Administração Pública

Quantos prefeitos se salvam
entre os sete eleitos em 2016?

DANIEL LIMA - 07/10/2020

Se você quer saber quantos prefeitos se salvam no Grande ABC entre os eleitos em outubro de 2016 e que tomaram posse em janeiro do ano seguinte é bom tirar o cavalinho da chuva do otimismo. Somente um deles consegue nota superior à linha de corte, que é cinco, numa escala de zero a 10.  

Vou revelar o nome dele somente amanhã. Hoje mostro os critérios que me levaram a arbitrar essa espécie de ranking. Antecipo que o vencedor reúne até 15 letras na soma de nome e sobrenome sem extensão. E a nota geral é seis. Quem seria ele? 

 Paulinho Serra – 13 letras. 

 Orlando Morando – 14 letras. 

 José Auricchio – 13 letras. 

 Lauro Michels – 12 letras. 

 Atila Jacomussi – 14 letras. 

 Kiko Teixeira – 12 letras. 

 Gabriel Maranhão – 15 letras. 

Não é preciso estender-se sobre a decepção geral provocada por essa leva de comandantes dos paços municipais. O conjunto da obra é um dos piores desenhos de todos os tempos.  

Assemelha-se muito à herança dos antecessores. Isso quer dizer que, de maneira geral, vivemos uma crise de competências inerente ao comandante de cada Paço Municipal quando se colocam todos eles no mesmo compartimento. E quando os retiramos, o resultado também não é muito diferente.  

Problemas antigos  

As demandas reprimidas tornam os gestores atuais mais vulneráveis ao aumento de desajustes gerais da região. Para enfrentar borrascas é preciso contar com iniciativas de prefeitos municipais que também se travistam de prefeitos regionais.  

Para chegar à conclusão a que cheguei, de que apenas um prefeito dessa safra se salvou da mediocridade geral, levei em conta vários fatores entrecruzados.  

Um gestor público não é uma ilha de conhecimentos e práticas. A visão sistêmica da obra municipalista e da obra regional inerente a quem gerencia um município em área metropolitana é obrigatoriedade funcional. Quem não está preparado para tanto, cai no ranking de avaliação.  

Veja os pontos que pautaram o desenho da hierarquia de efetividade em forma de notas que exporei amanhã individualmente, dando destaque, claro, ao único vencedor.  

As sete demandas principais  

 Transparência pública. 

 Ética pública.  

 Engenharia política. 

 Comprometimento regional. 

 Desenvolvimento Econômico. 

 Gestão Administrativa. 

 Empreendedorismo público.  

Estão, aí, portanto, os pontos vitais da análise que farei na edição de amanhã do desempenho individual dos atuais prefeitos.  

Para chegar à nota seis do vencedor único, e às reprovações dos demais, optei por não estabelecer rigidez de pesos relativos envolvendo os critérios expostos como referenciais básicos. Pretendo, com isso, facilitar o entendimento geral.  

É claro que não há como escapar. Trata-se de submissão natural aos conceitos que demarcam cada um dos requisitos listados. Aliás, só o fato de ter listado alguns pontos que são preceitos sustentáveis já esquadrinha o arbitramento em forma de explicações e notas.   

Jornalismo intervencionista  

Traduzindo: é impossível dissociar a nova tarefa a que me propus (ou seja, definir valores administrativos aos atuais prefeitos) ao que me imponho ao longo de jornadas como profissional de comunicação que vai além do comodismo de apenas informar. Jornalismo sem intervencionismo, no bom sentido do termo, não passa de relações públicas.  

Para que não paire um ar de decepção com o que vou escrever amanhã, quando revelarei o nome e o sobrenome do único prefeito que termina o mandato com tamanho maior com que iniciou, não pretendo fazer exame individual minucioso. Seria desnecessário. Terei como ponto central da análise de individualidades a âncora vencedora.  

Ou seja: partirei do centro nervoso de atuação do prefeito que se salvou para esparramar abordagem analítica sobre cada um dos quesitos listados acima. A medida, entretanto, não pode ser levada ao pé da letra. Também posso, aqui e acolá, oferecer algumas ponderações sobre o que eventualmente tenha ultrapassado os limites naturais.  

Bem público  

Vou ser direto nessa questão quanto ao critério que denominei de “Ética pública”. É inescapável que quando um determinado ou mais que um determinado prefeito ultrapassa a linha de fundo de sensatez, tratando a informação como commodity político-partidária, não como bem público, a omissão em apontá-lo como infringente seria um ato de submissão indevida a uma deformação gerencial.  

Sobre a distribuição de pesos ponderados aos quesitos listados, convém ressaltar que levei em consideração não só o aspecto prático, de entendimento dos leitores, mas sobretudo específico, do cargo de executivo municipal.  

O que isso significa? Significa que, entre outras medidas, decidi rebaixar a avaliação central que norteia a gestão editorial desta publicação, cuja essência é o regionalismo e seus desdobramentos. No caso específico de que trato, considerarei o prevalecimento, não o completo domínio, de critérios de peso municipal.  

O regionalismo perde força definidora da nota final do mandato de cada um dos atuais prefeitos porque, num ranking à parte, que já produzi, nenhum deles se salva.  

Mais sociedade é importante  

A avaliação dos atuais prefeitos não é exclusividade deste jornalista. Os leitores podem seguir critérios que estão aí e estabelecerem juízos de valor que quiserem. Não existe a pretensão do monopólio que alguns poderiam sugerir como argumento a eventual pendor centralizador deste jornalista.  

O que mais interessa mesmo é que quanto mais leitores, e, portanto, cidadãos, se juntarem à proposta de que devam também exercitar o escrutínio dos atuais prefeitos (de todos, de parte ou apenas do que mais lhe interessa), mais me sentirei recompensado.  

Não existe nada pior numa sociedade do que a apatia individual e coletiva. Todos os homens públicos eleitos precisam passar por sabatinas periódicas, a critério de cada eleitor. A indiferença é o caminho mais curto à incompetência repetitiva e ciclicamente incontornável.  

Notas mais robustas  

Garanto aos leitores que gostaria de distribuir notas mais robustas neste último trimestre do último ano dos mandatários máximos dos municípios. Escravo dos pressupostos estruturais que constam dessa grade de avaliações, é impossível deixar de lado um resquício sequer de exigência máxima.  

O Grande ABC vem de 40 anos de empobrecimento contínuo, agravado neste século. Portanto, não pode ser condescendente com quem quer que seja que exerça poder público. E tampouco, também, com agentes privados e sociais que insistem em vangloriarem-se sob aplausos dos insensatos.  

Quem não suportar o repuxo deveria pedir para ser substituído. Como jamais o farão, o melhor mesmo é que a sociedade acorde. Monitorar os prefeitos com ferramentas metodológicas mesmo que subjetivas já é um bom começo.  

Quem arrisca o nome e o sobrenome do único sobrevivente desse voo de frustração?



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