Política

Ibope já elege cinco prefeitos
em primeiro turno na região

DANIEL LIMA - 05/11/2020

O Ibope mostrou hoje nas páginas do Diário do Grande ABC o que estariam estatisticamente consolidados como resultados prováveis das disputas eleitorais de 15 de novembro. Cinco das sete cidades da região contariam com prefeitos eleitos em primeiro turno. Restariam Diadema e Mauá, que decidiriam o jogo duas semanas depois. Agora, claro, só falta combinar com os russos dos votos de verdade, em urnas eletrônicas. 

A conclusão de que o Ibope já definiu as eleições na região parte de metodologia do próprio instituto: a margem de erro de quatro pontos percentuais.   

A mesma margem de erro se transforma em margem de manobra caso os resultados não sejam exatamente os projetados. A transposição de margem de erro para margem de manobra sustenta eventuais tropeços ou imprecisões numéricas.  

Relativizando acertos  

Os institutos de pesquisa em geral proclamam-se certeiros em quase 100% das disputas eleitorais. Seus dirigentes são especialistas em instrumentalizar a margem de erro como margem de acerto.  Ou seja: jogam no lixo casos que supostamente seriam surpreendentes. 

Uma pesquisa eleitoral com quatro pontos percentuais de margem de erro, caso do Ibope nas eleições no Grande ABC, pode ter várias interpretações. Se publicada no dia da disputa e aponte um candidato como virtual vencedor com 53% dos votos válidos, contra 47% do segundo colocado, pode significar a vitória do segundo cocado com 51% dos votos, contra 49% do favorito. A margem de erro de quatro pontos percentuais faz isso. Como também faz com que o placar anunciado de 53% a 47% % se transforme em 57% a 43%. O que eram três pontos percentuais de diferença poderiam se restringir a apenas um ponto percentual da vitória do então segundo colocado ou, no caso da confirmação do favorito, a distância passaria a 14 pontos percentuais.  

Base das conclusões  

Com base nessa premissa, resguardando, portanto, esse mundaréu de distância estatística, se chega ao enunciado da manchetíssima de hoje de CapitalSocial. O Grande ABC já tem cinco prefeitos eleitos. Todos eles, portanto, seguramente vencedores levando em conta os quatro pontos de margem de erro.  

Resta saber se o Ibope vai apresentar uma segunda e possivelmente última rodada de sondagem eleitoral, com variações numéricas que estreitem ou alarguem diferenças apresentadas hoje no Diário do Grande ABC.  

Há vários aspectos da pesquisa do Ibope que merecem análise, mas vamos nos concentrar hoje nos resultados mais visíveis e mais importantes. Como prometi na edição de ontem, vamos às avaliações municipais no Grande ABC.  

 Paulinho Serra disparado 

Os números do Ibope indicam que o prefeito Paulinho Serra não tem com que se preocupar. Muito menos em brigar na Justiça Eleitoral com um adversário supostamente sem nenhuma importância. Afinal, com 57% dos votos gerais (e, principalmente, com 72% dos votos válidos), o tucano está tão à frente da soma dos demais que poderia dormir tranquilo nos 10 dias que restam para as urnas serem ocupados pelos eleitores. 

Os 57% de votos gerais reservados pelo Ibope a Paulino Serra consideram o contingente de nulos ou em branco (13%) e os 8% que não sabem ou preferem não opinar. Bruno Daniel conta com 11%, Bete Siraque com 6%, Ailton Lima como 2%, João Avamileno, Dennis Ferrão e Sargento Lobo somam 1% cada, enquanto Alex Arraes e Simone Cristina Souza não pontuaram.  

O candidato supostamente fora do jogo, mas que tanto preocuparia Paulinho Serra, é Ailton Lima. Um líder disparado, segundo os dados do Ibope não tem mesmo por que se incomodar com um quase lanterninha de apenas 2%. Das duas uma: ou o Ibope errou ou a campanha de Paulinho Serra perde tempo demais com um quase-nada.  

Seguindo o conceito de margem de erro elástica, Paulinho Serra com 57% dos votos gerais ou 72% dos votos válidos não tem com que se incomodar. A soma dos adversários chegaria em votos gerais a 22%. Na margem de erro alcançaria 26% e Paulinho Serra cairia para 53%. Mais que o dobro.  

 Orlando Morando avançado 

O prefeito Orlando Morando está reeleito segundo os dados do Ibope. O ex-prefeito Luiz Marinho não lhe faz cócegas. A diferença que os separa em votos gerais (contando brancos, nulos e indecisos) é de 24 pontos percentuais. Orlando Morando conta com 48% dos votos contra 24% de Luiz Marinho. A soma dos demais concorrentes é de 8%, contando os 4% de Rafael Demarchi, os 2% de Leandro Altrão e os 2% de Cláudio Donizete. A margem elástica de erro de quatro pontos percentuais para mais e para menos não seria suficiente para evitar a vitória proposta pelo Ibope. Nesse caso, Orlando Morando cairia para 44% dos votos e os oposicionistas chegariam a 36%. O que eram 32 pontos percentuais de vantagem de Orlando Morando se reduziriam a oito pontos percentuais. 

Os votos em branco e nulos em São Bernardo são 12%, enquanto os indecisos ou que não responderam corresponderam a 7% dos entrevistados.  

O recado para Paulinho Serra vale também para o tucano de São Bernardo: pode dormir em berço esplêndido que o jogo está decidido. Pelo Ibope.  

 Turno único salva Auricchio 

Fosse São Caetano um território eleitoral entre uma centena de endereços nacionais passíveis de segundo turno, o prefeito José Auricchio correria o risco de ir ao turno final.  Como os 161 mil habitantes de São Caetano não ultrapassam a marca de 200 mil eleitores (nunca é exagero alertar que em determinados locais há mais eleitores que moradores), o tucano está garantido nas urnas eletrônicas, segundo a projeção do Ibope. Os riscos de inegibilidade na esfera da Justiça Eleitoral são outros quinhentos.  

José Auricchio conta com 44% dos votos gerais em São Caetano. Os adversários somados contabilizam 32% do eleitorado. Fabio Palacio é o segundo da lista com 17% dos votos, contra 8% de Thiago Tortorello (uma linha auxiliar de Auricchio para dividir os votos dos oposicionistas), 3% de Horácio Neto, 2% de Mário Bohm, 1% de Nilson Bonome e 1% do petista João Moraes. Os votos em branco e nulos representam 15% dos entrevistados ouvidos pelo Ibope. Outros 9% não souberam responder ou não sabem em quem votar. 

 Volpi supera Kiko em Ribeirão Pires 

Ex-prefeito de Ribeirão Pires, Clovis Volpi vai se consagrar nas urnas dia 15 de novembro. Na lista da quase totalidade dos municípios brasileiros que decidem em primeiro turno, Ribeirão Pires conta com 43% dos eleitores alinhados a Clovis Volpi. Bem mais que os 25% de Kiko Teixeira, o atual prefeito. Marisa da Casas Própria soma 8%, Felipe Magalhães 5% e Carlos Sacomani Banana 2%.  

Como no caso de São Caetano, a soma de votos dos adversários levaria a disputa ao segundo turno em Ribeirão Pires, porque os 40% poderiam significar 44% na flexibilização extrema do critério de margem de erro, contra 39% de Clovis Volpi. Quatro para cima, quatro para baixo, a dança dos números é, como se observa, grande aliada à preservação dos prognósticos.  

 Claudinho na frente em Rio Grande 

Quem supõe estranho chamar um prefeito de Claudinho da Geladeira quando se referir ao titular do Paço de Rio Grande da Serra, o menor dos municípios do Grande ABC, que se prepare. O Ibope assegura que o representante do PODE vai sentar-se na cadeira de Chefe do Executivo a partir de janeiro do ano que vem. Claudinho da geladeira tem 39% das intenções de voto, contra 22% da Professora Marilza, 21% de Akia Auriani, 3% de José Teixeira e 2% de Ramon Velasquez, ambos ex-prefeitos. A soma dos adversários de Claudinho da Geladeira nos votos gerais é de 48%, nove pontos percentuais a mais que o líder da pesquisa.  

Na disputa individual, que é o que vale em turno único, nenhum dos concorrentes teria a margem de erro de quatro pontos para cima e quatro pontos para baixo como fator de reviravolta. Os 22% da Professora Marilza seriam 26% e os 39% de Claudinho da Geladeira seriam 35%.  Nove pontos percentuais de diferença.  

A pequena Rio Grande da Serra registra 9% de eleitores que se enquadram na categoria de votos em branco ou nulo, enquanto 4% não sabem em quem votar.   

 Primeira dúvida: Mauá  

O prefeito Atila Jacomussi, frequentador de prisões por conta de um mandato tumultuado e recheado de denúncias de corrupção, lidera a corrida eleitoral em Mauá, medida pelo Ibope, com 30% dos votos. Como Mauá está sujeita à regulamentação dos dois turnos, a dúvida é saber quem vai ser o segundo nome da disputa.  

Nos votos gerais (que consideram o total de eleitores entrevistados), o petista Marcelo Oliveira tem 13% dos votos, o Juiz João soma 11%, o ex-prefeito Donisete Braga 6%, José Lourencini 6%, Vanessa Damo 3%, Mauro Roman 2%, Amanda Bispo, André Sapamanos, Professor Betinho e Ronaldo Pedrosa 1% cada, enquanto Doutora Roseni não pontou.  

Levando-se conta a margem de erro de quatro pontos percentuais para cima e para baixo, e no extremo da possibilidade, vários candidatos teriam possibilidades de ir ao segundo turno. Mas na prática, somente os quatro candidatos imediatamente abaixo do primeiro colocado estariam na disputa para valer. E num recorte mais severo, sobrariam efetivamente o petista Marcelo Oliveira e o Juiz João.   

 Segunda dúvida: Diadema 

Também parece pouco provável que o segundo turno seja descartado em Diadema. A diferença é que o petista José de Filippi Júnior é mais favorito à vitória do que Atila Jacomussi em Mauá. Filippi tem 38% dos votos gerais medidos pelo Ibope, contra 9% de Revelino Pretinho do Água Santa, 9% de Taka Yamauchi, 8% de Ricardo Yoshio, 6% de Ronaldo Lacerda, 5% de Marcos Michels e 1% de seis dos demais concorrentes, além de nenhum por cento da Rafael Boani. Brancos e nulos são 12% em Diadema, enquanto os eleitores que não responderam ou não sabem formam batalhão de 8%. 

O que decidiria a sorte no segundo turno em Diadema seria o remelexo de acomodações partidárias que envolveria os dois finalistas. Embora o candidato apoiado pelo prefeito Lauro Michels ( que atende na prática pelo exótico codinome de Pretinho do Água Santa) possa crescer na reta de chegada do primeiro turno e garantir vaga na final, pouco se acredita que vire o jogo que consagraria a volta de José de Filippi, triprefeito de Diadema.



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