Entrevista Especial

Conheça todas as respostas
omitidas por Paulinho Serra (5)

DANIEL LIMA - 09/06/2021

Os leitores vão conhecer hoje mais oito respostas que deveriam ser respondidas pelo prefeito de Santo André, Paulinho Serra. Não o foram. Mas estão sendo respondida por CapitalSocial. A Entrevista Especial enviada ao titular do Paço Municipal não encontrou ressonância de responsabilidade social em forma de prestação de contas porque Paulinho Serra detesta o contraditório. Para o tucano que está no sexto mês de um segundo mandato, o que interessa mesmo é contar com a parceria de entrevistadores que se travistam de relações públicas. CapitalSocial não se presta a esse desserviço.   

CapitalSocial -- O senhor se considera um prefeito com controle total do Legislativo de Santo André quando se verifica que não houve nenhuma demanda por esclarecimentos às crateras de irregularidades na Fundação do ABC, em auditoria externa solicitada pela presidente daquela entidade? Como os vereadores de Santo André, ávidos pela cabeça da presidente por causa do chamado fura-fila, foram domesticados no caso da auditoria independente?   

Paulinho Serra – 

CapitalSocial – É claro que essa questão é provocativa, mas provocativa no sentido mais nobre do termo, porque buscou colocar o prefeito contra a parede por omissão diante da crise na Fundação do ABC. Uma crise fabricada sobretudo por conta da Prefeitura de Santo André e seus indicados a ocupar a casa da moeda daquela instituição, a Central de Convênios. Esperar do Legislativo de Santo André alguma reação que coloque em xeque o Executivo tem tanta lógica como acreditar que a CPI da Pandemia, no Senado Federal, foi criada para alguma coisa que não seja uma preliminar das campanhas eleitorais do ano que vem. Ou alguém é suficiente ingênuo para acreditar em algo sério que tenha Renan Calheiros como inquisidor?  

CapitalSocial -- O senhor propaga aos quatro cantos que é o prefeito que obteve maior votação na história de Santo André. Considerar os números absolutos e desprezar os números relativos é um jogo pensado e sacramentado por marqueteiros, mas a iniciativa agride a verdade porque é natural que ao longo dos anos se eleve o contingente de eleitores. Pelo critério de relatividade, ou seja, de votos consumados em relação aos votos disponíveis, Celso Daniel é imbatível. Como observa a questão?  

Paulinho Serra – 

CapitalSocial – Seguindo prática que virou doutrina na Administração do Paço Municipal, Paulinho Serra destila aos quatro cantos que é o prefeito mais bem votado na história recente de Santo André. Pura bobagem. Não se pode comparar o eleitorado de Santo André de 2000, quando Celso Daniel foi eleito, com o eleitorado de Santo André de 2018, quando Paulinho Serra também foi reeleito. Há quase 90 mil eleitores de acréscimo no período, uma obra natural porque pessoas nascem e pessoas avançam etariamente e, portanto, o conjunto de eleitores ganha mais massa. Até porque menos pessoas morrem ou deixam Santo André em relação às que nascem e aportam na cidade.  Em 2018 Paulinho Serra foi eleito por 48,00% dos eleitores habilitados, enquanto Celso Daniel, no começo do século, chegou a 51,00%. A melhor metodologia é produzida por números relativos. Como no caso do vírus geograficamente chinês, cuja métrica de mortes por 10 mil, 100 mil ou um milhão de habitantes uniformiza municípios, estados e países de tamanhos diferentes.     

CapitalSocial -- Não há registro algum de preocupação do presidente do Clube dos Prefeitos com a retirada da Ford do acervo de montadoras do Grande ABC. Não consta dos arquivos praticamente nada a respeito do assunto. O senhor se sente prefeito dos prefeitos ou encarna apenas o papel de prefeito de Santo André?    

Paulinho Serra -- 

CapitalSocial -- Paulinho Serra carrega os mesmos vícios antigos dos prefeitos do Grande ABC, numa prova letal do quanto são municipalistas: o que se passa no terreno do vizinho não lhe interessa. Principalmente se o tema em questão for economia, especialidade que não integra as preocupações dos prefeitos de plantão, exceto quanto à arrecadação. Quem encontrar alguma declaração importante de Paulinho Serra ao se referir à fuga da Ford ganha um doce de batata doce de presente.  

CapitalSocial -- O senhor acredita que Celso Daniel maior prefeito regional da história, não se pronunciaria e não se enveredaria pela análise econômica de uma região que perdeu uma montadora tão importante?    

Paulinho Serra – 

CapitalSocial – Essa também foi uma pergunta provocativa, apenas para advertir o prefeito de Santo André de que, quando mencionar o político que mais pensou e agiu em termos de regionalidade na história do Grande ABC, deverá refletir um milhão de vezes. Isso mesmo: um milhão de vez. Muito melhor que dar ouvidos a assessores ressentidos e improdutivos que o fizeram cair na pasmaceira de que Celso Daniel foi um prefeito qualquer. Paulinho Serra não serviria para ser assessor de Celso Daniel na Prefeitura de Santo André.   

CapitalSocial -- O senhor tem a dimensão exata do que representa a segunda alça do viaduto Adib Chamnmas, inaugurada ainda outro dia? O senhor acenou com grande resultados logísticos e econômicos, enquanto os especialistas afirmam que uma andorinha de obra não faz verão de competitividade. E daí?    

Paulinho Serra –  

CapitalSocial – Paulinho Serra é um prefeito curtoprazista. Só enxerga Santo André sob o ângulo do aqui e agora, e mesmo assim longe de qualquer perspectiva que ofereça o que os especialistas chamam de sistemicidade aos investimentos. O viaduto em questão ganhou um puxadinho transformado pela mídia condescendente em obra do século. Uma obra, aliás, que não altera em praticamente quase nada o sistema de tráfego na Avenida do Estado e entorno. Tudo continua com antes em improdutividade logística.     

CapitalSocial -- Ainda sobre a Avenida dos Estados, há especialista que sugeriu recentemente a privatização como resposta às demandas por eficiência e competitividade. O senhor faria parte dessa alternativa?    

Paulinho Serra – 

CapitalSocial – A privatização da Avenida do Estado é alternativa para retirar esse nó logístico que corta vários municípios da região e parte da Capital do encalacramento. Somente muitos recursos para investimentos e complementaridades nos vários entornos ao longo do traçado poderiam atrair dinheiro do setor privado. O primeiro passo nesse sentido seria a aproximação dos prefeitos cujos municípios estão no traçado da Avenida do Estado. Até agora não se deu um passo sequer nesse sentido. A Avenida do Estado tem sido ao longo do tempo uma vitrine de investimentos paliativos sempre renovados e que, por sua vez, mantêm as dificuldades para chegar sequer à proximidade de soluções duradouras. Ou seja: é uma vitrine de gastos que se eternizam e não resolvem praticamente nada.   Dê uma espiada na Internet para conferir o festival de ações tópicas que se repetem sempre.  

CapitalSocial -- O senhor também pouco ou nada se manifestou sobre a discussão que por fim terminou com a definição do BRT como novo ramal de transporte que ligará municípios da região e a Capital. Qual era o sistema que mais agradava? O Clube dos Prefeitos, do qual o senhor ocupa a presidência em dois dos três últimos anos, jamais produziu nada com valor agregado do que tecnicamente e economicamente seria mais apropriado ao Grande ABC. Deixar correr um assunto tão importante não lhe pareceu um descuido espantoso dos prefeitos? A política diplomática com o governo do Estado, agora já nem tanta por questões eleitorais, congelou uma reação obrigatória?   

Paulinho Serra – 

CapitalSocial – O descuido do prefeito Paulinho Serra com questões vitais da estrutura física e social do Grande ABC não é consequência de negligência administrativa inclusive à frente do Clube dos Prefeitos. É mesmo desconhecimento, insensibilidade. Paulinho Serra tem a sobrecarga de problemas na forma de assessores pouco habilitados a produzir uma Santo André e um Grande ABC do futuro.     

CapitalSocial -- Uma recente pesquisa do Instituto ABC Dados, publicada pelo Diário do Grande ABC, o colocou com apenas 24% de ótimo e bom no desempenho em relação à pandemia do Coronavírus. Bem menos que os 65% de Orlando Morando em São Bernardo e que os 45% de Clovis Volpi em Ribeirão Pires. E abaixo da combatida gestão do presidente da República. O senhor reconheceria uma eventual mensagem de desaprovação nesses números, já que iguais 24% o consideraram ruim e péssimo?   

Paulinho Serra –   

CapitalSocial -- Está perplexo quem esperava arrefecimento do que muitos chamam de arrogância pós-eleição de Paulinho Serra ante a pesquisa do Coronavírus. Chegou-se a definir em comparativo com Orlando Morando, adversário regional de Paulinho Serra, como resultado humilhante. Mas, o que o que seria um aviso do eleitorado e dos contribuintes não foi avaliado corretamente. Certo mesmo é que parece haver uma distinção no eleitorado de Santo André entre eleições municipais e percepções do vírus chinês. Se na disputa eleitoral faltou um adversário de peso, como Orlando Morando teve no ex-prefeito Luiz Marinho, na batalha contra o Coronavírus prevaleceu um senso mais crítico e por isso mesmo reprovador às políticas aplicadas em Santo André. 



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