Administração Pública

Santo André de Paulinho Serra
lidera Custo ABC em quatro anos

DANIEL LIMA - 09/07/2021

Os quatro primeiros anos de Paulinho Serra à frente da Prefeitura de Santo André significaram a elevação do Custo Santo André, agravado com a paralisia da geração de riqueza. O resultado do primeiro mandato, o pior da região no período, está exposto nos dados oficiais da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.  

Paulinho Serra é a personificação do Estado (em forma municipal) pantagruélico. O Desenvolvimento Econômico é uma heresia quando o PIB Público avançou muito acima do PIB Privado.  

O balanço de letalidades provocadas pelo Coronavírus é um dos desdobramentos do empobrecimento de Santo André e da região. No ranking de mortes por 100 mil habitantes, Santo André está entre os piores endereços do País. Só perde, na região, para a recordista São Caetano.  

Outros indicadores exaustivamente analisados por CapitalSocial ao longo de 31 anos (contando-se as duas décadas da revista LivreMercado) só comprovam a longevidade da crise econômica e social de uma região inerte à reestruturação cada vez mais inadiável.  

Pior que Sapopemba  

A qualidade de vida sanitária da região é mais escabrosa que a do Distrito de Sapopemba, na Capital. Mas não faltam militantes partidários nas redes sociais e na mídia que instalam especialmente Paulinho Serra num patamar incompatível com os fatos. Quando o marketing está a serviço da mediocridade, é melhor sair de baixo. Quando a isso se junta o jornalismo servil, o senso crítico desce a ladeira da desesperança.  

Não custa lembrar que o período analisado registrou seguidas quedas do PIB (Produto Interno Bruto) no País, e, particularmente, no Grande ABC suscetível demais às oscilações do mercado automotivo. Foram os anos pós-Dilma Rousseff.  

O desequilíbrio de Santo André é o mais grave entre os cinco principais municípios de uma região que tem como uma das marcas registradas de desalento o chamado Custo ABC. Santo André fomentou um Custo ABC sobressalente no primeiro mandato de Paulinho Serra.  Para uma região que, neste século, acumula derrotas expressas na quebra de geração de riquezas, os quatro anos do prefeito de Santo André não poderiam ser piores.  

Contribuinte esfolado  

A carga tributária de Santo André, resultado de arrecadação de impostos municipais, aumentou muito acima da inflação do período de janeiro de 2017 (quando Paulinho Serra assumiu o primeiro mandato) até dezembro de 2020 (quando encerrou o mandato). Nada semelhante ocorreu no Grande ABC dos principais municípios.  

Contra uma inflação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 20,18% no período, Santo André elevou as receitas próprias em 30,09%. Uma diferença e tanto que, entretanto, poderia ser diluída se no outro lado de uma extensa métrica que diagnostica desenvolvimento econômico houvesse aumento da produção de riqueza em forma de Valor Adicionado, preliminar do PIB.  

Mas nesse quesito Santo André não chegou a alcançar o índice inflacionário do período, com aumento nominal de 19,18%. Ou seja: abaixo dos 20,18% do IPCA.  

No esquadrinhamento geral, Santo André perdeu 10,91 pontos percentuais quando se confrontam os dois indicadores. A Receita Tributária Própria cresceu em termos reais 30,09% no período. Já o Valor Adicionado perdeu viscosidade com leve queda real em relação à inflação: 19,18% versus 20,18%. 

São Bernardo melhor  

O comportamento dos cofres de São Bernardo do prefeito Orlando Morando no mesmo período de mandato foi melhor que o de Paulinho Serra. A Carga Tributária Própria avançou levemente abaixo da inflação do período (19,14%), enquanto o Valor Adicionado ganhou tônus acima da inflação de 20,18% ao registrar 23,79%.  

São Caetano do então prefeito José Auricchio Júnior foi menos ruim que Santo André quando se trata de Carga Tributária Própria, com avanço nominal de 22,36%, um pouco acima da inflação. Mas viveu um desastre com queda nominal de 3,80% do Valor Adicionado. Isso significa que São Caetano viveu nos quatro anos analisados uma continuidade dos estragos anteriores.  

Para que mantivesse o que tem restado de geração de riqueza seria necessário que o Valor Adicionado registrasse ao menos o crescimento do índice inflacionário. Mas quando se confrontam os 3,80% negativos e os 20,18% de IPCA, o prejuízo é estrondoso. O resumo da ópera é que São Caetano segue a avançar em arrecadação própria em descompasso com o enfraquecimento econômico. O pior dos mundos.  

Diadema equilibrada  

A gulodice fiscal de Diadema, Município mais socialista do Grande ABC, também foi muito inferior à registrada em Santo André. Nos quatro últimos anos do segundo mandato de Lauro Michels, a Receita Tributária Própria avançou 14,22% em termos nominais. Portanto, abaixo dos 20,18% do IPCA e dos mais de 30% de Santo André. Mas o Valor Adicionado também decepcionou, com avanço nominal de 16,08%.  

Favorecida grandemente pelo poder arrecadatório do Polo Petroquímico de Capuava (que também influencia os resultados fiscais de Santo André de forma sobressalente), Mauá apresentou nos quatro anos do tumultuado mandato de Atila Jacomussi crescimento nominal da Carga Tributária Própria semelhante ao Valor Adicionado. Foram 23,41% de Valor Adicionado e 22,70% de Receitas Próprias. Sempre é bom lembrar que a inflação registrada foi de 20,18% em 48 meses.  

Os dois menores  

Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra completam o quadro regional, mas não devem ser considerados municípios compatíveis aos demais em forma de mensuração de resultados. Como não chegam a representar 3% do PIB do Grande ABC, e não mais que 7% da população, os registros acabam prejudicados porque estão mais suscetíveis a movimentos bruscos.  

No caso de Ribeirão Pires, o Valor Adicionado durante os quatro anos do prefeito Kiko Teixeira alcançaram 34,20% (muito acima de Santo André), enquanto as Receitas Tributárias Próprias avançaram nominalmente 33,13% (pouco acima de Santo André). No saldo geral, contabilizou saldo positivo de 1,08 ponto percentual no período.  

Já Rio Grande da Serra, de 45 mil habitantes, a Carga Tributária Própria avançou 30,13% em termos nominais nos quadro anos do então prefeito Gabriel Maranhão. Já o Valor Adicionado não passou de 3,68%.   

Os dados oficiais   

Veja o comportamento do Valor Adicionado e da Carga Tributária Própria, em valores não deflacionados, durante os quatro anos de mandatos dos prefeitos eleitos em outubro de 2016 na região: 

 Santo André contava em 2016 com Valor Adicionado de R$ 11.658.167 bilhões, ante R$ 13.894.937 bilhões em 2020. Crescimento nominal de 19,18%, contra inflação de 20,18%. Na Carga Tributária Própria, saiu de R$ 633.836.867 milhões em 2016 e chegou a R$ 824.536.900 em 2020.  

 São Bernardo contava em 2016 com Valor Adicionado de R$ 25.496.586 bilhões, ante R$ 31.563.505 bilhões em 2020. No mesmo período, a Carga Tributária Própria saiu de R$ 856.393.849 milhões para R$ 1.020.309.171 bilhão.  

 São Caetano contava em 2016 com Valor Adicionado de R$ 11.549.132 bilhões, ante R$ 11.110.235 bilhões em 2020. No mesmo período, a Carga Tributária Própria saiu de R$ 336.967.096 bilhões para R$ 412.319.705 milhões.  

 Diadema contava em 2016 com Valor Adicionado de R$ 8.492.430 bilhões, ante R$ 10.308.174 bilhões em 2020. No mesmo período, a Carga Tributária Própria saiu de R$ 250.560.525 milhões para R$ 286.197.143 milhões.  

 Mauá contava em 2016 com Valor Adicionado de R$ 10.453.321 bilhões, ante R$ 12.878.353 bilhões em 2020. No mesmo período, a Carga Tributária Própria saiu de R$ 184.184.268 bilhões para R$ 225.997.167 milhões.  

 Ribeirão Pires contava em 2016 com Valor Adicionado de R$ 1.616.949 bilhão, ante R$ 2.169.933 bilhões em 2020. No mesmo período, a Carga Tributária Própria saiu de R$ 57.932.637 milhões para R$ 77.124.579 milhões.  

 Rio Grande da Serra contava em 2016 com Valor Adicionado de R$ 221.510.701 milhões, ante R$ 220.693.642 milhões em 2020. No mesmo período, a Carga Tributária Própria saiu de R$ 6.006.509 milhões para R$ 7.816.572 milhões.



Leia mais matérias desta seção: Administração Pública

Total de 813 matérias | Página 1

15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ
30/09/2024 Quem é o melhor entre prefeitos reeleitos? (5)
27/09/2024 Quem é o melhor entre prefeitos reeleitos? (4)
26/09/2024 Quem é o melhor entre prefeitos reeleitos? (3)
25/09/2024 Quem é o melhor entre prefeitos reeleitos? (2)
24/09/2024 Quem é o melhor entre prefeitos reeleitos? (1)
19/09/2024 Indicadores implacáveis de uma Santo André real
05/09/2024 Por que estamos tão mal no Ranking de Eficiência?
03/09/2024 São Caetano lidera em Gestão Social
27/08/2024 São Bernardo lidera em Gestão Fiscal na região
26/08/2024 Santo André ainda pior no Ranking Econômico
23/08/2024 Propaganda não segura fracasso de Santo André
22/08/2024 Santo André apanha de novo em competitividade
06/05/2024 Só viaduto é pouco na Avenida dos Estados
30/04/2024 Paulinho Serra, bom de voto e ruim de governo (14)
24/04/2024 Paulinho Serra segue com efeitos especiais
22/04/2024 Paulinho Serra, bom de voto e ruim de governo (13)
10/04/2024 Caso André do Viva: MP requer mais três prisões
08/04/2024 Marketing do atraso na festa de Santo André