostramos isso ao longo dos anos.

No caso do confronto que coloca de um lado a arrecadação tributária própria dos municípios e o Valor Adicionado, que traduz produção de riqueza, perdemos feio nos últimos 24 anos.

Exatamente no pós-Plano Real, em 1994, e que serve de base de novos cálculos, iniciados anteontem com a revelação dos dados exclusivamente voltados para o Grande ABC. O peso de tributos das prefeituras locais em confrontos com a criação de riquezas está muito acima da concorrência mais ilustre. Isso significa dizer que o Estado, em forma de Município, é mais desestimulante à geração de riqueza no Grande ABC.

Perdendo de goleada

Esse não é o primeiro nem o último indicador que levantamos ao longo de anos de estudos e análises para comprovar o que os agentes políticos e lideranças amorfas da região fingem não saber porque não gostam de trabalhar: somos um território em decomposição competitiva.

Como a região não é uma ilha e jamais o será, fomos à luta e pegamos seis dos 15 integrantes além-Grande ABC do G-22, o Clube dos 20 Maiores Municípios do Estado de São Paulo, exceto a Capital e acrescido de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Formamos o G-13 que, além dos sete municípios locais, reúne aqueles seis grandes endereços. O resultado é que estamos perdendo de goleada.

Descendo a ladeira

Na média de arrecadação tributária própria do período, o Grande ABC apresenta aumento levemente inferior ao dos dois blocos de grandes cidades. O que seria uma vantagem, de fato é uma desvantagem: quando se cruzam os números, o crescimento do Valor Adicionado daqueles seis municípios é muito mais expressivo. Resultado? A velocidade média de avanço do Valor Adicionado é muito superior ao apresentado pelo Grande ABC.

Vamos aos números comparativos. Entre janeiro de 1995 e dezembro de 2018 deram-se os seguintes resultados de crescimento nominal do Valor Adicionado dos 13 municípios:

1. Grande ABC --  476,59%.

2. Osasco-Guarulhos-Barueri – 749,23%.

3. Campinas-Sorocaba-SãoJosé – 1.364,10%. 

Tradução desses dados: a velocidade de crescimento dos sete municípios do Grande ABC é 36,39% inferior ao conjunto formado por Guarulhos, Osasco e Barueri. A situação é bem pior diante de Sorocaba, São José dos Campos e Campinas que, em conjunto, cresceram  65,06% acima do Grande ABC. Ou seja: a riqueza gerada pelo Valor Adicionado foi muito superior nos dois blocos concorrenciais.

Números bem diferentes 

No período de 24 meses, o Valor Adicionado de Guarulhos, Osasco e Barueri passou de R$ 9.202.921 bilhões para R$ 78.153.891 bilhões. Um aumento nominal de 749,23%. Bem acima da inflação do período, de 401,81%, medida pelo IPCA do IBGE.

Já o Valor Adicionado da soma de Campinas, Sorocaba e São José dos Campos saiu de R$ 5.278,790 bilhões para R$ 77.319.374 bilhões. Um aumento nominal de 1.364,18%. 3,40 vezes maior em relação à inflação.

O Valor Adicionado do Grande ABC ao longo dos 24 anos cresceu abaixo da inflação: apenas 376,59%: era R$ 16.032.478 bilhões e passou para R$ 76.409.798 bilhões.

Outro lado da moeda

O outro lado da moeda de competitividade, no caso receitas próprias, que estão centralizadas principalmente no ISS, IPTU e ITBI, os sete municípios do Grande ABC cresceram nominalmente 2.218,50%, contra 2.312,71% do conjunto integrado por Guarulhos, Barueri e Osasco, e 2.609,76% de Sorocaba, São José dos Campos e Sorocaba. A receita tributária própria dos três vizinhos da Grande São Paulo (Osasco, Guarulhos e Barueri) cresceu 4,07% acima do registrado no Grande ABC, enquanto o outro trio de municipais (Sorocaba, Campinas e São José dos Campos) avançou 15,00% acima do consolidado pelo Grande ABC.

Resultados individuais

Acompanhe o desempenho individual dos 13 municípios (sete dos quais do Grande ABC) que selecionamos com base nos dados do G-22, o Clube dos 20 Municípios Mais Importantes do Estado, exceto a Capital: 

 Rio Grande da Serra aumentou a arrecadação própria em 6.644,48%, enquanto o Valor Adicionado cresceu 503,61%. Diferença de 6.140,87 pontos percentuais.

 São Caetano aumentou a arrecadação própria em 5.552,52%, enquanto o Valor Adicionado cresceu 451,36%. Diferença de 5.101,16 pontos percentuais.

 Ribeirão Pires aumentou a arrecadação própria em 4.488,10%, enquanto o Valor Adicionado cresceu 405,97%. Diferença de 4.082,13 pontos percentuais.

 Santo André aumentou a arrecadação própria em 2.448,37%, enquanto o Valor Adicionado cresceu 539,28%. Diferença de 1.909,09 pontos percentuais.

 Diadema aumentou a arrecadação própria em 2.146,44% enquanto o Valor Adicionado cresceu 451,15. Diferença de 1.695, pontos percentuais.

 Mauá aumentou a arrecadação própria em 2.107,25%, enquanto o Valor Adicionado aumentou 447,26%. Diferença de 1.659,99 pontos percentuais.

 São Bernardo aumentou a arrecadação própria em 1.617,88%, enquanto o Valor Adicionado cresceu 294,71%. Diferença de 1.323,17 pontos percentuais.

 Guarulhos aumentou a arrecadação própria em 1.847,72%, enquanto o Valor Adicionado cresceu 651,04%. Diferença de 1.196,68 pontos percentuais.

 Osasco aumentou a arrecadação própria em 1.901,78%, enquanto Valor Adicionado aumentou 703,86%. Diferença de 1.197,18 pontos percentuais.

 Barueri aumentou a arrecadação própria em 6.474,31%, enquanto o Valor Adicionado aumentou 1.028,99%. Diferença de 5.445,32 pontos percentuais. 

 Campinas aumentou a arrecadação própria em 2.294,78%, enquanto o Valor Adicionado aumentou 628,48%. Diferença de 1.666,30 pontos percentuais.

 São José dos Campos aumentou a arrecadação própria em 1.835,49%, enquanto o Valor Adicionado cresceu 653,79%. Diferença de 1.181,70 pontos percentuais.

 Sorocaba aumentou a arrecadação própria em 4.106,14%, enquanto o Valor Adicionado cresceu 1.095,57%. Diferença de 3.010,57 pontos percentuais.



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