Administração Pública

LULACÁ, TRAGICAMENTE?
(É MELHOR SE PREOCUPAR)

DANIEL LIMA - 09/01/2023

Não é porque é Lula da Silva a ocupar a Presidência da República que o futuro próximo do Grande ABC deverá ser trágico no sentido econômico (e social) de ser. Mas é principalmente porque Lula da Silva voltará a ocupar a Presidência da República que o futuro próximo do Grande ABC será compulsoriamente trágico.

A explicação  é simples: o Grande ABC, com Lula da Silva ou sem Lula da Silva, precisa se reinventar. 

E essa é uma tarefa a que os atuais mandachuvas e mandachuvinhas da região não respondem de maneira afirmativa.  Tanto quanto dirigentes de várias instâncias sociais, econômicas e oficiais se comportaram no passado de mandachuvas e mandachuvinhas de então. 

Para piorar a situação histórica que se prolongará por tempo indeterminado, a sociedade desorganizada é uma barata-tonta e desconfiada, submetida ao pior tipo de inseticida: a carência de identidade própria, acentuada nestes tempos de redes sociais e pauta político-ideológica além fronteiras. 

Preparamos esta análise na abertura da 34ª  temporada consecutiva do melhor jornalismo regional do País. 

CapitalSocial, extensão da revista de papel LivreMercado, que circulou por 19 anos na região, é um ponto fora da curva na Imprensa regional. A doutrina de esmiuçar  fatos é característica especial sem concorrência. 

Por isso, não se poderia deixar correr solto o desempenho do PT Federal no Grande ABC. 

Uma trajetória iniciada com a eleição de Lula da Silva em 2002. E que prosseguiu com Lula da Silva em 2006 e também com Dilma Rousseff nas duas eleições seguintes. Até que Dilma Rousseff foi apeada por incompetência na gestão fiscal. Entre outras mazelas. 

Foram 14 anos de PT Federal que CapitalSocial acompanhou atentamente. E que prosseguirá nessa nova etapa. 

Em 2002, Lula eleito pela primeira vez, CapitalSocial (então também Livre Mercado) sapecou o título LULACÁ, URGENTE! na Reportagem de Capa. Quatro anos depois, reeleito, voltou CapitalSocial-LivreMercado com LULACÁ, DECIDIDAMENTE?. Agora é a vez de “LULACÁ, TRAGICAMENTE”.

Entre o primeiro mandato saudado por CapitalSocial-LivreMercado na esteira de oito anos de sofrimento regional com Fernando Henrique Cardoso em Brasília, e o tom dramático desta edição, existe profusão de dados e análises sobre o legado do PT Federal no Grande ABC. O saldo é extremamente negativo.

Mas não vamos tratar diretamente disso nesta edição especial. Deixaremos os números, principalmente os números, fora do foco principal. Trataremos, logo abaixo, de conceitos. Por isso dividimos essa análise em oito pontos:

 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO.

 MACROECONOMIA.

 MACROPOLÍTICA.

 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.

 RELAÇÕES INSTITUCIONAIS.

 REDES SOCIAIS.

 MOVIMENTO SINDICAL

 DERRETIMENTO SOCIAL.

Há variável interpretativa que precisa ser levada em conta quando se observa o título-chave desta análise. 

LULACÁ, TRAGICAMENTE? não pode ser levado ao pé-da-letra convencional, embora também não possa ser descartado sob esse ângulo. 

O diagnóstico que se segue deixa evidenciado que não há motivos para o Grande ABC acreditar que os 14 anos do PT Federal serão diferentes nos próximos quatro anos. 

Mais que isso: tendem a ser piores do que já o foram e que determinaram varredura desta revista digital em inúmeros textos.

Talvez fosse adequado aos leitores menos suscetíveis ao realismo histórico que o título fosse outro, amenizando a projeção. 

Que LULACÁ escolheria o leitor se antes de se definir pelo título deste trabalho contasse  com os ingredientes que serão registrados na sequência? 

Qualquer que fosse a escolha, seria inevitável que a semântica mais adocicada ganharia o corredor da morte interpretativo e se cristalizaria na configuração de uma tragédia sequencial. 

Sim, o LULACÁ, TRAGICAMENTE é uma série de horrores. O Grande ABC, outrora a Terra Prometida, mal se dá conta disso,  ou, pior ainda, dá-se conta mas não reage, há pelo menos três décadas. 

Coincidentemente, três décadas de curadoria crítica e independente de CapitalSocial. 

Portanto, sem mais delongas, seguem breves avaliações do Grande ABC para os próximos anos de Lula da Silva, os quais se juntam aos 14 anos do PT Federal e também aos oito anos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República. 

O Grande ABC sem eira nem beira é uma farsa de regionalidade. A soma das sete partes que o compõem são uma matemática de equívocos, preguiça e desperdícios desde que o aprofundamento da desindustrialização passou a desafiar a capacidade reativa de protagonistas e figurantes de uma confraria de fracassados institucionais. 

 

 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O Grande ABC apresenta tantas fissuras no tecido econômico que é praticamente impossível sair do buraco negro em que se meteu desde que a guerra fiscal dos anos 1990 e a abertura econômica pulverizaram o setor automotivo, antes um quase monopólio nacional. 

O que o governo federal petista poderia fazer para retirar o Grande ABC da enrascada? É melhor não esperar nada. Os 14 anos de experiência demonstraram que o distanciamento será automático. 

E nesse ponto como em alguns outros a situação interna do Grande ABC ajuda a entender a incompatibilidade de juntar a região ao governo federal. 

Afinal, se é incapaz de organizar-se internamente para definir um plano de voo, como pretender que o Estado faça o trabalho mesmo que assessoriamente?

Os dois mandatos de Luiz Marinho à frente da Prefeitura de São Bernardo, num período coincidente com os mandatos de Lula da Silva e Dilma Rousseff foram frustrantes. 

A derrocada econômica seguida de impeachment da presidente petista destruiu ou interrompeu série de projetos e obras que Luiz Marinho trouxe para São Bernardo. 

Tudo praticamente foi por água abaixo. Inclusive o ambicioso plano de fazer de São Bernardo um arranjo produtivo do setor de defesa, com a instalação de  empresa ligada à produção dos jatos suecos Gripem. 

Chegou-se a projetar cinco mil empregos diretos. Também constava da lista de investimentos empreendedores da área de gás e óleo, sob o embalo de ampliação da indústria naval brasileira. Mais uma frustração. 

Para que não continue a submergir economicamente, o Grande ABC do governo federal petista precisaria encontrar saída a dois desafios estruturais: evitar que o setor automotivo siga a rota do esvaziamento e injetar maior densidade às empresas de segunda geração do Polo Petroquímico de Capuava. 

O melhor é não esperar nada dessas duas fontes de riqueza. 

Primeiro porque o setor automotivo é indomável, rompe fronteiras nacionais e internacionais em busca de melhores resultados aos acionistas. 

Segundo porque o Polo Petroquímico de Capuava é integrado por empresas privadas que não têm obrigação de assumir estratégias de investimentos de terceiros. Nesse ponto, aliás, já o fazem mas dentro das regras convencionais do mercado, atraindo-as conforme estratégias próprias.

Não há nada no horizonte que instigue a imaginação de que será possível mudar o roteiro que parece indelevelmente definido. 

O Grande ABC pode obter do governo federal algum tipo de contribuição, mas nada será substantivo num País em que as demandas regionais são um turbilhão desafiador à escassez de recursos dos cofres públicos, comprometidos em mais de 95% com despesas obrigatórias. E a farra do boi dos tempos petistas do BNDES de juros negativos já não tem vez. 

Dessa forma, não resta muita saída ao Grande ABC na relação com o governo federal. 

Fossem outros tempos, tempos de farta distribuição de recursos orçamentários e de financiamentos sem cuidados,  o Grande ABC até que poderia sonhar com espécie de Plano Marshall, mas isso hoje é extravagância imaginativa. 

Não há dinheiro disponível e tampouco agentes públicos interessados em ajudar o Grande ABC a sair da pasmaceira econômica. 

A orfandade industrial, que já se traduziu em perda de musculatura tanto de Santo André como de São Caetano nos últimos 30 anos, também avança sobre São Bernardo e Diadema. E não dá sinais de arrefecer. 

O último grande saque do Grande ABC aos cofres federais tem nome, sobrenome e desperdício de recursos públicos permanente, aprovado que foi durante o primeiro mandato do governo Lula da Silva e sua sede por estabelecer recorde de criação de unidades do setor: Universidade Federal do Grande ABC. 

 

 MACROECONOMIA

Um dos erros que pode ser fatal para a gestão de Lula da Silva nos próximos tempos e que afetaria demais o Grande ABC no campo econômico é imaginar que os anos dourados de commodities que abasteceram a China e o entorno asiático vão se repetir. 

Mais que isso também: que será possível imaginar o setor automotivo multiplicador de investimentos e empregos na região, como o foram durante parte dos 14 anos de PT Federal.

Viveu-se espécie de sincronia do caos, porque foi justamente nesse período que o Grande ABC deste século registrou os melhores e piores indicadores  quantitativos de produção e também os piores resultados na força de trabalho  do setor.

Viver sob efeitos de loopings econômicos temporários é variável insustentável. 

O Grande ABC de alguns anos fluviais de crescimento artificial sob a liderança nacional de Lula da Silva, especialmente no segundo mandato, não existe mesmo. O que veio depois, quando Dilma Rousseff pagou o pato, é o mais próximo da realidade.

Os efeitos deletérios da guerra entre Rússia e Ucrânia nem entram na contabilidade projetada para os próximos tempos, embora tenham muita influência na cadeia de produção mundial, da qual o Brasil faz parte sem tanta importância no território do Grande ABC. 

Relevante mesmo é que a China está parcialmente nocauteada como fonte industrializadora de importações. A China não é mais a mesma. 

O crescimento médio de dois dígitos nos últimos 40 anos virou passado. 

No presente, que deve se prolongar por alguns pares de anos, o PIB médio já está contratado. E não ultrapassará níveis europeus e norte-americanos. 

Neste ano, por exemplo, consultorias internacionais colocam nos registros da China não mais que 3,5% de crescimento do PIB. 

O Coronavírus, natural da China, vai e volta para atormentar indicadores econômicos locais. 

A ditadura chinesa já fez de tudo para mostrar ao mundo que sabe lidar com a pandemia. Os resultados reforçam constatações de que o Coronavírus é exímio driblador de expectativas, estudos e análises. 

Os fanáticos por qualquer versão resolutiva cansam de errar. 

O efeito-sanfona na economia chinesa provocado por medidas de contenção e distensão dos estragos do Coronavírus, deixa as autoridades políticas e sanitárias à flor da pele.

A produção industrial desabou e os investimento subsidiados no mercado imobiliário deram com os burros nágua. Grandes conglomerados abriram o bico. A indústria imobiliária representa 25% do PIB na China. A inadimplência financeira exigiu intervenções do Estado, o que elevou o déficit público. 

Não se pode esquecer que o mercado imobiliário nos anos dourados de Lula da Silva também foi inflado com investimentos públicos muito além do equilíbrio entre oferta e demanda. 

Mais tarde, os bancos privados, financiadores do setor, transformaram-se em grandes imobiliárias. Dezenas de milhares de imóveis voltaram aos financiadores.  

A inadimplência atingiu números estratosféricos. Mas a contabilidade do PIB do período foi mantida. PIB é uma métrica que nem sempre detalha resultados práticos. O governo Dilma Rousseff pegou essa herança maldita. 

Com menos recursos financeiros da China, em contraste, portanto, com os anos dourados de Lula da Silva (e os anos de terror com Dilma Rousseff) haverá pouco espaço para políticas protetivas a setores estratégicos do País. 

E as montadoras de veículos, sempre na linha de proteção dos petistas, não terão fôlego suficiente para suportar artificialmente o estoque de empregos no Grande ABC, comprovadamente o mais custoso na planilha das empresas por conta da atuação histórica do movimento sindical.

Movido à indústria automotiva, com São Bernardo, Diadema e São Caetano mais diretamente sensíveis, o Grande ABC  somará novos reveses nos próximos anos. 

A queda do PIB Industrial da região tem insistido em apontar resultados negativos. Não há expectativa que resista à lógica de quebra gradual da manufatura.

A indústria de transformação do Grande ABC ainda ocupa 22% do PIB Geral e tudo indica que seguirá em declínio, aproximando-se cada vez mais da média nacional de apenas 10%. 

Não se deve duvidar dessa trajetória quando se sabe que em 40 anos desceu vertiginosamente. Eram mais de 50% no começo dos anos 1970. 

A queda não tem sido apenas frente a outros endereços que cresceram mais. Também é uma queda em produção absoluta, ou seja, quando se comparam os resultados locais com os resultados locais. 

São Bernardo, Capital Econômica da região, é quem mais sofre com perdas relativas e absolutas. Ainda tem musculatura invejável, mas o esgotamento seguirá. 

Não por outra razão, São Bernardo foi quem mais sofreu durante os 14 anos do PT Federal. São Bernardo é uma terra automotiva tangida pelo sindicalismo. Investimentos das empresas locais são sempre repensados. E a atração de novas empresas é um parto frustrado. 

 

 MACROPOLÍTICA

A subalternidade do Grande ABC no mapa político nacional é fator senão de impedimento mas inibidor à sensibilização de autoridades de alto calibre na busca por resultados. O apadrinhamento de Lula da Silva não é suficiente. Como não o foi anteriormente. Sem Lula é muito pior, claro.

O cruzamento de política e economia no sentido mais amplo das duas especialidades não favorece a região. A região tem baixo peso no enxadrismo eleitoral e, pior ainda,  no despertar da mídia de grosso calibre. 

A representatividade política no País, moldada no Regime Militar, não contemplou o Grande ABC como território especial. Diferentemente disso: estamos a reboque da Capital. Somos uma peça pouco importante do mosaico de empoderamento dos territórios.

Os quatro deputados estaduais que representarão a região em Brasília são andorinhas que não fazem verão quando cotejados com a magnitude nacional. 

O Grande ABC sabe que existe um vácuo profundo que combina um binário quase desanimador. 

Na mesma medida que não tem voz política numa  Câmara de Deputados e muito menos no Senado, as empreitadas para obter recompensas econômicas por causa do peso fiscal que arrecada para a União se diluem. Ficamos apenas com migalhas.

Está certo que esse bloco de concreto multifacetado e impermeável às perspectivas de o Grande ABC contar com o Estado como parceiro influente em determinadas iniciativas não é um capítulo que não comporte exceção. 

A UFABC (Universidade Federal do Grande ABC) é prova disso, influenciada na instalação pelos petistas locais da primeira década deste século.

Uma vitória de Pirro, como se sabe. A UFABC está no Grande ABC mas não conta com partituras que favoreçam um musical construtivo de competitividade econômica. 

A macropolítica nacional pode mais uma vez contar com alguns reforços de agentes políticos petistas com histórico de atuação no Grande ABC, mas disputas internas, ou seja, entre os deputados e senadores de várias agremiações, diluem a expectativa de que o filtro de investimentos deixe de ser o que já foi no passado recente, ou seja, muito restritivo. 

Não passa pela seletividade natural de concorrências no seio situacionista e oposicionista algo que poderia favorecer politicamente o Grande ABC só porque o Grande ABC é o berço político de Lula da Silva. 

A experiência dos 14 anos em Brasília prova que o Grande ABC de perto de 2% do PIB Nacional tem exatamente esse tamanho de prioridades na escala de valores de investimentos públicos federais. 

É nesse ponto que fragilidades institucionais do Grande ABC precisam ser atentamente levadas em conta. 

Enquanto não houver sincronia entre demandas econômicas e sociais e organização coletiva de agentes públicos e privados locais, mais as dificuldades se acentuarão. 

O peso relativo de cada espaço nacional em Brasília é a moeda de troca de ações governamentais. 

Estados da Federação muito menos poderosos economicamente que o Grande ABC, mesmo um Grande ABC em continuado processo de esvaziamento, são Estados mais prestigiados no cronograma de atendimentos do governo federal.

Afinal, esses espaços territoriais têm mais força na distribuição de representantes eleitos pelo povo. A representatividade política do Brasil não segue critérios demográficos nem econômicos. Estados do Norte e Nordeste valem muito mais que o Grande ABC inserido no mapa do Estado de São Paulo.

Essa é uma verdade que precisa ser levada em conta como missão básica à reorganização das relações do Grande ABC junto ao Poder Federal. 

O petismo por si só não responde ao necessário respaldo a uma região avermelhada que, mais uma vez nas últimas eleições, deu vitória a Lula da Silva. 

 

 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

É muito difícil dar corda a eventual entusiasmo que colocaria o governo federal de Lula da Silva como âncora de questões econômicas viscerais do Grande ABC. 

Traduzindo a equação: quem acredita que haveria no cronograma mesmo que informal do governo federal geneticamente relacionado ao Grande ABC um dispositivo que tornasse ação para valer a construção do que poderia ser chamado de Planejamento Estratégico Regional, há tanto tempo defendido por este jornalista?

Se durante os 14 anos do PT no governo federal com Lula da Silva e Dilma Rousseff, período no qual regionalmente se destacou o sindicalista Luiz Marinho, também ex-sindicalista, nada de efetivo se alterou positivamente no Grande ABC, o que esperar agora que a situação está fortemente danificada?

Não se pode jogar para escanteio dois fatos correlacionados: Luiz Marinho elegeu-se prefeito de São Bernardo em dois mandatos e, também, presidiu o Clube do Prefeitos, oficialmente Consórcio Intermunicipal.

Qual é o rumo econômico que o Grande ABC deveria tomar com a volta de Lula da Silva ao governo federal?

Nos 14 anos já vividos, desperdiçou-se muito tempo. O que poderia ser chamado de maior exemplo de desprezo à região está na Avenida dos Estados (e também em São Bernardo), no formato da Universidade Federal do Grande ABC (UFABC). A instituição custa aos cofres federais perto de R$ 500 milhões a cada temporada. Esse dinheiro está debitado na rubrica regional. 

A UFABC foi supostamente a maior conquista do Grande ABC junto ao governo federal de Lula da Silva, inaugurada em 2006. 

Mas a UFABC é um descarte regional no sentido competitivo da expressão. 

Embora não faltassem alertas e propostas factíveis de que devesse se tornar o braço principal de uma estratégia de adensamento de produção e emprego do Polo Petroquímico, com políticas produtivas locais, a UFABC não passa de templo acadêmico exibicionista.  

O histórico da UFABC é digno de nota zero vezes zero no componente econômico, de competitividade, de inserção social com a criação de riqueza numa região decadente. São desconhecidos os tentáculos que ligaria a UFABC ao tecido produtivo do Grande ABC. Uma ou outra incursão nos últimos anos não faz diferença efetiva. 

A realidade é que a UFABC jamais se lançou a um patamar mínimo de preocupação, atenção e ação no Grande ABC econômico. E jamais foi exigida a tanto pela confraria institucional de organizações públicas, sociais e empresariais igualmente desatentas. 

A vertente acadêmica no sentido de produção de estudos em geral para fins extracampo de competitividade econômica prevalece. 

No ranking nacional de inserção econômica, ou seja, de proximidade e de execução de ações que se transformem em geração de riqueza da região, a UFABC não existe. 

E mesmo em ranqueamentos que desprezam a relevância de que academia e geração de riqueza produtiva são aliados, a instituição ainda está distante dos primeiros postos no âmbito nacional, e perdida nas últimas filas nos rankings internacionais. 

É muito difícil enxergar resultados diferentes no futuro quando o passado recente indica que falta aptidão, vontade, determinação, vocação e pragmatismo ao comando da UFABC para entender que está no Grande ABC não apenas como barriga de aluguel acadêmico, como bem definiu Valmor Bolan, um especialista em Ensino Superior. 

A UFABC é apenas uma marca que carrega as iniciais da região. Contraditoriamente, está pedagogicamente e curricularmente preocupada em desfilar em passarelas internacionais que apontam trabalhos teóricos sem comprometimento com resultados práticos.  

A aversão ao capitalismo, vezo da maioria das instituições de Ensino Superior no Brasil, notadamente as mantidas com dinheiros públicos, é metástase de difícil reparação. 

O poder de fogo da UFABC geraria efetivos ganhos institucionais na área educacional, voltada ao dinamismo econômico. Para isso é preciso sair do casulo acadêmico e juntar forças com outras instituições do gênero, públicas e privadas. 

Essa é uma promessa que se repete a cada temporada, seguida de frustração. A inação é companhia permanente entre o prometido e o alcançado.  

Esperar que representações do setor privado tão pulverizado quanto em regime de sobrevivência, e o Poder Púbico Municipal, divididíssimo, tratem de Planejamento Econômico Regional, é muita ingenuidade. Mas não custa insistir. 

 

 RELAÇÕES INSTITUCIONAIS 

É muito pouco provável mas nem por isso completamente descartável que o Grande ABC estabeleça relações institucionais com o governo federal no terceiro mandato de Lula da Silva e no quinto mandato do PT em Brasília. 

Entretanto, surge uma questão inescapável: como acreditar que relações entre administrações locais conjugadas no mesmo esforço de direcionamento regional encontrem fluxo nas águas do governo federal se o Clube dos Prefeitos foi para o beleleu com a retirada de três (São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires) da direção colegiada?

Pior que isso: se durante os 14 anos de PT Federal o Grande ABC praticamente esgotou toda a paciência e confiança dos crédulos ao não se alinhar a propósitos específicos regionais com Lula da Silva e Dilma Rousseff, o que esperar agora, nos próximos quatro anos, quando se sabe que o governo federal acrescentou debilidades fiscais e político-partidárias que limitam muitas ações públicas?

É possível que mais uma vez, de acordo com humores e horrores de ocasião, sejam vendidas informações de que o Grande ABC estaria mais próximo do governo federal na definição e na aplicação de medidas corretivas. 

Tudo, até prova em contrário, não passará de marketing.

A quebra de uma unicidade institucional incapaz de produzir frutos coletivos para a região talvez seja até uma boa notícia e incremente perspectivas menos tormentosas.  

A contradição seria explicada ante a possibilidade de, na medida em que ninguém esperaria ou se dedicaria para valer  a ações conjuntas envolvendo os sete municipais, todos os sete dirigentes municipais, individualmente ou mesmo em outros formatos, menos de coletivo total, decidam procurar instâncias federais para resolverem  demandas.

É claro que o individualismo pragmático e outros arranjos parceiros são companhias imperfeitas ao coletivismo planejado, mas possivelmente não restaria outra saída. 

Em casa que falta pão, todos gritam e ninguém tem razão. 

Esperar que o governo federal indique espécie de relações institucionais apetrechado para cuidar dos interesses coletivos do Grande ABC, ultrapassando a barreira do municipalismo que restou, é confiar demais no improvável. Já se tentou isso antes, em nível estadual, e nada se alcançou.

Afinal, se com todo arranjo do Clube dos Prefeitos, mal das pernas, é verdade, mas publicamente uma concertação regional, praticamente nada se avançou em governabilidade durante os 14 anos do PT Federal no Grande ABC do passado, como acreditar que agora, rompida oficialmente a hipocrisia do coletivo, se dê algo diferente?

A raiz dos transtornos e decepções do Grande ABC durante os quatro mandatos do PT em Brasília, e que provavelmente se repetiria agora, está na ausência de um regionalista para valer. 

Que tipo de regionalista seria esse? Um regionalista com autoridade inabalável, prestígio, obras feitas, legado entusiástico. 

Esse regionalista, que seria ministro do Planejamento do primeiro governo de Lula da Silva, foi assassinado em janeiro de 2002. 

Celso Daniel, uma vertente acadêmica mais bem acabada do petismo trabalhista, professor da Fundação Getúlio Vargas, triprefeito de uma Santo André em busca de saída econômica, faz muita falta à região e ao PT Federal. 

Para que impere uma relação mais estreita entre o Grande ABC e o governo federal petista, é preciso descobrir um novo Celso Daniel. 

A má notícia é que o Celso Daniel esperado, bem acabado, inquestionável na arte de aproximar empresários e trabalhadores, acadêmicos e lideranças sociais, esse Celso Daniel não existe na praça regional. 

Luiz Marinho poderia ter desempenhado parte desse papel durante pelo menos os oito anos em que foi prefeito de São Bernardo. 

Até porque contava com vários auxiliares que também atuaram ao lado de Celso Daniel. 

Mas Luiz Marinho é um político e administrador de estilo diferente. Nada, entretanto, que não pudesse ser adaptado. 

Luiz Marinho sempre preferiu prefeiturar no sentido municipalista do termo. 

Durante o período em que ocupou a presidência do Clube dos Prefeitos, Luiz Marinho  foi quem mais se aproximou do legado cultural de regionalismo de Celso Daniel, mesmo com outro estilo de gestão. 

Mas exagerou na dose ao centralizar ações em representantes da vertente sindicalista, em detrimento de empreendedores. 

Luiz Marinho valorizou a organização inclusive com dotações orçamentárias municipais mais compatíveis com as exigências impostas pela regionalidade. 

Entretanto,  perdeu-se na definição de perpetuar um modelo diretivo. Não promoveu alterações estatutárias que, entre outras medidas, colocassem representantes da sociedade como peças importantes na definição de projetos. 

Essa era uma das pretensões de Celso Daniel, que enfrentava dificuldade para levar adiante. O Clube dos Prefeitos é uma instância de exclusivismos dos chefes do Executivos. 

 

 REDES SOCIAIS

Por mais que faça como presidente da República  -- hipótese pouco provável e advertência que deve ser repetida para que não se criem falsas expectativas  -- por mais que venha a acertar mais que errar, o governo Lula da Silva tem tudo para quebrar a cara se tiver como referência de sucesso popular os dois mandatos anteriores. 

Quando deixou o Palácio do Planalto ao fim do segundo mandato, Lula da Silva foi proclamado sucesso de público e bilheteria por mais de 80% dos brasileiros. 

As redes sociais se massificaram e mudaram o giro da roda da comunicação. A Velha Imprensa já não tem o monopólio de informação, conceitos e definição do que é certo e do que é errado.

Acabou, portanto, o jogo midiático das grandes companhias de comunicação, compulsórias às benesses do governo de plantão quando o governo de plantão usava dispositivos publicitários para reduzir a carga de cobranças. 

As redes sociais entraram para valer no jogo do poder federal em escala muito superior ao que se dá ainda nas áreas estaduais e municipais. 

É praticamente impossível a um Jornal Nacional, por exemplo, doutrinar os eleitores e a sociedade em geral como antes. 

Uma pesquisa independente que revelasse como os brasileiros  avaliam  a Rede Globo de Televisão, e especialmente o Jornal Nacional, dono da audiência no País, seria uma catástrofe. Haveria certa similaridade com o conceito de que goza o Supremo Tribunal Federal.

O escrutínio muitas vezes irresponsável mas também muitas vezes providencial das redes sociais não pediu licença para entrar no jogo da captura da opinião pública. Entrou no jogo para valer e sem limites que a democracia do direito à liberdade de expressão exige. 

O peso da idade, que o torna caricatura do mago das palavras, dos gestos, da entonação, da teatralidade de político de massas, sobrecarrega a dificuldade de Lula da Silva ajeitar-se no lombo de um animal chamado opinião pública, antes doce escravo do talento para comandar o País, depois de levar à loucura trabalhadores nos tempos de liderança sindical. 

Que Lula da Silva não espere encontrar um terreno que não seja inóspito, independentemente do desempenho como presidente. O Brasil está partido e repartido. E Lula da Silva não pode atribuir a terceiros a paternidade de uma de suas marcas registradas, e que apenas foi intensificada nos tempos de novas tecnologias portáteis. O Brasil dividido entre “nós e eles” é uma patente de Lula da Silva sindicalista e presidente da República de dois mandatos. 

Não haverá dinheiro suficiente dos cofres públicos para reenquadrar o controle da opinião pública. O Brasil da polaridade política e ideológica veio para ficar. 

 

 MOVIMENTO SINDICAL

A reforma trabalhista aprovada durante o governo-tampão de Michel Temer e assimilada pelo mercado no governo Jair Bolsonaro reduziu drasticamente  o poder do sindicalismo do Grande ABC, entre tantos. 

O fim do imposto sindical impactou duramente os cofres sindicais, uma máquina de produzir ações de lideranças que até então não tinham ideia do quanto custaria ir à luta para amealhar recursos. 

O fim da farra do boi com a massa de dinheiro descontado dos salários de todos os trabalhadores formais uma vez por ano asfixiou as finanças de cúpulas trabalhistas.

Até que ponto o retorno de Lula da Silva à presidência da República e sobretudo de Luiz Marinho ao Ministério do Trabalho vai influenciar o ânimo dos trabalhadores industriais do Grande ABC? 

Essa questão é importante porque  a região passou maus bocados com o radicalismo sindical, contraface do azedume entre capital e trabalho que o então sindicalista Lula da Silva destilou no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. 

A trajetória edulcorada do movimento sindical é uma visão parcial e enviesada de um Grande ABC que sofreu e ainda sofre consequências dos embates históricos. 

A dignidade dos trabalhadores de chão de fábrica (e avessos aos engravatados das áreas de administração em forma de “nós contra eles”) jamais deixou de estar acompanhada de conteúdo político-ideológico. A romantização do movimento sindical é conversa mole de espertos para boi dormir de ingenuidade. 

Seria uma tremenda bobagem sugerir que o sindicalismo do Grande ABC tenha sido diferente de outros lugares no mundo quando, além de especificidades locais,  sempre subsistia, ou imperava, a chamada luta de classes. 

Resta saber qual será o poder de transformação ambiental que representaria a volta de Lula da Silva e a nomeação de Luiz Marinho, sindicalista de linha mais moderado que dirigiu a Prefeitura de São Bernardo em dois mandatos.

Seria tolice recomendar que é perda de tempo procurar pelo de beligerância em casca de ovo de pacificação? 

Ou o mais ajuizado mesmo é que, a depender de determinadas circunstâncias,  o recrudescimento de disputas entre capital e trabalho na região seja reinstalado, mesmo que com ações inovadores e eventualmente menos perceptíveis?

Falta no Grande ABC e no Brasil como um todo tomar a temperatura das relações internas, nas fábricas, entre capital e trabalho. Algo que capture o real estágio de interações e rupturas que envolvem empresas e trabalhadores no conjunto de um determinado endereço municipal ou regional. 

Até que ponto há avanços produtivos e compartilhados? Até onde iria a linha divisória de antagonismos irrefreáveis e eventuais desejos de evolução entre as partes em interações positivas para o todo da sociedade?

É mais que provável que as grandes e médias empresas que comportam sindicalistas tenham a realidade sob controle, com mecanismos de medição sujeitos a arranjos e rearranjos. 

O sindicalismo explícito nas ruas como em outros tempos em que a Rodovia Anchieta se transformava em passarela mais visível de reivindicações há muito perdeu a magnitude. 

A concorrência que atingiu duramente o setor produtivo do Grande ABC não só fez o sindicalismo mais radical medir os passos como não evitou deserções estelares. O caso da retirada da Ford em São Bernardo é o mais emblemático.  

Qual seria a mágica que o ex-sindicalista e agora ministro Luiz Marinho teria preparado para dar novo fôlego aos trabalhadores industriais?

Qualquer situação que procure valorizar o passe de industriários precisaria ser bem calibrada. O tiro de reivindicações não poderia sair pela culatra de novas evasões do Grande ABC. 

No passado de glórias sindicais,  trabalhadores de montadoras e autopeças, principalmente, contavam com a aprovação de pautas de custos que as empresas repassavam aos preços de produtos. 

O fim do processo inflacionário tornou o repasse menos intenso. Multiplicaram-se  unidades industriais do setor metalúrgico. O mapa das montadoras e das autopeças foi redesenhado. O Grande ABC perdeu força. 

Milhares de postos industriais foram decepados em forma de aplicação de novas tecnologia,  redução  ou deserção de plantas industriais. 

A questão central que se lança aos próximos tempos é saber até que ponto os investimentos industriais no Grande ABC teriam fluxo de normalidade ou mesmo incremento quando se encontra na ponta principal do processo um presidente da República e um ministro do Trabalho egressos do sindicalismo cutista. 

Quando se traça uma linha divisória entre o passado de aumento da carga fiscal do governo federal e benesses a diferentes categorias profissionais e organizações empresariais e o presente de escassez de recursos públicos, acrescentando-se permanente fiscalização de redes sociais, o futuro próximo do Grande ABC na área trabalhista parece fadado a seguir a linha da competitividade econômica sem paternalismos. 

A tradução dessa equação em termos práticos é que eventuais ações seletivas terão preço salgado. Afinal, a conta da competitividade sempre chega. 

Haja vista, por exemplo, os rescaldos da gastança de Lula da Silva que afloraram nos anos seguintes do governo de Dilma Rousseff. 

O Grande ABC que ganhara milhares de trabalhadores industriais perdeu também milhares. No balanço geral o déficit prevaleceu. Não perdemos 20% do PIB Geral nos dois anos de Dilma Rousseff por acaso.

 

 DERRETIMENTO SOCIAL

Se você vive no mundo da lua do passado de alheamento e acredita que o Grande ABC é no presente o que já foi na virada do século e, pior que isso, um pouco antes, no começo dos anos 1990, trate de acordar. 

O derretimento socioeconômico do Grande ABC é um dos fenômenos mais disponíveis a estudos de especialistas que pretendem averiguar como é possível sair do céu diretamente para o inferno. Ou quase isso.

A cara econômica do Grande ABC é cada vez mais parecida com a cara econômica do Brasil. Quer pior notícia do que essa? 

Há uma ferramenta implacável que afere anualmente a situação econômica do Grande ABC com base em dados oficiais. 

Têm-se a divisão por classes econômicas e os respectivos potenciais econômicos. Em linhas gerais, é o PIB do Consumo, métrica correlata ao PIB Convencional.

A diferença entre um e outro é que um ludibria o distinto público e o outro é difícil de aplicar golpe. 

O PIB Convencional mede o tamanho da produção de riqueza dos municípios. Tudo que gera transformação de valor é alcançado pelo PIB Convencional. 

O PIB de Consumo é o que cada morador de um determinado Município tem para gastar numa determinada temporada. Trabalhe na própria cidade ou não.

Isso quer dizer que o PIB de Consumo aponta com precisão menos realista o comportamento econômico de cada morador com base em dados do próprio domicilio. 

Ou seja: o PIB de Consumo dá um drible da vaca no esvaziamento ou no crescimento econômico. Mas nem por isso deixa de ser interessante observar com total atenção.

O PIB de Consumo do Grande ABC, quer por Município, quer em forma de região, é um permanente desastre. 

Nem mesmo em termos absolutos consegue respirar avanço. Em termos relativos, então, é um fracasso atrás do outro.

Em termos relativos, para se ter ideia do que houve ao longo dos tempos,  em 1999, antes da virada do século, o PIB de Consumo do Grande ABC por habitante representava 3,09% de tudo que se consumia no País. Ou seja: de cada R$ 100,00 disponíveis para gastar, R$ 3,09 tinham como endereço os moradores da região. Já no ano passado o valor disponível era de R$ 1,75%. 

Perda relativa acompanhada de perda absoluta é dupla tragédia. Pois no mesmo período o PIB de Consumo Per Capita do Grande ABC perdeu fôlego ante o PIB de Consumo Per Capita nacional: a velocidade favorável aos números nacionais é 25,43% superior. 

O PIB de Consumo nominal (sem consideração a inflação do período) da região cresceu no período  4,86 vezes. Já o PIB de Consumo nacional avançou 7,52%.

O empobrecimento regional é visível. A mobilidade social está cada vez mais enferrujada. 

Tornou-se muito mais difícil miserável virar pobre, pobre virar classe média baixa, classe média baixa virar classe média tradicional e classe média tradicional virar rico. O reverso é muito mais provável.

Tanto é mais provável que o universo relativo e absoluto de ricos e classe média no Grande ABC decresceu em relação aos últimos anos do século passado, no primeiro caso em números absolutos e relativos, no segundo caso em números relativos e em alguns casos municipais também absolutos.

São cada vez menos numerosas as famílias de classe rica e de classe média tradicional. 

A chamada nova classe média, que não passa de engodo dos poucos anos dourados de Lula da Silva no poder, mal respira para não invadir a área de pobres e miseráveis. 

É esse Grande ABC forrado de vácuos institucionais, endereço fajuto de regionalidade, que perde o viço socioeconômico. 

Com quase três milhões de habitantes, o Grande ABC é o corredor preferido de investimentos na área comercial e de serviços de baixa remuneração. 

Entretanto, empresas que agregam valor aos produtos seguem tensionadas pelo ambiente nacional e internacional por competitividade e batem asas. 

Duas décadas passam rapidamente, como quatro décadas passaram desde que o Grande ABC conheceu o inferno da quebra da mobilidade social. 

Não é nada improvável que antes de a metade do século chegar, os números do Grande ABC na distribuição e na consolidação de perfil econômico dos moradores rivalizem mais de perto com a média nacional. 

No ano passado, o PIB de Consumo médio do Brasil equivalia a 75,48% do PIB de Consumo do Grande ABC. Um salto de 16,64 pontos percentuais no período de 23 anos. E vai-se convergindo a um empate-derrota. Afinal, representar a média nacional é o fim da picada para um território que já foi idolatrado como Terra Sagrada do Capitalismo.



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