O prefeito Paulinho Serra tem 20 dias corridos para responder a 40 questões centrais da Entrevista Especial preparada por CapitalSocial. A iniciativa tem um ponto central mais que justificado: o tucano em decolagem rumo a outro partido está colocado na praça como a principal liderança do Grande ABC. São admiradores e bajuladores que se utilizam de coerções subjetivas para a envelopagem de um administrador público que, após 52 meses de atuação, está distante das demandas de Santo André e da região.
Além de prefeito de Santo André, Paulinho Serra também ocupa temporalmente a presidência do Clube dos Prefeitos. Há, portanto, duas fundamentações jornalísticas que retiram qualquer tipo de especulação sobre os motivos da decisão de CapitalSocial.
É claro que não há dúvida sobre o conjunto que coloca o prefeito à prova de argumentação. Cada Entrevista Especial de CapitalSocial é espécie de batalha em busca de transparência e conteúdo. Cada pergunta formulada é de intenso valor agregado porque já prevê a possibilidade de fuga.
Fugindo da raia
O ônus para quem foge da raia é objetivamente claro: as próprias questões em si são enunciados peremptórios que só se desmanchariam ante a apresentação de respostas efetivamente convincentes.
Não escondemos o propósito de Entrevista Especial: colocamos o entrevistado como um alvo a ser atacado com transparência e respeito. Quem aprecia jornalismo chapa-branca ou jornalismo de relações públicas está em endereço equivocado.
Não há arbitrariedade alguma tanto na escolha do entrevistado quanto no prazo estipulado. Vinte dias para responder a 40 questionamentos centrais significam duas respostas bem elaboradas a cada dia. O questionário logo abaixo demandou duas horas de produção.
Entrevista Especial é uma formulação jornalística que anseia por respostas objetivas e comprometidas com os fatos, mas não é uma mão de via única de frustração diante da possibilidade de não encontrar eco. As perguntas de Entrevista Especial anseiam por respostas, mas não sobrevivem de respostas. São por natureza descartadoras de respostas porque o propósito estará cumprido. Não são perguntas por perguntar, mas perguntas por desvendar.
CapitalSocial -- Não lhe parece que o futebol da cidade é muito importante para ficar sem espetáculos na Série A do Campeonato Paulista, já que o Estádio Bruno Daniel não foi colocado em ordem depois da destruição do gramado para dar vez a um hospital de campanha desativado seis meses antes da competição começar? Como o senhor vê o futebol de Santo André como fonte de mobilização social e de cultura, além de propaganda nacional da cidade?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Já lhe passou pela cabeça de andreense uma mobilização de colaboradores que tenham empatia pelo futebol da cidade para contribuir com o Santo André na proposta de formular um projeto de marketing que fortaleça o futebol da cidade? Algo que tenha finalidade exclusivamente colaborativa, sem resquício político-partidário e sem imiscuir-se na gestão do clube.
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor se preocupa com o naco de participação orçamentária na produção de riqueza do Polo Petroquímico? São mais de um terço de arrecadação de ICMS dependente de um segmento que está sujeito ao jogo macroeconômico. E mais de quatro anos de mandato o que efetivamente o senhor fez de aproximação com lideranças da atividade?
Paulinho Serra --
CapitalSocial -- O senhor acredita que o melhor medidor do emprego formal que um Município pode oferecer em termos de informação à sociedade é a quantidade gerada de novas vagas líquidas conquistadas ou perdidas ou a correlação entre estoque de empregos efetivos e empregos novos? Traduzindo: são empregos em números relativos ou números absolutos?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor acredita que a Avenida do Estado é mesmo um corredor que traça uma linha de horizonte de reconstrução econômica de Santo André ou a guerra logística interna está perdida desde que aquela passarela perdeu a concorrência para a Rodovia Anchieta e a Imigrantes?
Paulinho Serra --
CapitalSocial -- Como o senhor observa o fato de Santo André estar entre os mais mal-colocados no Clube dos 20 Maiores Municípios do Estado de São Paulo neste século quando se trata do PIB Geral, ou seja, de todas as riquezas produzidas a partir do ano 2000?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor acha que preencheu todos os requisitos de transparência pública nas negociações que culminaram na venda dos ativos do Semasa para a Sabesp? Quais são os dados detalhados que levaram a Prefeitura à concessão daquela autarquia?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor ganhou um presente de grego de seus antecessores, assim como os demais prefeitos da região, no balanço geral de produção industrial em forma de PIB e aumento de impostos municipais. Traduzindo: cada vez mais as prefeituras, inclusive durante seus quatro mandatos, aumentam a arrecadação própria, a carga tributária própria, de uma população cada vez mais empobrecida, e não dá respostas efetivas à construção de riqueza, de geração de riqueza. Não consta do figurino de Santo André qualquer iniciativa de reverter o quadro. O senhor se sente paralisado?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor era um admirador confesso do prefeito Celso Daniel. Elogiar as obras deixadas por ele era uma constante antes do senhor virar prefeito. O que mudou?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor está muito preocupado com o que vai fazer depois que terminar seu segundo mandato. Tanto que está construindo articulação político-partidária para disputar algum cargo supostamente importante. Para tanto, busca e confirma aliados de vários matizes, muitos ligados a Gilberto Kassab, cuja influência na Administração de Santo André é cada vez maior. Afinal, o que pretende depois de virar ex-prefeito?
Paulinho Serra --
CapitalSocial -- Não existe nenhum entre os maiores municípios do Estado de São Paulo que exiba um Polo Tecnológico planejado nos gabinetes públicos responsável pelo crescimento diferenciado, ou seja, que explique o sucesso de desenvolvimento econômico. O senhor herdou uma proposta de uma unidade desse tipo. Acredita que um polo tecnológico solteiro, ou seja, sem entranhamento com importantes representações empresariais, mudará a história?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Está em alguma gaveta do Clube dos Prefeitos, que o senhor preside, uma proposta de aeroporto regional no Grande ABC. Há negligência no tratamento da iniciativa ou o senhor reprova a viabilidade do projeto?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor saberia dizer à população de Santo André qual é o PIB Industrial da cidade, quais as atividades econômicas mais representativas em participação relativa e aquelas cada vez menos importantes, porque sofreram e sofrem os efeitos da desindustrialização?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor perfila-se entre aqueles que dizem que a desindustrialização é assunto do passado já superado ou entende que segue insidiosa?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor conta nas redes sociais com um grupo de milicianos digitais, gente de agressividade e ferocidade ante todos aqueles que fazem algum tipo de reparo à sua administração. Há informações de que todos ou parte deles estão localizados no próprio Paço Municipal. Seriam comissionados contratados pela sua administração. O senhor considera importante contar com esse batalhão de choque?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Santo André está entre os piores endereços de letalidade do Coronavírus. Os números relativos, recomendados à análise pela ONU, superam largamente a maioria das grandes cidades e, principalmente, de países. O senhor tem postado nas redes sociais que Santo André é um sucesso de combate ao vírus chinês. Estão equivocadas as estatísticas ou o assessoramento com que o senhor conta perdeu o rumo?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O noticiário recente o coloca, como presidente do Clube dos Prefeitos, na condição de preocupação enorme com um casamento regional pouco viável, caso da área que poderia ser chamada de Grande Mogi das Cruzes, que abarca também Guarulhos. O senhor poderia explicar quais são os pontos de sinergia econômica que justificariam a mobilização em torno dessa aproximação? Ou o senhor admite que o que interessa mesmo são relações políticas e partidárias que impulsionariam num futuro breve a especulada campanha eleitoral ainda indefinida quanto ao cargo a ser pretensamente ocupado?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Quando houve a grande crise do IPTU de Santo André, ocasião em que voltou atrás acertadamente ao retirar a cobrança de adicionais escandalosamente equivocados, o senhor prometeu criar uma comissão especializada em mercado imobiliário. Por que a medida não passou de promessa? Houve pressão do mercado imobiliário, player importantíssimo no financiamento eleitoral nem sempre transparente?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor poderia lembrar alguma decisão que tenha tomado para dar transparência no tratamento público nas demandas dos empresários do setor imobiliário? Já pensou numa comissão de contribuintes do IPTU, integrada por gente especializada na área, e independente, para atuar como curadoria na aplicação da legislação na área?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- A denúncia de fura-fila no Coronavírus na Fundação do ABC é atribuída a seus assessores. Trata-se de uma decisão de governo?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor perdeu as batalhas pelo controle da Central de Convênios da Fundação do ABC e agora anuncia a recriação da Faisa como espécie de Central de Convênios paralela, livrando-se das garras da presidência daquela entidade. Acredita que é a melhor alternativa? A Fundação do ABC está em extinção?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Há pelo menos um secretário de linha de frente de sua Administração entre os maiores devedores do IPTU em Santo André. O senhor poderia informar se ele já aproveitou uma das sempre repetitivas oportunidades de ajustar o débito contando para isso com descontos sempre generosos?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor não aumentou nesta temporada os valores reais do IPTU, mas, por outro lado, preferiu aplicar a correção inflacionária. Acha justa a medida quando se sabe que os moradores de Santo André, como de todo o País, sofreram grandes perdas de rendimentos salariais, além de desemprego? Não haveria uma alternativa de colaborar sem infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal? Houve algum estudo nesse sentido?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor acredita na versão que parece majoritária de que é bafejado pela sorte de não contar com quase nenhuma posição crítica da maior parcela da imprensa da região? Qual é o segredo de tanto sucesso em tornar visível o que supostamente é bom e em esconder o que comprovadamente é ruim?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O Clube dos Prefeito, instituição que o senhor preside temporariamente, virou ao longo dos tempos o que poderia ser chamado de um balaio de gatos temáticos, porque não produz praticamente nada no campo econômico, área que deveria ser prioridade absoluta. Não lhe causa tristeza ver o Grande ABC desgarrar-se cada vez mais dos trilhos do desenvolvimento econômico com equilíbrio e ver uma montanha de deserdados, entre pobres e miseráveis, que é mais que a soma das populações de São Caetano e Diadema?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Não lhe causa certo rubor a informação sustentada por estatísticas de que o Grande ABC como um todo, e inclusive Santo André, apresenta mortes por Coronavírus em quantidade relativamente maior que o Distrito de Sapopemba, na Capital, cujos índices de qualidade de vida são bastante inferiores?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor se considera um prefeito com controle total do Legislativo de Santo André quando se verifica que não houve nenhuma demanda por esclarecimentos às crateras de irregularidades na Fundação do ABC, em auditoria externa solicitada pela presidente daquela entidade? Como os vereadores de Santo André, ávidos pela cabeça da presidente por causa do chamado fura-fila, foram domesticados no caso da auditoria independente?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor propaga aos quatro cantos que é o prefeito que obteve maior votação na história de Santo André. Considerar os números absolutos e desprezar os números relativos é um jogo pensado e sacramentado por marqueteiros, mas a iniciativa agride a verdade porque é natural que ao longo dos anos se eleve o contingente de eleitores. Pelo critério de relatividade, ou seja, de votos consumados em relação aos votos disponíveis, Celso Daniel é imbatível. Como observa a questão?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Não há registro algum de preocupação do presidente do Clube dos Prefeitos com a retirada da Ford do acervo de montadoras do Grande ABC. Não consta dos arquivos praticamente nada a respeito do assunto. O senhor se sente prefeito dos prefeitos ou encarna apenas o papel de prefeito de Santo André?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor acredita que Celso Daniel maior prefeito regional da história, não se pronunciaria e não se enveredaria pela análise econômica de uma região que perdeu uma montadora tão importante?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor tem a dimensão exata do que representa a segunda alça do viaduto Adib Chamnmas, inaugurada ainda outro dia? O senhor acenou com grande resultados logísticos e econômicos, enquanto os especialistas afirmam que uma andorinha de obra não faz verão de competitividade. E daí?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Ainda sobre a Avenida dos Estados, há especialista que sugeriu recentemente a privatização como resposta às demandas por eficiência e competitividade. O senhor faria parte dessa alternativa?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor também pouco ou nada se manifestou sobre a discussão que por fim terminou com a definição do BRT como novo ramal de transporte que ligará municípios da região e a Capital. Qual era o sistema que mais agradava? O Clube dos Prefeitos, do qual o senhor ocupa a presidência em dois dos três últimos anos, jamais produziu nada com valor agregado do que tecnicamente e economicamente seria mais apropriado ao Grande ABC. Deixar correr um assunto tão importante não lhe pareceu um descuido espantoso dos prefeitos? A política diplomática com o governo do Estado, agora já nem tanta por questões eleitorais, congelou uma reação obrigatória?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Uma recente pesquisa do Instituto ABC Dados, publicada pelo Diário do Grande ABC, o colocou com apenas 24% de ótimo e bom no desempenho em relação à pandemia do Coronavírus. Bem menos que os 65% de Orlando Morando em São Bernardo e que os 45% de Clovis Volpi em Ribeirão Pires. E abaixo da combatida gestão do presidente da República. O senhor reconheceria uma eventual mensagem de desaprovação nesses números, já que iguais 24% o consideraram ruim e péssimo?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Como se explica a relação aparentemente tumultuosa com o governador do Estado, João Doria, já que nos primeiros anos de primeiro mandato o senhor o colocou no altar de certo deslumbramento?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O que representaram de forma prática aqueles encontros esparsos no Teatro Municipal a pretexto de motivação do empresariado para investir em Santo André?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor entende que os legislativos do Grande ABC deveriam ter lugar garantido nas tomadas de decisão do Clube dos Prefeitos, considera que seriam mais úteis como integrantes de uma espécie de Conselho Consultivo ou a instância de cunho executivo não pode abrir brechas a novos integrantes?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Recentemente o senhor reclamou do governador do Estado de algo como falta de humildade e lealdade por causa de assuntos que impactam a região, caso do BRT e do anúncio de antecipação da vacinação nos municípios. Qual foi o resultado do desabafo?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- O senhor tenderia a dizer que é um prefeito melhor que o mandato de Jair Bolsonaro e de João Doria?
Paulinho Serra –
CapitalSocial -- Como o senhor avalia a disputa pela Central de Convênios da Fundação do ABC, território onde seu grupo pretende controle total e em desacordo com o estatuto daquela instituição, que reserva à presidência a definição de ocupantes de cargos de diretoria? Todos sabem que a Central de Convênios é o mapa da mina dos recursos financeiros da Fundação do ABC. Foi exatamente sob a gestão de um dirigente indicado pela Prefeitura de Santo André, durante sua gestão, que se deram escândalos de compras de produtos e serviços durante a pandemia sem fim do vírus (geograficamente) chinês.
Paulinho Serra –
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10/05/2024 Todas as respostas de Carlos Ferreira