Administração Pública

Blindagem da Fundação do ABC
é um caso inexplicável ou não?

DANIEL LIMA - 19/06/2020

Tenho dúvidas mais que justificáveis para não acreditar que a roda de escândalos nos interiores da Fundação do ABC deixará de girar. Não que duvide de eventuais ações de instâncias constitucionalmente apropriadas a combater a corrupção. As circunstâncias históricas, que se tornaram estruturais, não acenam no sentido de que finalmente a Fuabc deixará a zona cinzenta de corporativismo a serviço do partidarismo e de mecanismos nada republicanos para lubrificar engrenagens espúrias.

Para que os leitores entendam o conceito editorial de CapitalSocial, que jamais se misturou a interesses individuais, grupais, partidários e ideológicos, apresento abaixo alguns trechos de 10 de mais de uma centena de textos publicados sobre a Fundação do ABC. Sempre no mesmo tom de suspeição sobre as entranhas desse que exemplo único em que a regionalidade dá certo. E só dá certo porque, repito o que os leitores vão ver na sequência, não faltam acertos.

Enquanto o Grande ABC for um amontado que alguns chamam de sociedade civil, mas que não passa de sociedade servil, o campo está livre à exploração da riqueza da Fundação do ABC. Mesmo nestes tempos de pandemia cuja letalidade é uma das maiores do planeta. O vírus chinês mata muito mais gente no Grande ABC por 100 mil habitantes do que na quase totalidade de municípios e regiões do País.

Enquanto isso, a Fundação do ABC, responsável em larga escala pela administração da saúde regional, mergulha na penumbra da ineficiência operacional quando deveria ser catalizadora de políticas emergenciais. Como fazê-lo se apenas alguns nichos diretivos daquela instituição estão de fato preocupados com o combate ao Coronavírus?  Acompanhem algumas amostras do retrato fidelíssimo da Fundação do ABC. E entenda por que o Grande ABC é o palco iluminado dramaticamente pela Covid-19. 

Por que Xangola não chama OABs

para abrir caixa-preta da Fundação? 

 DANIEL LIMA - 10/07/2013

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), subseção de Santo André, Fábio Picarelli, admite que a Fundação do ABC pode ser alvo de investigação tanto quanto os grandes convênios da Prefeitura dirigida pelo petista Carlos Grana. O que separa realidade de possibilidade é que a jurisdição da unidade da OAB está restrita ao Município em que mantém sede. As subseções de São Caetano e de São Bernardo precisariam aderir, caso se decida escarafunchar a Fundação do ABC. No fundo, no fundo, deveria partir do presidente da Fuabc, Maurício Xangola Mindrisz, a decisão de solicitar não só à OAB, mas também ao Ministério Público Estadual, especificamente ao ramal especializado em fundações, a tomada de pulso das contas, das operações e dos procedimentos daquela instituição. Aliás, não existe nada de estapafúrdio nessa ideia. Foi o próprio Xangola quem, ao condicionar resposta à Entrevista Indesejada desta revista digital, disse que seria a coisa mais fácil do mundo prestar contas. Pois tem agora a oportunidade de, OAB de Santo André à frente de uma ação na esteira de manifestações de rua, ser coerente com a sociedade consumidora de informações. 

Um único contrato é pouco para o

MP investigar na Fundação do ABC

 DANIEL LIMA - 21/08/2013

Se, como publica o Diário do Grande ABC de hoje, o Ministério Público Estadual em Santo André pretende mesmo apurar eventuais irregularidades no contrato da Fundação do ABC e o consultor educacional Klinger Sousa, não existe oportunidade melhor para um trabalho completo. E trabalho completo é passar a limpo a obscura gestão do atual presidente, Maurício Xangola Mindrisz, apaniguado do prefeito Luiz Marinho. A caixa-preta da Fuabc, como tenho cansado de afirmar, é sopa no mel para o MP dar uma sacudidela nas entranhas de cumplicidades espúrias que lubrificam a engrenagem de delitos na Província do Grande ABC. Na Fundação do ABC a regionalidade só dá certo porque acoberta acertos. (...).  

Se o Ministério Público for mesmo a campo como antecipou o promotor criminal Roberto Wider Filho no Diário do Grande ABC de hoje, fará apenas um trabalho parcial. O contrato da KLL Educacional com a Fundação do ABC tem sido cumprido à risca pelo consultor. Há relatórios fartos que comprovam as atividades executadas, segundo documento obtido junto a uma fonte da direção daquela instituição. O problema a entornar o caldo de resguardo jurídico é de vício de origem: a Fundação do ABC utiliza-se de recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) para o pagamento dos trabalhos. Não deveria. O dinheiro deveria vir dos cofres da Faculdade de Medicina do ABC, à qual quem Klinger Sousa efetivamente presta assessoria. 

Ninguém tem coragem de abrir

caixa-preta da saúde da Província

 DANIEL LIMA - 25/03/2014

A entrevista do Diário do Grande ABC com o novo presidente daquilo que chamo de monumental caixa-preta do sistema de atendimento de saúde pública da Província do Grande ABC, a Fuabc (Fundação do ABC) foi bem mais interessante que a do Repórter Diário. Mas isso não quer dizer que tenha preenchido integralmente a curiosidade dos leitores mais meticulosos. Marco Antonio Santos Silva, presidente que tomou posse há dois meses, representa o PMDB de São Caetano, do prefeito Paulo Pinheiro. Isso quer dizer em linhas gerais que é aliado do prefeito Luiz Marinho, petista que comanda São Bernardo. (...). O jeito petista de ganhar eleições não é diferente do jeito tradicional de ganhar eleições, exceto a capacidade orgânica de, como uma franquia comercial, racionalizar a metodologia e a operacionalização, disseminando ações coordenadas por um grupo de estrategistas. (...). Por conta das relações políticas com a Administração Luiz Marinho, duvida-se que Marco Antonio Santos Silva dará um jeito de tornar a gestão daquela enorme caixa-preta algo que possa ser chamado de transparente, profilático e regenerador dos costumes corporativos contaminados por politicagens das grossas.  

Falta Operação Bisturi para acabar

com a farra da Churrascaria Fuabc

 DANIEL LIMA - 23/09/2015

Chegou a vez de Santo André nomear o presidente da Fundação do ABC. A churrascaria Fuabc tem tudo de uma lavanderia. É um prato cheio para a Polícia Federal. Em nível municipal e também regional não existe possibilidade de instâncias legais esmiuçarem as contas, os procedimentos, os arranjos e tudo o mais que caracteriza a única regionalidade que deu certo na Província do Grande ABC. E só deu certo porque é altamente compensatória aos representantes de Santo André, São Bernardo e São Caetano. Afirma o prefeito Carlos Grana que vai colocar um técnico à frente daquela churrascaria. Há tanta flexibilidade aplicada ao conceito de técnico que o melhor é esperar. Maurício Xangola Mindrisz presidiu durante dois anos a churrascaria. Era um técnico porque engenheiro de formação ou um assessor político para assuntos eleitorais e outros mais do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, e, mais especificamente, da primeira dama Nilza de Oliveira, amiga chegadíssima da então ministra do Planejamento, Miriam Belchior? É claro que Xangola era tudo, menos um gestor no sentido econômico do termo. 

Fundação do ABC lubrifica suspeita

de que poderia ser uma Petrobras

 DANIEL LIMA - 23/02/2015

A Fundação do ABC é um caso a ser estudado, analisado e, mais que isso, investigado. A instituição que se consagrou como caminho único em que a regionalidade não deu com os burros nágua, acaba de ganhar licitação de R$ 168 milhões para administrar todos os 46 equipamentos da rede de saúde da Prefeitura de Mauá. Com isso, o orçamento sob seu controle chegará a quase R$ 2 bilhões nesta temporada. Trata-se de empreiteira de serviços de saúde incensada pelos prefeitos da região. A Fundação do ABC funciona como OSS (Organização Social de Saúde). Não tem concorrentes na praça regional. Tanto que disputou solitariamente o processo licitatório de Mauá. Como se explica esse milagre numa entidade politizada e partidarizada?. A gestão da Fundação do ABC em suas várias instâncias e departamentos é, por conta disso, um convite a todos que não têm rabo preso com ninguém. Que tal provocar um jogo de transparência daquela montanha de dinheiro? Tudo é muito obscuro naquele conglomerado de prestação de serviços. O modelo de gestão, a área operacional, os setores administrativos, as instâncias de suposto controle, tudo enfim mantem-se blindado à curiosidade pública. Talvez seus responsáveis entendam que há um segredo da Coca Cola a ser preservado. Talvez haja mesmo segredos cabeludos.  

Prefeito de São Caetano vai

estourar caixa-preta da Fuabc?

 DANIEL LIMA - 01/06/2016

Duvido que o prefeito Paulo Pinheiro ou qualquer outro chefe de Executivo na Província do Grande ABC vai conseguir abrir a caixa-preta da Fundação do ABC, instituição que conta com orçamento financeiro superior a quase todas as prefeituras locais -- são quase R$ 2 bilhões nesta temporada. Mas há uma novidade na praça: deu no jornal digital ABCD Maior que Paulo Pinheiro está cobrando da Fuabc explicações sobre preços de medicamentos adquiridos para atender à população de São Caetano em forma de convênios gerenciados por aquela entidade. Há inclusive pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que tramita na Câmara de Vereadores. Será que as investigações solicitadas por Paulo Pinheiro vão ganhar corpo ou tudo não passa de encenação? Tenho muitas dúvidas a respeito do desenlace desse suposto e inédito desentendimento na cúpula da Fundação do ABC que, conforme já defini, é a única regionalidade que deu certo na história de uma região fragmentada em todos os setores por municipalismos, partidarismos e outros ismos igualmente deletérios. E a regionalidade da Fundação do ABC só deu e está dando certo porque é envolta por cipoal de obscuridades. Já cobramos transparência, mas jamais houve qualquer evolução porque, entre outras razões, entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) não mexem uma palha.

Quando os federais vão botar

a Fundação do ABC a limpo?

 DANIEL LIMA - 15/05/2017

Os federais – polícia, procuradores e juízes – estão demorando para escarafunchar as entranhas apodrecidas da Fundação do ABC, conforme denunciei há muito tempo nesse espaço e só recentemente (e mesmo assim de forma branda) o Diário do Grande ABC decidiu me acompanhar. Está faltando um modelo federal regional da Operação Lava Jato que compreenda outras temáticas, além da Petrobras, que também é motivo de investigações locais. A manchete de página interna de ontem daquela publicação (por que não virou manchetíssima de primeira página, ou seja, manchete das manchetes?) consagraria este jornalista como fonte mais confiável de informações e análises não fosse esse conceito realidade há muito tempo. Para desgosto dos bandidos sociais. Publicou o jornal ontem sob o título “Fuabc contabiliza 22 mil funcionários” que a organização que administraria a saúde de grande parte dos moradores da região chegou a ter em 2014 mais funcionários registrados do que as prefeituras de São Bernardo, São Caetano e Rio Grande da Serra juntas, e uma folha salarial mensal de R$ 56,9 milhões, ou R$ 682,8 milhões. Anotem que os dados se referem à planilha obtida pelo Diário do Grande ABC via Lei de Acesso à Informação de uma entidade que nesta temporada terá orçamento de mais de R$ 2 bilhões.  

Escândalo em Praia Grande é

desafio a David Uip na Fuabc

 DANIEL LIMA - 21/05/2018

Uma pergunta mais que relevante: o infectologista David Uip, ex-secretário de Saúde do Estado, seria mesmo o profissional preparado para retirar a Fundação do ABC da zona de obscuridades administrativas que a transformaram em enorme caixa-preta na gestão de recursos públicos federais repassados pelo Sistema Único de Saúde? A Fuabc administra uma dinheirama anual de quase R$ 1,5 bilhão. Somente Santo André e São Bernardo contam com orçamentos maiores. O quase nada divulgado escândalo da Fundação do ABC na Praia Grande, Município da Baixada Santista, é um desafio a David Uip. E, quem sabe, a ponta do iceberg? Indicado pelo prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, também presidente do Clube dos Prefeitos, David Uip tem relações históricas com essa instituição que é o único exemplar de regionalidade que deu certo na região. (...). Poucos reuniriam condições de mudar a história da instituição, segundo a ótica de quem coloca notoriedade, notabilidade e gestão num mesmo patamar.  Resta saber até que ponto o infectologista identificará os pontos obscuros.  O que está à espera de David Uip é uma instituição cuja imagem não é necessariamente das melhores. O formato de caixa-preta que lhe conferem mentes instigantes não é obra do acaso. Um exemplo? Qual foi a iniciativa da direção da Fuabc, inclusive do Conselho Curador, para dar transparência e soluções ao caso denunciado em março último, de Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa anunciado pelo Ministério Público Estadual de Praia Grande? 

Auditoria pode fazer parte

de operação-abafa na Fuabc

 DANIEL LIMA - 06/06/2018

Não tenho nenhum motivo (até prova em contrário) que garanta ser o novo comandante da Fundação do ABC alguém capaz de colocar um ponto final nessa regionalidade travessa que só dá certo por conta dos acertos. O infectologista David Uip é considerado um homem sério. Por isso, ao declarar hoje aos jornais locais que pretende botar para quebrar, com a contratação de auditorias independentes para checagem de aspectos jurídicos e contábeis de contratos firmados com a Prefeitura de Mauá, entre outros, ouso dizer que é muito pouco. Como também diz pouco afirmar que vai agir para que Mauá cumpra o compromisso firmado e pague o que deve. Antes de explicar as razões que me levam a afirmar que auditoria externa quer dizer muito pouco numa entidade em que o quadro de saúde estrutural é de septicemia (infecção generalizada), verbete que identifica a especialidade médica de David Uip, parto do seguinte princípio de ceticismo: David Uip pode ser tudo de bom em termos de idoneidade, como tanto se propaga, mas até que ponto isso é suficiente se frequenta há tanto tempo o ambiente regional, sobretudo na Faculdade de Medicina do ABC, irmã siamesa da Fundação do ABC, e jamais veio a público com alguma frase de inquietação com os mais que conhecidos rumos de deterioração permanente da entidade que agora preside? Teria sido David Uip abduzido pela institucionalidade da qual faz parte?  

Fundação do ABC é mesmo

caso para ação dos federais

 DANIEL LIMA - 16/08/2019

A Rádio CBN, do Grupo Globo, está prestando grande contribuição à sociedade regional ao escarafunchar parte da caixa-preta da saúde pública na região, controlada pela Fundação do ABC. A emissora anunciou hoje que o Ministério Público (Estadual ou Federal?) vai abrir inquérito para investigar aquela instituição que é caso raro de regionalidade que deu certo no Grande ABC. E só deu e continua dando certo porque tem acertos. E muitos acertos. Nada, entretanto, que alcance paralelo nos cursos de administração de Harvard. Somos um caso emblemático do quanto o Estado, em suas três esferas, é capaz de proporcionar de vantagens aos poderosos de plantão, aos mandachuvas e mandachuvinhas. A série de matérias da CBN sob a marca “Escândalo do Cartão de Visitas”, alcançou a etapa número quatro. As reportagens mostram o aparelhamento daquela organização social. No quarto episódio os ouvintes acompanharam como os vereadores também estão se organizando para tentar investigar as irregularidades da Fundação do ABC. É claro que duvido dessa iniciativa. Não faltam vereadores a fabricar eleitores ao utilizarem cartões de visita como cabresto. As prefeituras de Santo André, São Bernardo e São Caetano se associaram no passado para fazer da Fundação do ABC o sonho de todos os brasileiros: contar com um sistema de saúde que conferisse cidadania. Mas como tudo no Estado brasileiro vira carne de vaca, já que a sociedade não controla nada, o Estado absoluto se torna impoluto e corrupto. A Fundação do ABC conta com um desenho estrutural que parece perfeito, mas permite todo tido de vazamento de irregularidades. O apadrinhamento generalizado é respaldado pelo corporativismo enriquecedor. Segundo a reportagem de hoje da Rádio CBN, a promotora de Santo André, Ana Carolina Bittencourt, diz que as práticas mostradas pela reportagem vão contra os princípios de legalidade, moralidade e impessoalidade exigidos pela Administração Pública.



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