Meu presidente da República dos sonhos pode não ser o presidente da República dos sonhos do leitor, mas é meu presidente. Esse presidente não existe. Ou melhor: existe sim, mas está fragmentado nos candidatos que vão ser escolhidos por esperados 150 milhões de eleitores neste domingo.
Meu presidente da República é perfeito para mim. Ele é um Frankenstein às Avessas, fruto de uma linha de montagem onírica, ou seja, a gente sabe que tudo não passa da imaginação.
Meu presidente da República tem sim uma margem de erro de construção em busca da perfeição que pode e deve ser contestada. Cada cabeça uma sentença, mas insisto em projetar meu presidente da República perfeito porque é o melhor para este País.
AVESSO DO ORIGINAL
Pena que meu Presidente da República perfeito não emergirá das urnas neste domingo e também, se for estendido o combate, também estará distante das urnas de 30 de outubro.
Meu Frankenstein às Avessas é uma confluência arbitrária de tipologias que me dou o direito de empreender.
Entendo que não custa nada reproduzir o que está implicitamente marcado nos 300 anos de jornalismo que prático.
Tomei como metáfora “Frankenstein às Avessas” porque me parece uma imagem que invade o âmago do entendimento dos leitores, desde que os leitores entendam o significado do contraponto em relação ao Frankenstein conhecido e mal-ajambrado da literatura e do cinema. Daí meu Frankenstein às Avessas. O original era diabolicamente trágico.
EM OITO PARTES
Para encurtar a história (e em seguida desço a detalhes), meu Presidente Frankenstein às Avessas seria o resultado de um ajuntamento cuidadoso de oito partes essenciais à gestão pública num país em convulsão política.
Para que o leitor não cometa a bobagem de encapsular meu Presidente Frankenstein às Avessas na fragmentação da montagem, ou seja, observando exclusivamente as partes sem se dar conta do todo, advirto, mais uma vez, que o segredo à compreensão do que escrevo em seguida é exatamente a oposição natural que a obra literária e cinematográfica impõe, ou seja, de que haveria um conflito compulsório na criatura desejada.
Meu Presidente Frankenstein às Avessas é o candidato perfeito sob meu ponto de vista pessoal, que se confunde com o profissional, e que tem fortes ligações históricas com o estágio de Nação a que chegamos, ou seja, um fim da picada social e econômica, entre outras variáveis, que nos colocam a léguas de distância de nosso potencial.
Vamos esculpir meu Presidente Frankenstein às Avessas? Vamos lá, mas não se apresse em julgamentos. Observe, repito, a incompatibilidade de individualizar porções que são intrinsecamente orgânicas.
1. Ele tem a cabeça-pensante de Felipe d´Avila.
2. Ele tem o caráter de Ciro Gomes.
3. Ele tem o temperamento de Jair Bolsonaro.
4. Ele tem a sensibilidade do Padre Kelmon.
5. Ele tem o coração de Lula da Silva.
6. Ele tem o tronco de Ciro Gomes.
7. Ele tem os membros de Jair Bolsonaro.
8. Ele tem o fígado de Simone Tebet.
CABEÇA-PENSANTE
O liberalismo econômico e as intervenções tipicamente socialistas em atendimento aos excluídos é uma equação de difícil equilíbrio em países como o Brasil. O Estado-Todo-Poderoso é nossa perdição.
O candidato Felipe d´Davila defende menos Estado e mais liberdade econômica. Já vi o suficiente, já senti o necessário e já absorvi o indispensável para me aliar ao liberalismo econômico como fonte de prosperidade.
O Estado é mau administrador e executor. Deve se prestar a áreas restritas, do Judiciário, da Saúde, da Segurança Pública e do planejamento estratégico em comunhão com macroindicadores históricos e com representações sociais legítimas e atuantes. Quanto menos Estado, mais Estado eficiente teremos.
Os dirigentes que assumiram o País após o Regime Militar aumentaram desmesuradamente a carga tributária e os gastos públicos sem os resultados esperados. Quando os impostos avançam continuamente mais que o PIB, há algo de podre no reino do Estado.
O Brasil é um péssimo concorrente mundial quando indicadores que retratam o estágio social e econômico entram em campo. O Estado, em combinação com o que há de pior do capitalismo privado, como provou a Operação Lava Jato, precisa de cirurgia e dieta rigorosas.
CARÁTER PROSPECTIVO
O Presidente Frankenstein às Avessas com o caráter de Ciro Gomes permitiria antever desenlaces que a política nacional desde sempre desprezou.
É verdade que Ciro Gomes teria de ser posto à prova na imensidão de interesses conflitivos de um País de arranjos aviltantes.
Seu histórico político, de firmeza nas decisões, de enfrentamentos cáusticos, permitiria essa projeção sem grandes riscos de frustração.
TEMPERAMENTO REGULADO
Não deixaria de sugerir o temperamento de Jair Bolsonaro ao Presidente Frankenstein às Avessas. Dentro de um contexto sistêmico em que outras peças permitiriam conexões de virtudes, não poderia faltar alguém que tivesse sim a indignação aflorada.
Jair Bolsonaro é rude e tosco, mas essas porções não explodiriam no presidente ideal com que sonho.
Enfrentar os poderosos de plantão com a diplomacia dos improdutivos provou-se combustível a arreglos de uma Republica remanescente em que tucanos e petistas sempre estiveram juntos e misturados nas causas decisivas.
A Velha Imprensa de vícios e entranhamentos obscuros, quando não chantageadores, não é mais vista com a credibilidade e o respeito de antes. Jair Bolsonaro partiu para um confronto reto e direto que desnudou a degradação do conceito de liberdade de imprensa interesseira.
O Judiciário supostamente tão agredido por Jair Bolsonaro integra a rede de usurpações éticas e morais do País. Bolsonaro balançou a roseira do politicamente correto também nessa esfera.
E, entre tantas outras decisões, tirou a direita e a centro-direita do esconderijo ideológico. O Brasil passou a contar com dois times de verdade no campo político.
SENSIBILIDADE SOCIAL
Está certo que o Padre Kelmon é uma caricatura visual exótica, mas a pitada de humanismo e de inconformismo não pode faltar ao Presidente Frankenstein às Avessas.
O padre chutou o pau da barraca do politicamente correto em vários pontos da vida nacional, entre os quais a inoperância, para não dizer baixíssima utilidade, das universidades públicas dominadas por doutrinadores de seitas que se provaram descompromissadas com o grosso da sociedade em várias esferas, inclusive comportamentais. Confundem liberdade individual com coletivismo coercitivo .
Qualquer ranking mundial que coloque como meta a associação de ciência e economia, porque são irmãos siameses, mostrará o quanto, por exemplo, a Universidade Federal do Grande ABC (que é regra, não exceção no País) se distancia de compromissos com o Desenvolvimento Econômico de fundas repercussões sociais.
INCLUSÃO DOS EXCLUÍDOS
O então presidente Lula da Silva descobriu os pobres do País, num período em que, ao assumir o cargo pela primeira vez, em 2003, o tecnicismo fiscal e monetário dos tucanos comandados por Fernando Henrique Cardoso.
O coração social de Lula da Silva é uma conquista eterna porque não há como dirigir essa Belíndia sem que se olhe atentamente aos pobres e miseráveis.
Todas as ponderações e restrições que se fazem ao auxílio financeiro a essa prevalecente porção de brasileiros não resiste à sinfonia da fome. Faltam políticas que abram portas e janelas à redução desse contingente? Faltam. Mas isso são outros 500.
TRONCO RESISTENTE
O tronco do Presidente Frankenstein às Avessas é de Ciro Gomes. O caráter forjado por cognições coerentes está entrelaçado a um conjunto de estruturas secundárias que conferem ao candidato a convicção de que não se trata de um charlatão.
Ciro Gomes é aparentemente um homem de convicções e ideias que não se desarrumam frente a uma borrasca impiedosa, como se viu agora mesmo com a campanha de voto útil encetada por uma Velha Imprensa e personagens nefastos da vida pública nacional a pretexto de que se defenda a democracia.
O teste do caráter é a praticidade dos atos. Nem todos passam por esse mata-burros na hora da verdade.
MEMBROS DE BOLSONARO
Os membros de Jair Bolsonaro são a extensão do corpo de Jair Bolsonaro. Essa porção do Presidente Frankenstein às Avessas está no terço mais visível dos brasileiros que perderam a vergonha de dizerem com clareza, e de provarem em praças, ruas e avenidas, que o País não é apenas uma coleção de representações à esquerda e à centro-esquerda.
Chamar de atos antidemocráticos os dois últimos Sete de Setembro, como a Velha Imprensa o fez com o apoio sórdido de muitos malfeitores capturados pela Operação Lava Jato, é paradoxalmente o ápice da consagração desse legado do presidente da República.
Tanto quanto o são os pobres e miseráveis que Lula da Silva retirou do desleixo de políticas públicas.
FIGADO CONTROLADO
Para completar, o fígado de Simone Tebet seria indispensável ao Presidente Frankenstein às Avessas.
Sempre é importante que se coloquem opiniões e argumentos tendo a acidez do fígado sob controle, entre outras razões porque o coração, o temperamento e o caráter exigem tolerância incisiva sem ser autoritária.
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19/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (24)